Resenha: Incendeia-me por Tahereh Mafi

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Sinopse: destino do Ponto Ômega é desconhecido. Todas as pessoas com quem Juliette se importa podem estar mortas. Talvez a guerra tenha chegado ao fim antes mesmo de ter começado. Juliette foi a única que restou no caminho d O Restabelecimento. E sabe que, se ela sobreviver, O Restabelecimento não sobreviverá. Entretanto, para destruir O Restabelecimento e o homem que quase a matou, Juliette vai precisar da ajuda de alguém em quem nunca pensou que pudesse confiar: Warner. Enquanto eles lutam juntos para combater o inimigo, Juliette descobre que tudo que ela pensava saber sobre seu poder, sobre Warner e até mesmo Adam era uma mentira.
Título: Incendeia-me - Estilhaça-me #3
Autor(a): Tahereh Mafi
Páginas: 384
Editora: Novo Conceito
Avaliação: 5/5


Contém spoilers dos livros anteriores.
Desde que li Estilhaça-me eu adquiri um sentimento especial por essa série, ela não é perfeita, longe disso, mas me proporcionava leituras tão prazerosas que é muito difícil para mim não amar tudo. Depois de comentários um tanto quanto negativos eu estava receosa quando comecei Incendeia-me. Mas eu não precisava disso, porque eu simplesmente amei cada minuto que passei lendo esse livro. Poucas vezes me senti tão feliz terminando um livro e sinto que não vou conseguir expressar tudo tão perfeitamente quanto queria nessa resenha.


Incendeia-me deixa claro que a série se trata, acima de tudo, sobre a jornada da Juliette para descobrir a si mesma. Em Estilhaça-me nós temos uma garota que tem medo de tudo, não só do seu poder, mas dos seus sentimentos, das suas vontade e até mesmo de suas palavras, que ela vive rabiscando, negligenciando. Em Liberta-me ela começa a descobrir a sua força, mas ainda carrega muita vergonha de si mesma, de ser quem é, de ter o poder que tem e de sentir o que sente. Mas em Incendeia-me a Juliette finalmente aceita quem é, e não digo só por aceitar seus poderes, mas por, principalmente, aceitar seus sentimentos e sua natureza. 
Ela se torna alguém forte, decidida, corajosa e que está ciente que não precisa fingir ser quem não é para ser feliz, que ela não precisa se encaixar nas expectativas das outras pessoas. É simplesmente incrível acompanhar a jornada de alguém percebendo que todo o poder de transformar a sua vida está dentro de si e que ser você mesmo é o suficiente, é o certo. 
E foi ótimo poder acompanhar esse último livro através dos olhos de alguém com tamanha convicção e força, assim como é maravilhoso perceber como ela se tornou uma verdadeira protagonista. 

Além da jornada da Juliette, a trilogia como um todo é também muito focada nos personagens, nos seus sentimentos, no desenvolvimento deles e as relações que constroem uns com os outros. E nesse sentido não tem como não falar sobre os Warner. Se me dissessem, depois de Estilhaça-me, que eu ia amar tanto esse personagem eu simplesmente ia rir de descrença. É incrível como o Warner cresceu, como nós fomos tirando todas as suas camadas e descobrindo a pessoa intensa, machucada e incrível que existia por baixo da casca que ele mostrava para o mundo. 
Eu amo o Warner agora, de verdade, ele traz tanta vida para as páginas, cada cena que ele aparece é maravilhosa. Eu amo a relação dele com a Juliette, todas as vezes que estavam juntos em cena eu podia sentir e tocar a tensão entre eles. Sinceramente, não sei descrever quanto amor sinto por esse personagem e quanta admiração. 

Assim como não tem como não falar do Warner, não tem como, também, não falar do Benji. Eu gostei muito dele no livro anterior, mas sério, eu simplesmente me apaixonei completamente por ele nesse livro! O bom humor dele é contagiante, as tiradas dele são genias, as frases engraçadas que ele solta a todo momento, não tem como não rir e como não amar. Mas o mais incrível é a amizade que ele cria com a Juliette, foi somente nesse livro que percebi a força dela e como ela é sincera, como eles se abrem um com o outro e falam de tudo com sinceridade e sem julgamentos. Sério, o Benji é incrível e muito engraçado e não tem como não morrer de amores por todas as cenas deles juntos. 

Eu já disse isso nas duas resenhas anteriores, mas não vou cansar de repetir: a escrita da Tahereh Mafi é a coisa mais espetacular dessa série. Ela é tão poética, tão intensa, tão linda e tão singular que não tem como explicar o quão incrível é. Sei que quem está lendo essa resenha já sabe do que eu estou falando, mas preciso deixar registrado que a maior marca que a Tahereh Mafi vai deixar, para mim, é sua maneira única de contar uma estória e expressar sentimentos. 
Ainda falando da autora, gostei muito de algumas mensagens que ela deixou. A primeira delas está ligada as escolhas amorosas que a Juliette faz ao longo desse livro. Achei que a Tahereh Mafi foi muito corajosa em fazer essas escolhas, em dar um tapa na cara de autores que apostam em romances clichês e estereotipados. Tem algumas passagens em que o Warner critica os sentimentos da personagem pelo Adam que sério, eu bati palmas para ele, ele tirou as palavras da minha boca! A segunda e maior mensagem que acredito que a autora deixou foi sobre valorizar você acima de tudo, de encontrar a sua própria força e saber que você e sua própria felicidade vem acima de qualquer um e qualquer coisa. Como é difícil encontrar isso em livros jovens adultos!

Mas o livro tem seus problemas. A distopia em si nunca foi uma prioridade e o final dado para esse conflito é muito corrido e direto. Na verdade, o final é talvez o grande porém desse livro. Ele é super aberto e, bem, utópico, tudo termina bem demais para o gênero em que o livro é classificado. Não vou negar que daria tudo - tudo! - por mais um prólogo, isso porque achei a última cena linda e simbólica, mas queria muito mesmo saber mais como tudo fica no futuro. 
Eu sei que esses seriam motivos para tirar notas do livro mas a única coisa que conseguia pensar quando terminei o livro foi: Dane-se! Eu amei tudo isso, mesmo com seus defeitos, eu me senti tão bem lendo, eu simplesmente senti tanta coisa boa que não tem como não amar tudo! Eu fiquei tão feliz quando fechei esse livro que mesmo que minha parte crítica tenha encontrado problemas eu ignorei ela e fui levada pela emoção de ter amado completamente todas as páginas desse livro. 

A trilogia como um todo se tornou uma favorita, mas esse livro em especial se tornou um verdadeiro favorito. Incendia-me me proporcionou tantas emoções intensas e boas e lindas que não tem como não amar, como não sair surtando por aí sobre o quanto gostei desse livro e desses personagens. Eu queria mais livros, e não só pra saber o que acontece depois, mas simplesmente porque queria passar mais tempo com o Warner, o Kenji e essa nova versão da Juliette, porque queria me deliciar mais com a escrita maravilhosa da Tahereh Mafi e queria sentir mais de todos esses sentimentos incríveis que esse livro me proporcionou. Sei que escrevi muito, mas se pudesse diria ainda muito mais, não consigo achar que nada disso é suficiente. Final incrível, livro incrível, personagens incríveis e tristeza eterna por ter chegado ao final. 
Meus olhos estão se enchendo depressa com lágrimas e eu pisco e pisco, mas o mundo está uma bagunça e eu quero rir porque tudo em que consigo pensar é em como é horrível e lindo, que nossos olhos embaçam a verdade quando não aguentamos ver.
Mas tem algo na escuridão, na calmaria desta hora, eu acho, que cria uma linguagem própria. Há um tipo esquisito de liberdade no escuro; uma vulnerabilidade aterrorizante que permitimos a nós mesmos exatamente no momento errado, enganados pela escuridão, pensando que ela guardará nossos segredos. Esquecemos que a escuridão não é um lençol; esquecemos que o sol nascerá logo. 
Palavras, eu penso, são criaturas muito imprevisíveis. Nenhuma arma, nenhuma espada, nenhum exército nem rei um dia será mais poderoso que uma frase. As espadas podem cortar e matar, mas as palavras vão golpear e ficar, enterrando-se em nossos ossos para virarem corpos mortos que carregamos para o futuro, sempre cavando e sem conseguir arrancar seus esqueletos de nossa carne.
É um beijo pesado e inacreditável. É o tipo de beijo que inspira estrelas a subirem ao céu e iluminarem o mundo. O tipo que demora para sempre e não demora tempo algum. As mãos dele estão segurando minhas bochechas e ele se afasta apenas para me olhar nos olhos e seu peito está arfando quando ele diz “eu acho”, ele diz, “que meu coração vai explodir” e eu desejo, mais do que nunca, saber como guardar momentos assim e revisitá-los para sempre.

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