Resenha: Cinder por Marissa Meyer

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Sinopse: Num mundo dividido entre humanos e ciborgues, “Cinder” é uma cidadã de segunda classe. Com um passado misterioso, esta princesa criada como gata borralheira vive humilhada pela sua madrasta e é considerada culpada pela doença de sua meia-irmã. Mas quando seu caminho se cruza com o do charmoso príncipe Kai, ela acaba se vendo no meio de uma batalha intergaláctica, e de um romance proibido, neste misto de conto de fadas com ficção distópica. Primeiro volume da série As Crônicas Lunares, Cinder une elementos clássicos e ação eletrizante, num universo futurístico primorosamente construído.
Título: Cinder - As Crônicas Lunares #1
Autor(a): Marissa Meyer
Páginas: 448
Editora: Rocco
Avaliação: 3/5

Tudo em Cinder é instigante, a mistura de contos de fadas com futurismo, robôs e ciborgues, a existência dos Lunares e até mesmo a capa maravilhosa. Porém, depois de ver alguns comentários não tão positivos confesso que adiei um pouco a leitura e comecei o livro com expectativas não tão altas. Posso dizer que fui surpreendida, a Marissa Meyer criou uma realidade completamente diferente e interessante e conseguiu se basear no conto da Cinderela e mesmo assim fazer algo novo. Apesar de seus defeitos, Cinder foi uma leitura deliciosa.


Cinder é uma ciborgue, depois de um acidente que matou seus pais tiveram que repor várias partes suas artificialmente e ela foi adotada por um cientista que morreu pouco tempo depois. Sua vida a partir daí não foi fácil, além de viver a margem da sociedade por ser uma ciborgue, ela tem que sustentar a sua madrasta que a odeia e suas duas meias-irmãs trabalhando como mecânica no centro de Nova Pequim. Seus únicos consolos são Iko, uma androide de personalidade própria, e Peony, sua irmã mais nova , a única da família que realmente gosta de Cinder.
Porém, a situação na Comunidade das Nações Orientais e em todo o mundo também está delicada devido a epidemia de Letumose, uma doença rápida, contagiosa e mortal que ainda não tem cura, e o conflito com os Lunares, comunidade inicialmente formada por humanos, mas que, com o tempo, desenvolveram uma habilidade poderosa de controlar a mente e as ações das pessoas.
É nessa realidade que Cinder acaba conhecendo o Príncipe Kaito, herdeiro do trono da Comunidade, quando ele pede ajuda a ela para concertar uma androide importante. Assim, de repente, Cinder se vê no meio de uma disputa intergalática, tentando salvar sua irmã da doença, o príncipe da mãos da Rainha Levana e a si mesma de uma paixão proibida.


O grande destaque do livro vai, com certeza, para criatividade da Marissa Meyer. Ela criou uma sociedade futurista fascinante, não só pelo que acontece na Terra como também pelos emblemáticos Lunares. Não temos uma data certeza, só sabemos que a realidade que vemos se instalou após a Quarta Guerra Mundial, onde o mundo foi muito afetado por ataques nucleares e químicos. 

A forma com que a autora descreve a Nova Pequim, com todas as novas tecnologias misturadas com a poluição e desigualdades que já conhecemos é instigante e encantador. O leitor, inevitavelmente, quer saber sempre mais sobre essa nova realidade, sobre as novidades e mudanças que se instalaram e a autora não desaponta.
Os Lunares são uma característica a parte e é onde a criatividade da Marissa Meyer atinge um nível totalmente diferente. Toda a sociedade deles é uma incógnita para os próprios personagens, aguçando ainda mais a curiosidade do leitor. Gostei muito da forma como essa parte da estória foi trabalhada em Cinder, mas espero que a autora se aprofunde ainda mais nisso nos próximos volumes. Não posso deixar de imaginar como seria legal se um dos livros se passasse na própria Lua. 


A Cinder é uma personagem que me cativou, mas, ao mesmo tempo, me irritou. Ela é determinada, inteligente e muito forte, mas aceita fácil demais as imposições das outras pessoas. Sei que depois de uma vida toda sendo mandada e manipulada isso seria inevitável, por isso entendi suas ações, mas não concordei com elas. Só que, quando ela resolve se arriscar para valer, ela vira uma  protagonista incrível, confesso que durante o decorrer do livro a Cinder ganhou o meu amor e meu respeito. É muito interessante perceber, também, como a autora usou a personagem para falar um pouco sobre preconceito, uma crítica que, mesmo feita em uma realidade totalmente diferente, ainda se encaixa perfeitamente bem na nossa sociedade atual.

Como o livro é narrado em terceira pessoa nós também conhecemos bastante do Príncipe Kai, e não tem como não amá-lo. Ele está sofrendo pela saúde debilitada de seu pai, apreensivo pelo futuro de seu pais e determinado a sacrificar a própria felicidade se isso for o melhor para o seu povo. Kai é um personagem extremamente humano, comete seus erros é verdade, mas é humilde, consciente e não tem medo de defender suas crenças, nem mesmo quando está cara a cara com a Princesa Levana. 
Apesar do romance existir, ele não é o destaque do livro e eu achei isso muito positivo para a estória, que tem outros pontos interessantes para trabalhar. A relação entre a Cinder e o Príncipe é muito bem feita, sem exageros, convencendo e encantando o leitor. 


O começo do livro é um pouco lento, mas assim que você se entra de verdade na estória a narrativa fluí maravilhosamente bem. A autora tem uma narrativa deliciosa, que passeia entre diversos cenários e situações sem nunca deixar de prender a atenção do leitor. Eu até fiquei um pouco assustada com quão rápido eu terminei o livro. A Marissa Meyer sabe ser dinâmica tanto em partes mais emocionais como também em cenas cheia de ação. Acho que o maior defeito da narrativa foi a previsibilidade de alguns pontos, a revelação principal, por exemplo, eu já tinha sacado lá nas primeiras páginas. 

Não sei porquê na minha cabeça eu imaginei que cada livro da série teria um fim definido, porque não é isso que acontece. Preciso dizer que fiquei um pouco decepcionada porque a protagonista do próximo livro será outra e ainda queria a Cinder como principal. Não faço ideia de como vão conectar todas as estórias na principal e como vão encaixar a Cinder no próximo volume, mas, devido a criatividade que a autora já mostrou, estou ansiosa para descobrir.


Mas agora você me perguntam, e a comparação com a Cinderela? Eu fiquei muito feliz em perceber que mesmo tendo alguns pontos em comum - obviamente, já que é uma releitura - as comparações são poucas, pontuais e, quando existem, foram muito bem trabalhadas. Posso dizer que o problema de previsibilidade que eu citei anteriormente não tem nada a ver com o fato de ser uma releitura. Essa adaptação do conto da Cinderela é um bônus a mais em uma estória que já tem uma carga grande de elementos interessantes. 



Cider foi muito além do que eu imaginava e se tornou uma surpresa muito positiva. É incrível perceber a criatividade da Marissa Meyer e ver até que ponto ela conseguiu levar a sua estória, levando o conto da Cinderela a um nível completamente diferente. Não é um livro perfeito, mas nem por isso estou menos ansiosa para saber como ela vai trabalhar as outras estórias nos próximos livros. O segundo volume se chama Scarlet e gira em torno da Chapeuzinho Vermelho, pelo o que eu ouvi consegue ser ainda melhor que Cinder, será?

Ele era o sonho de todas as garotas no país. Estava tão longe de seu alcance, de seu mundo, que ela deveria ter parado de pensar nele no instante em que a porta se fechou. Devia parar de pensar nele imediatamente. Nunca deveria pensar nele de novo, exceto talvez como cliente — e seu príncipe. E, no entanto, a lembrança dos dedos dele em sua pele se recusou a desaparecer.
— Vaidade é um fato, mas é mais uma questão de controle. É mais fácil induzir os outros a acreditar que você é lindo se você puder se convencer de que você é lindo. Mas espelhos têm um jeito incomum de dizer a verdade.
Mas se havia uma coisa que ela aprendera ao longo dos anos como mecânica era que certas manchas nunca saíam.

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3 comentários

  1. Eu já fui bem mais animada para ler esse livro, mas com o tempo a animação acabou se perdendo. É uma pena a previsibilidade, isso realmente estraga um pouco a leitura. Não sei se vou chegar a ler essa série, mas a criatividade da autora chama bastante atenção!

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    1. Gabi, eu acredito que vale a pena continuar, particularmente senti a mesma coisa, o fato de ser previsivel destruiu as minhas expectativas.No entanto, Marissa Meyer faz algo sensacional na série que é interligar os contos de fadas em uma realidade futuristica, sem perder a personalidade de cada personagem. O segundo livro da série: Scarlet, é onde se encontra o enredo, pois vem repleto novos personagens, uma nova perspectiva de chapeuzinho vermelho como protagonista e vai alternando de um modo sensacional. Dê uma chance a essa série, cinder é apenas a introdução dessa história! Bjss \(*^▽^*)/

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  2. Engraçado achei as comparações mto forçadas e nem vi necessidade, pois como vc falou a ideia geral dos lunares e os ciborgues são tão interessantes que ela poderia ter escrito algo assim sem nunca mencionar os contos de fadas.
    Tbm fiquei chateada por ter terminado a história e não ter um final msm p/ Cinder já que o próximo livro será de outra protagonista, tbm quero saber como irão conectar td.

    Andy_Mon Petit Poison

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