Sky tem uma vida um tanto incomum, sua mãe adotiva não permite nenhum aparelho eletrônico - computador, celular e até mesmo TV - e a educou durante toda a vida em casa. Sua única conexão com outras pessoas da sua idade era através da sua melhor amiga e vizinha, Six, e os garotos que ela arranjava para Sky, que não eram nada menos do que descartáveis.

Depois de muito pedir, Sky conseguiu convencer sua mãe a deixá-la terminar seu último ano de colegial em uma escola normal para que ela tivesse mais chances de entrar na faculdade. Mas não seria essa a única - e muito menos principal - mudança que aconteceria na vida da garota. Sky acaba tendo um encontro estranho e intenso com Dean Holder e a partir daí tudo muda, seja por causa dos fantasmas do passado de Holder ou do seu próprio. 

Se existe uma palavra que define esse livro é intenso. E o mais incrível é a forma com que a autora conseguiu passar toda essa intensidade para os leitores, dá pra senti-lá perfeitamente em cada ação dos personagens e em toda sequência de acontecimentos.

Acho que entre tudo, foi a intensidade do romance que mais me arrebatou e surpreendeu. Poucas vezes senti tanta verdade e tanta força na construção de um relacionamento como aqui, poucas vezes fui tão visgada por um casal. Apesar de todo o drama familiar da estória, o romance é claramente o foco central do livro e isso está longe de ser um defeito. Ele foi tão bem construído e desenvolvido que é impossível não querer saber e ver mais e mais dessa relação. 

A Sky é uma ótima protagonista, ela e forte e extremamente real, o que a torna imediatamente alguém fácil de se gostar e de se torcer. E, assim como tudo nesse livro, é repleta de sentimentos. Mas se é pra se falar de sentimentos, não tem como não se focar no Holder. 

É impossível - total e completamente - não sentir algo por ele, por sua estória, por suas ações, por sua paixão. O Holder é um personagem complexo e de uma beleza difícil de se explicar, seja por sua dedicação para com aqueles que ele ama, pela força com que ele sente e, principalmente, pelo seu coração tão bonito e sincero.  Não tem como não se apaixonar por ele, não sentir todas as dores dele e, principalmente, não sentir muito por ver alguém tão bom - tão vivo - ter que passar por tanta coisa na vida. 

Não vou entrar muito na parte do conflito familiar e do drama em si porque é impossível fazer isso sem dar spoilers. O que eu posso dizer é que Um Caso Perdido é, sem questionamentos, um drama, daquele tipo que choca o leitor e o deixa angustiado. Eu confesso que logo no começo já descobri uma das revelações, mas nunca que eu iria desconfiar de todas as outras, tanto por serem inesperadas quanto pela crueldade delas. Colleen Hoover criou uma estória pesada e dura e que mesmo tendo uma grande beleza por trás, acredito agradar somente aqueles que gostem desse tipo de leitura. 

A única coisa que eu não esperava era a maestria com que a autora construiu e desenvolveu sua estória. Um dos grandes problemas de livros desse estilo é que apesar de incluírem dramas pesados, os autores muitas vezes não conseguem conduzi-los de forma correta. Ou terminam de forma abrupta, ou não dão a devida importância as consequências emocionais. Mas o que eu encontrei em Um Caso Perdido me fez quase chorar de felicidade por ter lido, finalmente, um livro que trabalha isso perfeitamente. Começando por todas as pistas que aparecem logo no começo e se conectam perfeitamente no final e, principalmente, o tempo certo que a Colleen Hoover deu para os seus personagens sentirem, agirem e lidarem com todas as consequências. E talvez seja por isso que o livro seja tão intenso, porque ele é muito real, ele lida com sentimentos como acontece de verdade, ele explora cada pequeno efeito colateral e faz isso de forma coerente e muito bem feita. E, para ser ainda melhor, a Colleen Hoover não faz algo baseado na perfeição, seus personagens não são perfeitos e o final deles está longe de ser um "felizes para sempre" e não tem como explicar o quanto isso me deixou satisfeita.

Vocês sabem, também, que eu sou uma manteiga derretida, que chora por tudo e por todos. Mas eu nunca imaginei que em meio a tanta desgraça que acontece na estória eu tenha chorado de felicidade. E essa, talvez, seja a melhor qualidade do livro. Ele retrata uma realidade dura, talvez uma das piores que se pode imaginar, mas consegue narrar algo cheio de uma beleza enorme ao mesmo tempo, cheio de amor e vida - e ter um senso de humor delicioso também. Um Caso Perdido é o exemplo perfeito de livro agridoce, aquele tipo que que quebra, esmaga seu coração, mas ao mesmo tempo te enche de esperança e felicidade. 

Eu esperava muito de Um Caso Perdido e ao mesmo tempo queria poder esperar nada e acabei encontrando muito mais do que poderia imaginar. Um livro impecavelmente escrito, com uma estória de tirar o fôlego e partir corações. Não sei se me fiz clara nessa resenha, mas Um Caso Perdido ocupa, agora, um pedacinho  especial do meu coração.

Seus braços começam a tremer e ele está me segurando com tal intensidade e desespero que se tornou desolador. Meu peito arfava e meu rosto queimava e a única coisa que impedia as lágrimas de caírem era o fato de que estava fechando meus olhos tão apertados que elas não podiam escapar .

Ele é apaixonado pela vida, pelo amor, por suas palavras, pela Les. E eu detestaria se não fosse adicionada à essa lista. A intensidade que ele transmite não é irritante... é bonita. Eu passei tanto tempo tentando encontrar maneiras de me sentir dormente em qualquer chance que tinha, mas vendo o entusiasmo por trás de seus olhos agora... isso me faz querer sentir cada pequena coisa sobre a vida. O bom, o mau , o belo, o feio, o prazer, a dor. Eu quero isso. Eu quero começar a sentir a vida da mesma maneira que ele faz.

— Fodam-se todas as primeiros vezes, Sky. A única coisa que importa para mim com você são os para sempres.