Resenha: O Histórico Infame de Frankie Landau-Banks por E. Lockhart
13:38Sinopse: Aos catorze anos, Frankie Landau-Banks era uma menina comum. Gostava de ler, participava do Clube de Debates e era a princesinha da família. Mas nas férias de verão ela se transforma: de repente surge uma garota cheia de curvas, com uma beleza inusitada. E essa transformação física vem acompanhada de uma mudança de atitude: Frankie já não aceita um “não” como resposta. Principalmente quando esse “não” significa que ela não pode participar da sociedade secreta da qual seu namorado faz parte, só porque é menina. Usando todas as suas habilidades (e alguns conhecimentos adquiridos nas aulas), Frankie criará artimanhas para provar que pode ser ainda mais genial que os membros da Leal Ordem dos Bassês. E a escola logo se tornará palco de pegadinhas até então inimagináveis.
Título: O Histórico Infame de Frankie Landau-Banks
Autor(a): E. Lockhart
Páginas: 344
Editora: Seguinte
Avaliação: 3,5/5
Preciso confessar que o que mais me motivou a ler o livro foi que a sua sinopse me lembrou demais dos - incríveis - livros do John Green. Adoro livros adolescentes inteligentes e que fogem um poucos dos dilemas clichês dessa época da vida. E, mesmo não sendo tudo o que eu esperava, eu curti bastante a leitura de O Histórico Infame de Frankie Landau-Banks.
Frankie Landau-Banks teve um primeiro ano tranquilo na Alabaster, uma das escolas internas mais famosas e renomadas do país. Ficou amiga da sua colega de quarto, Trish, adquiriu uma posição social não muito relevante, mas tranquila, por causa da sua irmã mais velha Zada, entrou para o Clube de Debates e namorou um nerd divertido até que ele acabasse a traindo com uma garota mais velha antes do ano acabar - não que isso tenha a deixado triste por muito tempo. Porém tudo mudou nas férias de verão e no começo do seu segundo ano. Frankie deixou de ter um corpo de tábua ao ganhar curvas nos lugares certos, perdeu sua irmã mais velha para a faculdade e acabou se tornando o interesse amoroso de um dos garotos mais bonitos e populares da Alabaster, Matthew Livingston. O fato é que Frankie acabou se apaixonando não só por Matthew, mas também pelo seu mundo e por seu grupo de amigos, ela ficou fascinada por eles e queria de qualquer forma se tornar parte daquele grupo. Tudo se tornou ainda mais importante quando a garota descobriu que eles faziam da Leal Ordem dos Bassês, uma sociedade secreta antiga da Alabaster que só aceita garotos. Agora, mais do que nunca, Frankie quer provar que pode ser tão esperta quanto eles para poder entrar para sua sociedade secreta.
Como eu disse no começo da resenha, eu amo livros inteligentes e O Histórico Infame de Frankie Landau-Banks com certeza se encaixa nessa categoria. A estória tem um "fator nerd" que eu acho muito divertido e enriquecedor, seja pelos debates que uma vez ou outra os personagens fazem, seja pelas ideias perspicazes que saem da mente de Frankie ou pelas passagens interessantíssimas das aulas sobre pan-óptico.
O fato é que eu simplesmente amo livros adolescente que não subestimam seus leitores, autores que não tem medo de inserir questionamentos, debates e ideias novas nas suas estórias estimulando, assim, ainda mais a mente de quem está lendo. Esse é com certeza um dos motivos que me fez gostar do livro, porque além de toda a "inteligência" presente no livro da E. Lockhart, a autora construiu uma protagonista adolescente que apesar de todas suas burradas é mais perspicaz e crítica que muito adulto por aí.
Frankie é uma adolescente de 15 anos e é muito importante ter isso em mente quando se lê o livro. Por que ela faz muitas burradas em alguns momentos e age como uma criança mimada em outros. Mas, sinceramente, quem que aos 15 anos não é assim? A Frankie está se apaixonando pela primeira vez e, também pela primeira vez, está sentindo o que é fazer parte de algo, o que é ser notada. Então por mais que algumas vezes a minha vontade era gritar com ela eu entendia seu comportamento, ela estava apenas sendo uma adolescente de 15 anos e todos seus defeitos fez dela uma personagem verdadeira. (É claro, porém, que nem tudo que ela fez de errado é normal e fiquei muito feliz de ter visto a autora abordar isso no final.)
Mas, tirando toda a sua atitude adolescente, a Frankie tem alguns diferenciais que fazem ser impossível não gostar da personagem. Primeiro, ela defende o feminismo com unhas e dentes e consegue muito bem perceber quando está sendo vítima de atitudes machistas e tenta lutar e argumentar contra isso sempre que pode. Fica claro que esse é um tema forte da estória e eu simplesmente amei a atitude da personagem sobre tudo isso, ela não suporta ser rebaixada só por não ter um cromossomo Y e se esforça para mostrar a sua capacidade acima de tudo. Não tem como não admirar personagens fortes e decidias.
Segundo, a Frankie é extremamente inteligente e isso fica muito visível na sua excelente argumentação (não é atoa que ela está no Clube de Debates), o que gera diálogos excelentes para a estória. E em terceiro, mas não menos importante, a Frankie é muito perspicaz e diabolicamente boa em planejamento, é simplesmente impossível não admirar sua engenhosidade na suas ideias, pode ser que seus métodos não sejam ortodoxos e que suas motivações não sejam lá as melhores, mas não como não ficar espantado com maneira com que essa menina pensa!
Um ponto muito forte do livro, para mim, é a narrativa singular e deliciosa da E. Lockhart. A estória da Frankie e narrada em terceira pessoa, mas de uma forma um pouco diferente da que estamos acostumados. É como se o livro fosse um relatório - não é atoa o título - sobre o ano em que tudo mudou na vida de Framkie. O narrador muitas vezes conversa com o leitor, volta no passado ou pontua um acontecimento em especial para, assim, explicar as motivações que levaram a personagem a agir de determinada forma e isso tudo é muito interessante. Poder acompanhar a estória da Frankie dessa forma trouxe um diferencial muito bem vindo e refrescante para o livro sendo, com certeza, uma característica que o enriquece demais.
O Histórico Infame de Frankie Landau-Banks foi uma leitura rápida, de apenas um dia, é um estória leve, divertida e inusitada. É aquele tipo de livro que desperta várias emoções, me trouxesse risadas em diversos momentos, em alguns me fez sorrir por alguma cena fofa aleatória e em outros momentos me deu vontade de entrar na estória e dar um ou dois tapas nos personagens - e não, não só na Frankie, mas em alguns outros também, como o Matthew e o Alfa. O fato é que esse não é um livro perfeito, apesar de eu não poder apontar um defeito exato, eu senti que faltou alguma - ou algumas - coisa. Eu não consegui me conectar muito bem com os personagens e por mais interessante que a estória seja, eu não consegui ficar realmente submersa no que estava lendo. Mas nada disso quer dizer que seja um livro ruim, porque definitivamente não é, apenas não funcionou tão bem assim comigo.
Diferente do que imaginava, O Histórico Infame de Frankie Landau-Banks não é tão bom quanto os livros do John Green (Ninguém é como ele é, ponto.) ou como outros YAs incríveis que venho lendo nos últimos tempos, mas nem por isso a estória da E. Lockhart perde seu valor. O livro é gostoso de se ler e divertido, marcando pontos por ser inteligente e trazer uma protagonista única. Não é uma leitura incrível, mas com certeza recomendada para quem gosta de estórias adolescentes.
Como uma pessoa se torna a pessoa que ela é? Quais são os fatores de sua cultura, infância, educação, religião, condição financeira, orientação sexual, raça, interações cotidianas — que tipo de estímulos a levam a fazer escolhas que farão com que outras pessoas a odeiem depois?
Frankie gostava da acolhida e da rejeição na mesma medida, porque ambas significavam que ela tinha causado impacto. Ela não era uma pessoa que precisava ser amada tanto quanto era uma pessoa que gostava de ser reconhecida.
É melhor ficar sozinha, ela pensa, do que ficar com alguém que não te enxerga como você é. É melhor liderar do que seguir. É melhor falar do que ficar em silêncio. É melhor abrir portas do que fechá-las na cara das pessoas.
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