Resenha: O Começo de Tudo por Robyn Schneider
10:18Título: O Começo de Tudo
Autor(a): Robyn Schneider
Páginas: 288
Editora: Novo Conceito
Avaliação: 4/5
Quando li a sinopse de O Começo de Tudo tive a certeza de esse era o meu tipo de livro. Um livro juvenil que tem cara de ser muito mais do que aparenta e que aposta nas dúvidas e questões mais recorrentes e importantes dessa época da vida. E eu não poderia estar mais certa. A obra de Robyn Schneider foi gostosa de ler, cativante e emocionante na medida certa, tanto que me fez lembrar muito dos - meu amados - livros do John Green.
Ezra Faulkner era um garoto de ouro, astro do time de tênis
da escola, presidente de classe, namorado da garota mais cobiçada da escola e
estava no topo da escala de popularidade. Ele sempre acreditou na ideia de que
uma tragédia ficava na espreita durante a vida de todo mundo, só esperando o
momento certo de acontecer e mudar completamente o destino de cada um. E ele não estava esperando por sua tragédia quando ela
aconteceu. De repente Ezra se viu impossibilitado de fazer a única coisa em que
era bom, virou alvo de olhares curiosos e maldosos e percebeu que aquelas
pessoas que chamava de amigos não se importavam tanto assim com ele.Com tudo que conhecia desmoronando ao seus pés, Ezra vai ter
que descobrir quem ele realmente é, onde se encaixa e quem são seus verdadeiros
amigos.
Se existe algo muito claro em O Começo de Tudo é que a Robin
Schneider não criou uma estória idealizada. Os personagens não são livres de
falhas, situações infelizes acontecem o tempo todo e o final apesar de
esperançoso não é um modelo ideal de “felizes para sempre”.
O Ezra, por exemplo, não é um personagem que agrada
completamente, ele por muito tempo foi superficial, no começo do livro – e por
uma boa parte dele – era alguém sem personalidade e sem coragem de
encarar de verdade seus dilemas e fazer decisões. Mas isso não é algo ruim porque faz de Ezra nada menos do que humano e caracteriza o evento
principal do livro: seu crescimento.
Durante toda a estória nós vemos ele amadurecendo, encarando
como a sua vida de antes, apesar de aparecer perfeita, não tinha sentido, vendo
como ele não tinha suas próprias vontades e desejos e percebendo a falta que
amigos de verdade fazem.
Eu gostei muito da maneira como a autora colocou a amizade
como um fator de valor inestimável para o Ezra, tanto a Cassidy quanto,
principalmente, o Toby são os impulsores dessa mudanças, aqueles que mostraram
esse outro lado da vida para ele.
O Começo de Tudo tem outra característica que eu gosto muito
que é simplesmente tratar sobre a realidade. Dilemas adolescentes, mudanças
comuns dessa época, a descoberta dos sentimentos e os ápices de felicidades em
momentos simples que se dividem junto das pessoas que gosta.
A montanha-russa que ilustra a capa não poderia representar melhor
a estória, essa reviravolta de acontecimentos e sentimentos, essa mudança
completa de vida que acontece com Ezra, assim como os vários sentimentos
que são despertados nos leitores. O livro é muito sensível e tocante em certos momentos, mas é igualmente
divertido e descontraído, repleto de humor negro, em outros, além de ser também uma estória inteligente, algo que
eu adoro em qualquer tipo de livro – quem lê John Green vai me compreender
aqui.
Não digo que o livro seja livre de falhas, mas
ele me conseguiu cativar o suficiente para me fazer ignorá-las. O Começo de
Tudo é aquele tipo de estória que te envolve e que quando acaba te deixa
sentindo saudade, mas com um sentimento de esperança crescente no coração. Não
acho que poderia pedir mais nada.
Às vezes eu acho que uma tragédia vive à espreita todo mundo; por isso as pessoas que vão comprar leite na esquina em seus pijamas ou que cutucam o nariz enquanto aguardam o sinal abrir estão a apenas alguns minutos de um desastre. Na vida de todos, não importa o quão comum seja, existe um momento que se tornará extraordinário - um único embate após o qual tudo o que realmente importa vai acontecer.
— Bem, eu acho que é bonito. Uma palavra para lembrar pequenos momentos destinados a serem perdidos.
Eu pensei sobre o metal em meu joelho, substituindo esse pedaço de mim que estava em falta, que não funcionava mais. E não o meu coração, eu continuei dizendo a mim mesmo. Não era o meu coração.
— A vida é a tragédia. — disse ela amargamente. — Você sabe como eles categorizam as peças de Shakespeare, certo? Se termina com um casamento, é uma comédia. E se termina com um funeral, é uma tragédia. Sendo assim todos nós somos tragédias vivas, porque todos nós terminamos da mesma forma, e não é com um maldito casamento.
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