Filme X Livro: A Culpa É Das Estrelas

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Quando peguei A Culpa É Das Estrelas nas mãos, há quase dois anos, eu não imaginava nem um por cento do que era aquela estória que estava prestes a conhecer. Foi uma leitura rápida - que durou apenas uma tarde -, mas que mexeu comigo e me marcou de várias formas. Eu me apaixonei pela estória, chorei por uma semana sempre que lembrava do livro, mas, acima de tudo, conheci a escrita do John Green. Um autor incrível que tem uma maestria ímpar para falar sobre adolescentes e para adolescentes e tem um censo de humor incrível, assim como sua sensibilidade e, principalmente, inteligência. A partir daí virei fã dele e dos seus outros livros, mas nada se iguala, para mim, a ACEDE. 


Eu contei os dias, acompanhei cada pequena novidade e fui na primeira secessão do filme que aconteceu na minha cidade. E, falando da forma mais sincera possível, o filme está perfeito. Você consegue sentir todas as nuances da trama, eles respeitam de forma surpreendente a obra original, os personagens representam exatamente o que deveriam ser e, acima de tudo, o filme é lindo. Tão lindo quanto o livro. 

Muita gente acreditava na qualidade da adaptação pelo John Green ter estado presente durante toda a gravação, mas não é essa exatamente a minha opinião. Você vê, claramente, o respeito com o que está escrito no livro que tiveram os roteiristas, diretores, atores e, acredito eu, todo o resto da equipe em cada pequena cena. Para quem é fã e releu o livro a uma semana atrás como eu, percebe que eles estudaram toda a obra, pegaram todas as partes importantes e sentiram tudo o que a estória queria passar, se esforçando ao máximo para transmitir tudo isso para as telas. E a presença do John Green nas gravações é, então, apenas uma comprovação desse respeito que a equipe do filme teve com o que ele criou. 

O livro é uma mistura de momentos sensíveis, engraçados, tristes e bonitos e tudo isso pode ser visto no filme, muitas vezes até mais claramente do que nas páginas. Você consegue perceber ainda mais a genialidade e a diversidade do livro quanto você vê cenas onde coisas engraçadas acontecem ao mesmo tempo que se é dito coisas tristes ou comentários filosóficos, conseguindo ver também a passagem natural entre todas essas nuances. Outro ponto marcante de A Culpa É Das Estrelas - mas também de tudo que o John Green escreve - é a inteligência da estória e isso não é perdido no filme, você consegue sentir ela não só nos personagens, mas também nas cenas em si, em como tudo foi construído. As críticas e metáforas principais do livro também estão todas presentes, mas é inevitável que muitas das metáforas e críticas secundárias tenham ficado de fora, era algo inevitável, tanto que nem mesmo ouso a apontar isso como um defeito. 

Não tem como criticar a Hazel da Shailene Woodley, ela conseguiu entender completamente a sua personagem, seus medos, sua angustia e todos os sentimentos pelos quais ela passa durante todo o filme/livro. É incrível a empatia que ela cria com o telespectador e a maneira com que ela consegue transmitir emoção apenas com o olhar. Em nenhum momento do filme, nenhum mesmo, eu duvidei que ela era a Hazel ou duvidei do que ela esta mostrando em cena, impressão que só aumenta em cenas que exigem ainda mais força da personagem. 
Muita gente criticou a escolha do Ansel Elgort para ser o nosso Augustus Waters, mas por mais que fisicamente ele seja completamente diferente eu duvido que alguém que tenha assistido ao filme possa dizer que aquele não é o nosso Gus. Ele tem todo aquele ar despreocupado, irônico e charmoso do personagem, mas também mostra toda a sua complexidade de sentimentos aos poucos, de forma forte e emocionante. E de verdade, não tem como não ver o Gus naquele sorrisão lindo e fácil que ele solta diversas vezes durante o filme. 

A química dos dois é incrível sendo que, consequentemente, o filme todo é sustentado pelas cenas deles juntos. As minhas cenas favoritas - escrevendo de forma que não dê spoilers - são: a cena após a visita a casa da Anne Frank que é linda de morrer (sério, muito mesmo), a cena dos ovos com o Issac - o Nat Wolf está ótimo no papel também - e, principalmente, a última cena dos três, Hazel, Gus, e Isaac, na igreja, não só pelas palavras, mas sim pela troca de olhares carregada de sentimentos entre eles, é uma cena extremamente triste, mas de uma beleza inigualável, poucas vezes vi algo tão forte em um filme - e sim, chorei muito nessa parte. 
Outros destaques do elenco, na minha opinião, foram a Laura Dern que está incrível no papel e o Willem Dafoe que fez um Peter Van Houten tão impactante, para dizer o mínimo, quanto no livro. 

Acho que vocês já devem ter percebido, mas A Culpa É Das Estrelas está completamente fiel ao livro.Tendo relido ele recentemente posso afirmar isso com exatidão para vocês. Mudaram um pouco onde os personagens dizem tal coisa, por exemplo, mas nada disso interfere na fidelidade da adaptação. Acredito eu que mais de noventa por cento de tudo que é dito ali, seja nos diálogos ou na narração da Hazel, está exatamente igual ao que o John Green escreveu no livro. Acho que a parte mais modificada foi a carta, mas mesmo assim ela só ficou mais sucinta, não perdeu o seu sentido. De verdade, não acredito ser possível pontuar nenhum defeito nesse sentido. 

Assim como o livro, o filme discute o medo da morte e do esquecimento retratando a vida e isso é o mais incrível. Seus personagens apesar de doentes não são caracterizados por sua doença, mas sim pelos seus sentimentos e personalidades. Mesmo sendo uma estória triste, ela não é apelativa ou forçada, tudo é natural e verdadeiro. E é nisso tudo que está o grande mérito da estória criada pelo John Green e muito bem adaptada ao cinema, ele fala da realidade, ele trata de adolescentes doentes como simplesmente adolescentes, ele fala da morte com naturalidade, como algo natural que realmente é, ele mostra que cada um tem suas fraquezas e medos e fala, acima de tudo, sobre amor. 

Eu saí do cinema maravilha com o que vi, como o rosto vermelho e inchado de tanto chorar e triste por ter dado adeus, em todos os sentidos, a essa estória que me marcou tanto. Agora é esperar pela adaptação de Cidades de Papel  que vai ter o Nat Wolf (Isaac) como principal e por novos livros do John Green. Para finalizar quero dizer que A Culpa É Das Estrelas é perfeito, emocionante, sensível, forte, divertido, triste, tudo isso ao mesmo tempo. É lindo, apenas. 

Obs: Por favor, ouçam com cuidado a trila sonora. Está tão bem feita e linda quanto todo o resto.

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