Os vampiros são, talvez, os seres fictícios mais retratados em livros, séries e filmes, recentemente ainda mais após o bum causado pela série Crepúsculo. A série Dracula, da NBC, que estreou em Outubro do ano passado é uma releitura da estória Bram Stoker e traz de volta uma das figuras mais lendárias da ficção: o Drácula.

Nessa nova versão, Drácula chega a Londres como Alexander Grayson, um americano rico com ideias visionárias para época que busca uma nova alternativa para a produção de eletricidade. Porém tudo isso se resume a um plano para acabar com ordem antiga e poderosa que, a séculos atrás, destruiu a vida como conhecia e o transformou na criatura que é hoje. Uma combinação de ciência, força sobrenatural e acordos políticos destinados a combater a organização que manipula tudo e todos a sua volta. 

A primeira vez que eu me lembro de ver o Jonathan Rhys Meyers atuar foi como Valentim no filme de Cidade dos Ossos e, sinceramente, não fiquei nenhum um pouco satisfeita com o que vi, ele pareceu caricato demais para mim. Isso não muda na sua interpretação do Drácula, ele é extremamente teatral chegando a ser exagerado demais em diversos momentos, mas, o interessante, é que, para mim, isso funciona na série. Toda a intensidade e todo o exagero usado por Meyers combinam com o personagem perturbado que ele interpreta. Eu me senti atraída pelo personagem, ele tem uma magnetismo e que atrai tanto os outros personagens da série como também quem está assistindo a tal ponto que, mesmo com suas demonstrações de loucura, eu me vi torcendo por ele.

Sendo totalmente sincera, se eu assistisse o primeiro episódio assim que foi lançado e não tivesse os próximos disponíveis eu, provavelmente, teria abandonado a série. Eu me senti totalmente perdida durante o piloto, não se foi porque eu confundia os personagens ou por, simplesmente, não conseguir acompanhar o raciocínio da série então, como disse, não sei o que faria se não tivesse o segundo já disponível para assistir e responder minhas milhares de perguntas. O problema é que, após sete episódios, eu ainda me sinto um pouco confusa em alguns momentos, o que me faz acreditar que o problema está no próprio enredo que consegue fazer o telespectador se perder no meio de todos os acontecimentos.

O maior defeito da série é que ela não decide o caminho que quer seguir. Os roteiristas apostam um pouco no sobrenatural, um pouco no romance, um pouco na ficção científica e um pouco na disputa política, mas sem nunca seguir um rumo sólido. E o que mais perde em tudo isso é justamente a parte que tinha tudo para ser a mais interessante: o sobrenatural. O Drácula é a figura mais lendária da ficção, um personagem cruel e perturbador que pode render muito, mas muito material para qualquer série ou filme, só que esse é o ponto mais esquecido pelo enredo. O fato do Grayson ser um vampiro é muitas vezes deixado de lado, falta exploração, falta destaque e, até mesmo, um pouco mais de respeito com a criatura que resolveram usar como protagonista.

Mas existem motivos pelos quais, apesar de seus defeitos, eu fiquei viciada na série. O maior deles é que ela consegue absorver o telespectador completamente, sempre que assisto a minha atenção é totalmente capturada pela estória e eu me envolvo tanto que é difícil acreditar que série tenha 42 minutos, e não somente 20. Muito disso se deve ao clima sedutor, sombrio e encantadoramente antigo que a série carrega, assim como os personagens que conseguiram despertar o meu amor e ódio.

Apesar de todos os seus defeitos eu gosto de Dracula. Não virou minha série favorita, não é a melhor estreia e seus - muitos - deslizes são bem visíveis, mas alguma coisa nela me capturou ao ponto de não descansar até assistir todos os episódios disponíveis. Sinto que muitos podem se decepcionar com a estória e não faço ideia se Dracula vai ganhar uma segunda temporada, mas mesmo assim recomendo. Só espero ver um maior desenvolvimento do Grayson como Drácula o mais rápido possível, é meio triste desperdiçar um personagem como esse.