Resenha: Silo por Hugh Howey

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Resenha: O que você faria se o mundo lá fora fosse fatal, se o ar que respira pudesse matá-lo?  E se vivesse confinado em um lugar em que cada nascimento precisa ser precedido por uma morte, e uma escolha errada pode significar o fim de toda a humanidade? Essa é a história de Juliette. Esse é o mundo do silo. Em uma paisagem destruída e hostil, em um futuro ao qual poucos tiveram o azar de sobreviver, uma comunidade resiste, confinada em um gigantesco silo subterrâneo. Lá dentro, mulheres e homens vivem enclausurados, sob regulamentos estritos, cercados por segredos e mentiras. Para continuar ali, eles precisam seguir as regras, mas há quem se recuse a fazer isso. Essas pessoas são as que ousam sonhar e ter esperança, e que contagiam os outros com seu otimismo. Um crime cuja punição é simples e mortal. Elas são levadas para o lado de fora. Juliette é uma dessas pessoas. E talvez seja a última. 


Título: Silo
Autor(a): Hugh Howey
Páginas: 512
Editora: Intrínseca
Avaliação: 4,5/5 

Desde o momento em que vi que Silo seria lançado por aqui fiquei curiosa. Além de gostar muito do gênero distópico, o livro parecia ter um clima muito mais obscuro, sério e sufocante que me atraiu quase que imediatamente. E depois de pegar o livro e ser praticamente sugada para dentro de suas páginas só posso dizer uma coisa: Uau. Eu não estava esperando tudo isso o que encontrei.


Depois de algum grande desastre a Terra está inabitável, a terra está seca e o ar tão tóxico ao ponto de matar em poucos segundos. Mas antes de tudo isso acontecer foi construído um silo subterrâneo gigantesco onde as últimas pessoas vivem e sobrevivem por mais de centenas de anos. Com 144 andares e apenas uma gigantesca escada em espiral que liga todos eles, o silo é divido por áreas, tem seus andares próprios para coisas básicas como mineração, cultivo de alimentos e tratamento de água. A população é controlada rigidamente, casamentos precisam ser informados e aceitos, casais que querem ter filhos entram em uma loteria onde que só roda quando alguém morre e existe só uma única punição para grande crimes: a limpeza. Por ficar embaixo da terra, a única forma das pessoas verem o mundo exterior é através de câmeras que mostram suas imagens em grandes telões do primeiro andar. Mas as câmeras ficam sujas e embaçadas e, de vez em quando, alguém precisa sair para limpa-las e, consequentemente, morrer. 

Diferente do que estamos acostumados, Silo é uma distopia voltada para o público adulto, não só por ter personagens adultos, mas, principalmente, pela maneira com que o autor aborda e escreve a estória. Confesso que assim que comecei a leitura fiquei um pouco incomodada com a narrativa lenta e enrolada, mas logo acabei percebendo o porque dela ser assim. 
O Hugh Howey consegue descrever como ninguém, eu conseguia visualizar perfeitamente cada pequeno cenário citado no livro, mas não é esse o único e grande mérito das descrições do autor. Assim como ele descreve perfeitamente bem cenários, ele também sabe descrever muito bem as pessoas, suas personalidades, emoções, motivações, tudo que fazem delas pessoas diferentes e únicas. Mesmo torcendo o nariz para a narrativa no começo eu logo depois entendi seu propósito, o autor estava criando o terreno para que o leitor logo depois fosse capturado tão completamente pela estória que nada mais importaria, tudo iria valer a pena. 

E como disse no começo da resenha, eu fui sugada para as páginas. O livro consegue te envolver, te fazer sentir parte dele e sentir cada pequena coisa descrita ali. Enquanto estava lendo eu senti claustrofobia, tensão, medo, uma sensação absurda de estar sendo vigiada. 
Ao mesmo tempo consegui compreender os personagens, seus pensamentos e ações, e torcer com todas as minhas forças para que as coisas dessem certo. Poucos autores conseguem fazer essa conexão tão intensa com o leitor em tão pouco tempo de livro, logo na página 50 já estava rendida pela estória e a única coisa que conseguia fazer era ler para saber logo o fim, mas ao mesmo tempo não querendo que o livro acabasse nunca. 

Mas esse não é o único ponto positivo da escrita do Hugh Howey, ele tem também uma inteligencia singular para criar a rede de conexões de sua estória, dar pistas e mesmo assim surgir com reviravoltas que você não estava esperando. O plano de fundo de Silo é riquíssimo, muito bem pensado e, ainda melhor, muito bem aproveitado pelo autor. 
É legal descobrir também a luta que o autor teve para publicar seu livro. A estória foi primeiro publicada como contos e só depois, quando foi finalmente comprado por uma editora, transformado em volumes únicos. A trilogia é composta por um segundo livro que é, na verdade, um prequel que conta a criação do Silo e depois, finalmente, uma continuação desse primeiro volume.  

O que eu posso dizer para vocês é que estou de queixo caído com esse livro, eu espera algo bom quando comecei a leitura, mas não algo tão diferente, tão bem feito, tão intenso. Qualquer fã de distopia devia ler esse livro, e até mesmo quem não gosta muito devia dar uma chance, porque ele é muito mais maduro e forte do qualquer um que eu tenha lido até agora. É aquele tipo de leitura intrigante que te consome de todas as maneiras possíveis, você vai sentir toda a tensão dos personagens na pele e mesmo assim querer cada vez mais. Nem preciso dizer que estou louca pelos outros dois livros. 
(...) Quem quer que tenha sido, todos os levantes ocorreram por causa dessa dúvida, da sensação de que nós estamos no pior lugar, bem aqui.
Você ria ou para manter a sanidade, ou porque tinha desistido dela. De um jeito ou de outro, você ria.
O que nós fazemos define quem somos, nunca se esqueça disso.

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