Resenha: Trono de Vidro por Sarah J. Maas
01:41Sinopse: Nas sombrias e sujas minas de sal de Endovier, um jovem de 18 anos está cumprindo sua sentença. Celaena é uma assassina, e a melhor de Adarlan. Aprisionada e fraca, ela está quase perdendo as esperanças quando recebe uma proposta. Terá de volta sua liberdade se representar o príncipe de Adarlan em uma competição, lutando contra os mais habilidosos assassinos e larápios do reino. Endovier é uma sentença de morte, e cada duelo em Adarlan será para viver ou morrer. Mas se o preço é ser livre, ela está disposta a tudo.
Título: Trono de Vidro - Throne of Glass #1
Autor(a): Sarah J. Maas
Páginas: 392
Editora: Galera Record
Avaliação: 4/5
Quando Trono de Vidro foi lançado eu não me interessei nem um pouco pela leitura. Primeiro porque não gostei muito da capa, segundo porque a sinopse não me conquistou e terceiro porque é uma série gigantesca, com seis livros e vários contos. Mas aí caí na burrada de assistir algumas resenhas e pronto, fui completamente convencida a dar uma chance para a estória. O resultado foi que eu amei o livro e fui completamente surpreendida pela estória!
Celaena Sardothien é a maior assassina do reino de Adarlan e e até mesmo de toda a Erilea, treinada desde pequena para ser a melhor no que faz. Até que um dia ela foi capturada, julgada pelo rei e mandada para as Minas de Sal de Endovier como escrava, onde a expectativa de vida é de apenas uma mês. Um ano depois, Celaena é surpreendida pelo príncipe herdeiro, Dorian, com uma proposta irrecusável. O rei de Adarlan quer encontrar um assassino oficial para ele e resolveu fazer isso através de uma competição, onde cada membro do conselho teria que escolher o seu campeão para participar da disputa. E o príncipe Dorian escolheu Celaena como sua campeã prometendo a ela que ,se ganhasse, depois de alguns anos de serviço ela estaria livre. E mesmo odiando a ideia de servir ao rei que a mandou a Endovier e destruiu várias vidas, a assassina simplesmente não podia jogar fora a oportunidade de ser livre aceitando, assim, ser a campeã do príncipe, ir para o palácio de vidro, ser treinada pelo capitão da guarda, Chaol, e competir.
Confesso que o começo da leitura foi difícil, as 50 primeiras páginas foram lentas e confusas. O fato é que a Sarah J. Maas criou uma realidade completamente nova e leva tempo para se familiarizar com todos os nomes e termos, o que se tornou ainda mais difícil quando nos é apresentado a faceta sobrenatural/mágica da estória. Eu não fazia ideia que o livro também tinha essa vertente então quando me dei conta disso foi um choque e tanto. Porém depois que essas 50 páginas passam, toda a estranheza inicial desaparece e a leitura se torna simplesmente viciante, daquele tipo que você não consegue largar. Então se tenho um conselho para quem vai se arriscar em Trono de Vidro é para ter paciência do começo porque vale a pena, e muito.
Dizem que o livro era para ser, inicialmente, uma releitura de Cinderela, mas que acabou ficando tão diferente e original que essa premissa inicial teve que ser abandonada. E eu sou obrigada a concordar. A Sarah J. Maas criou um mundo tão rico em detalhes e tão complexo que agora eu entendo porque são necessários tantos livros para contar a sua estória. Além de criar uma país novo com todas as suas características culturais, histórias e até mesmo geográficas, a autora também criou um mundo mágico fascinante. Eu sinto que em Trono de Vidro nos é mostrado apenas a ponta do iceberg, só uma preparação para o quanto essa mitologia vai contribuir para a estória.
Por ser um livro que tem uma assassina como protagonista e que tem como plano de fundo uma competição violenta é claro que se espera uma estória cheia de ação. E pode ser que quem pegue o livro apenas atrás disso acabe ficando um pouco decepcionado. Apesar de ser o motivador de tudo, a competição em si não é descrita em todos os detalhes, nós acompanhamos sim alguns dos treinamentos e algumas das provas, mas a ação verdadeiramente dita não é assim tão presente. Mas, mesmo assim, não posso deixar de registrar aqui a minha admiração pela forma como a autora construiu a batalha final, foi uma das cenas mais agonizantes que eu já li na vida e uma das mais completas também (tem mais de dez páginas). Simplesmente incrível!
Na realidade o livro é uma mistura de facetas diferentes que se encaixam perfeitamente bem. Além da ação e da parte mágica, nós temos a toda dinâmica da vida na corte com as suas conspirações e seus luxos - o que me lembrou muito de Reign, por sinal -, temos também uma adorável quantidade de romance e um senso de humor irônico delicioso de acompanhar.
Como vocês já devem imaginar, a Celaena é uma protagonista badass e ótima de acompanhar. Apesar da narrativa ser em terceira pessoa e termos o ponto de vista de alguns dos outros personagens é claro que é da Celaena o grande destaque e isso é ótimo para a estoria. Ela é uma personagem forte - muito! -, corajosa, decidida, impulsiva, irônica e muito determinada. Mas, por outro lado, ainda é uma garota de 18 anos que é vaidosa com seu corpo e seus vestidos, defende filhotes de cães e ama doces. Um contradição que faz dela alguém real e que se conecta com o leitor.
Vocês sabem que eu tenho problemas com triângulos amorosos - com exceção de As Peças Infernais, é óbvio -, mas o triângulo de Trono de Vidro funcionou muito bem para mim, é claro que tenho o meu preferido (sou Team Dorian desde pequenininha), mas acabei gostando de verdade dos dois personagens. É muito interessante, também, perceber como a Celaena cria relação bem diferentes com os dois e como ela se conecta com cada um deles de maneira diferente. Com Dorian tem esse clima de tensão e essa atração física e psicológica que faz com que tudo entre eles seja intenso. Sério, não tem como não amar os diálogos entre os dois, sempre repletos de irônicas e tiradas ótimas. Já com Chaol os dois criam esse laço de cumplicidade e de entendimento mútuo fazendo com que os dois funcionem muito bem como amigos e também como algo mais. Quero muito, muito mesmo, que a Celaena fique com o Dorian - coisa linda os momentos em que percebemos como ele gosta dela -, mas gosto bastante do Chaol também e estou louca para descobrir como tudo isso vai se desenrolar, ainda mais por causa da amizade dos dois garotos. Prevejo grandes emoções.
Comecei a leitura de Trono de Vidro completamente receosa e terminei completamente conquistada pelo mundo criado pela Sarah J. Maas e por seus ótimos personagens. Uma mistura de Game of Thrones com Reign com Jovem Adulto que, surpreendentemente, funciona super bem e tem uma grande chance de se transformar em uma grande série. Ainda bem que dei uma chance para o livro e que venham os próximos cinco!
– Por que nenhum de vocês está aqui? – Guardas são inúteis em uma biblioteca. – Ora, como ele estava errado! Bibliotecas estavam cheias de ideias. Talvez as mais perigosas e poderosas armas.
Adarlan podia privá-los de liberdade, podia destruir-lhes as vidas, surrá-los, torturá-los e obrigá-los a participarem das disputas mais grotescas, mas, criminosos ou não, eram ainda humanos.
Dorian via o rosto dela sempre que fechava os olhos. Ela assombrava seus pensamentos, fazia-o desejar fazer coisas grandiosas e maravilhosas em seu nome, fazia-o desejar ser um homem que merecia usar uma coroa.
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