Resenha: Vinte Garotos no Verão por Sarah Ockler

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Sinopse: Quando alguém que você ama morre, as pessoas perguntam como você está, mas não querem saber de verdade. Elas buscam a afirmação de que você está bem, de que você aprecia a preocupação delas, de que a vida continua. Em segredo, elas se perguntam quando a obrigação de perguntar terminará (depois de três meses, por sinal. Escrito ou não escrito, é esse o tempo que as pessoas levam para esquecer algo que você jamais esquecerá). As pessoas não querem saber que você jamais comerá bolo de aniversário de novo porque não quer apagar o sabor mágico de cobertura nos lábios beijados por ele. Que você acorda todos os dias se perguntando por que você está viva e ele não. Que na primeira tarde de suas férias de verdade você se senta diante do mar, o rosto quente sob o sol, desejando que ele lhe dê um sinal de que está tudo bem.




Título: Vinte Garotos no Verão
Autor(a): Sarah Ockler
Páginas: 288
Editora: Novo Conceito
Avaliação: 3/5


Há muito tempo que eu venho ouvindo comentários maravilhosos sobre esse livro e não posso negar que esperei muito para que a Novo Conceito finalmente lançasse Vinte Garotos no Verão. A verdade é que comecei a leitura sem lembrar exatamente qual era a premissa da estória e totalmente entregue as altas expectativas e no fim posso dizer que, para mim, o livro da Sarah Ockler é bom, mas não chega a ser tão incrível ou acima da média como esperava. 


Anna, Frankie e Matt cresceram juntos e sempre foram melhores amigos. Frankie e Matt eram irmãos, mas isso não impedia Anna de se sentir menos parte da família e muito menos enfraquecia sua conexão com eles. Porém tudo muda no aniversário de 15 anos de Anna quando seu desejo mais secreto se realiza: Matt a beija. Desse momento em diante eles entram de cabeça em um relacionamento fofo e sincero, mas que permanece em segredo porque Matt tem receio de dar a notícia abruptamente para a irmã e fazê-la se sentir excluída da vida dos dois. Mas, infelizmente, nada disso dura muito tempo, antes que Matt tenha a chance de contar a verdade para Frankie os três sofrem um acidente de carro que acaba o matando e deixando as duas com a dor da perda e Anna com a promessa de nunca contar o que aconteceu para a sua melhor amiga. 
Quase um ano depois da morte de Matt, os pais de Frankie planejam uma viagem para a Califórnia na tentativa de retomar de vez a normalidade das suas vidas e convidam a Anna para acompanhá-los. É nesse momento que Frankie decidi fazer desse o melhor verão de suas vidas e planeja encontrar um garoto para Anna já que ela não entende o porquê da amiga ser tão receosa nesse assunto. Assim surge o plano de cada uma conhecer um garoto em cada um dos vinte dias da viagem, esperando que em meio a eles ambas encontrem alguém especial que as ajude a curar as feridas ainda abertas. 

Acho que o problema mais sério do livro é que ele tenta abordar três focos diferentes ao mesmo tempo e acaba não se aprofundando em nenhum o que deixa a estória fraca. De um lado nós temos a parte mais pesada e triste que envolve a morte de Matt e o impacto disse não só na vida da Anna, mas também na da Frankie e no resto da sua família. A segunda face da estória é a parte mais "descontraída" do enredo, que envolve o plano de melhor verão das garotas e o romance. E a última é a todo o desenvolvimento da relação de amizade entre a Anna e a Frankie. 
Como eu disse, nenhum desses três focos é trabalhado de forma correta. A parte do drama se torna um tanto quanto superficial porque a autora coloca ações e consequências, mas não consegue explorar as emoções que levam os personagens a agir de tal forma perante a tragédia pela qual eles passaram. Para vocês terem uma ideia, apesar de eu ser um manteiga derretida que chora por tudo, o livro não conseguiu me arrancar uma única lágrima. 
A parte do romance e do divertimento do verão simplesmente não se encaixa muito bem com o resto da estória. Eu vi alguns comentários sobre como quando a Frankie conta o seu plano para a viagem aquilo não faz sentido nenhum e eu preciso concordar, a autora poderia muito bem ter deixado essa de fora. Na realidade, o nome do livro não faz muito sentido porque o que ele propõe não acontece de fato - o que foi bem decepcionante. 
E quanto a relação de amizade entre as personagens o que eu posso dizer é que falta, novamente, um trabalho melhor de embasamento. É difícil pra mim acreditar que uma melhor amiga não teria notado nada e acho estranho também o peso dado ao segredo da Anna. 

Na verdade Vinte Garotos de Verão é a estória de como a Anna superou a perda de alguém que ela amava demais. Amou por muito tempo como um irmão e um amigo e por pouco tempo como um quase namorado e que foi embora a deixando confusa e, de certa forma, sozinha. A Sarah Ockler narra a personagem descobrindo o que ele realmente foi para ela e aprendendo a lidar com a sua falta. É um estória de amadurecimento e aprendizado. 

Não considero Vinte Garotos no Verão um livro ruim, mas também, na minha opinião, está longe de ser tudo aquilo que eu ouvi falar sobre. Recomendo para quem gosta do gênero, mas só aconselho a não ir com muita sede ao pote. 
É oficialmente mais de um ano agora. Eu sei que deveria deixar para trás, mas isso nunca realmente me deixa. Toda manhã eu acordo e por apenas um segundo eu esqueço o que aconteceu. Mas, uma vez que meus olhos se abrem, isso me encobre como um desmoronamento de pedras pontiagudas, tristes. Uma vez que meus olhos de abrem, estou pesada, como se tivesse muita gravidade pressionando meu coração. 
Quando isso acontece vocês está totalmente despreparada, fragmentada e perdida, procurando o significado oculto em cada pequena coisa. Eu repassei os eventos daquele dia cem mil vezes procurando por pistas. Um final alternativo. O efeito borboleta. 
Toda história é parte de um todo, de uma vida, entende? Felicidade, tristeza, tragédia ou seja o que for, mas uma vida inteira. E livros te permite conhecê-las. 

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