A primeira vez que ouvi falar sobre Fúria Vermelha foi no vídeo da Tashapolis em que ela falava sobre o autor jovem adulto mais bonito do mundo, no caso o Pierce Brown (e ela está completamente certa, por sinal!). Mas apesar de ter me interessado pelo livro ele não entrou de primeira como uma das minhas prioridades. Foi só depois, quando todo mundo resolveu falar sobre ele que eu comecei a cogitar de verdade a leitura. Mas não vou me mentir que o que me levou de verdade a ler Fúria Vermelha foi a sua comparação com Jogos Vorazes e Guerra dos Tronos. Sério, como isso não poderia ser bom?

Eu posso resumir o livro em apenas uma palavra: inesperado. É insano como a estória dá voltas e voltas e se torna algo completamente diferente daquilo que você esperava. O livro me começou de uma maneira e eu acreditei que o enredo seguiria para uma determinada direção, mas aí a estória acabou tomando um rumo super diferente e inesperado e quando você acreditava que já tinha entendido mais ou menos para onde tudo estava caminhando tudo mudou de novo e mais de metade do livro foi algo que você nunca, NUNCA, esperaria que seria pela sinopse e pelas minhas cem páginas. Tanto que no começo eu não estada lá encontrando essa tal semelhanças com as duas sagas, mas quando a estória toma o seu verdadeiro formato tudo faz sentido!

E por isso é muito difícil falar sobre o que a estória fala, já que eu não posso realmente dizer para vocês as suas características principais porque seriam spoilers. 

Da forma mais simples possível, o livro se passa no futuro onde os seres humanos estão tentando colonizar os planetas e as luas do sistema solar e a sociedade é divida por um sistema de cores onde os Ouros governam e os Vermelhos são a base da pirâmide social. Darrow é um vermelho, que mora e trabalha nos túneis subterrâneos de Marte. Ele é um Mergulhador-do-inferno, que opera as máquinas de extração de hélio-3 (necessário para tornar a superfície de Mate habitável) nas partes mais profundas, enfrentando um calor insuportável e tendo que ser ágil, rápido e inteligente. Darrow, apesar de todo seu desgaste, esforço e condições difíceis, sempre teve muito orgulho do que fazia, de fazer algo que possibilitaria um futuro melhor para os seres humanos. Mas é quando ele descobre que tudo que ele sempre acreditou não é exatamente verdade que as coisas mudam. 

É surpreende perceber, aos poucos, a maestria com que o Pierce Brown criou esse mundo e essa realidade completamente nova. Além de ser super interessante e diferente, ela é pensada em cada um dos seus mínimos detalhes. Conforme as páginas vão passando você vai descobrindo mais e mais sobre cada um dos fatores que constroem essa sociedade e, de verdade, eu não consigo entender como alguém consegue pensar em tanto detalhes! É simplesmente incrível essa realidade criada pelo autor e toda a sua complexidade. 

Mas, por outro lado, o meu grande problema com Fúria Vermelha é que o livro é uma leitura cansativa. O Pierce Brown tem uma narrativa muito boa, mas repleta - repleta mesmo - de descrições. Não que elas não sejam necessárias, porque para o tipo de estória que o livro conta elas são sim, mas ainda deixam a leitura muita pesada. É que é muita descrição, muitos personagens, muitos detalhes para se aprender e muitas reviravoltas. Esse é aquele tipo de livro em que você tem que ler um pouco, parar, digerir, fazer outra coisa e aí então voltar para ele. Mas, apesar de lenta, é uma leitura que vale apena.

Só queria fazer um adendo aqui para a edição. Todo o visual do livro é muito bonito - a capa, o mapa do começo, a cor preta da capa interna, etc -, mas a minha edição veio com as páginas descolando/descosturando, o que eu acho uma grande falta de respeito para quem paga caro pelo livro. Mandei uma reclamação para a editora e, infelizmente, até agora não obtive nem mesmo um pedido de desculpas.  

Como um todo eu gostei muito de Fúria Vermelha, apesar de ter me enganado muito bem e seguido por um rumo que eu não esperava, a estória é extremamente bem construída e bem pensada, além de prometer muito que o que vem a seguir nos próximos dois livros será épico! Não é um tipo de livro para todo mundo, mas tenho certeza de que quem gostou de Jogos Vorazes e não se importa com um leitura mais pesada e séria vai com certeza amar o mundo de Red Rising.

Suamos e rimos e tentamos esquecer a raiva. Crescemos juntos, e agora somos adultos. Nos olhos dela, vejo meu coração. Na respiração dela, ouço minha alma. Ela é minha terra. Ela é minha família. Meu amor. 

Deuses, na vida real, não descem para fazer justiça. Os poderosos fazem isso. É isso que eles estão nos ensinando, não apenas a dor de se conquistar o poder, mas o desespero que surge por não tê-lo, o desespero que surge quando você não é um Ouro.