Filme x Livro: Cidades de Papel

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Cidades de Papel é o meu segundo livro favorito do John Green (e olha que dizer isso não é pouco!), mas entendo porque muita gente não goste tanto dele assim. O livro é muito mais introspectivo e se foca principalmente no desenvolvimento pessoal do seu personagem e é exatamente por isso que eu fiquei com medo quando soube que ele seria adaptado para o cinema. Uma das coisas que eu mais amo no livro são as suas metáforas e suas reflexões, coisas praticamente impossíveis de se passar para as telas. Mas posso afirmar que fiquei muito feliz com o filme e, principalmente, em perceber que ele conseguiu passar as mesmas mensagens do livro. Isso, para mim, é o mais importante.

Como eu disse, é muito difícil traduzir para o cinema todos os pensamentos e todas as reflexões que o John Green colocou no seu livro e é por isso que achei uma escolha muito inteligente dos roteiristas de optarem por trabalhar com apenas alguns pontos da estória original. O filme tem alguns focos bem delineados, o de mostrar toda aquela reflexão de não enxergamos as pessoas como elas são, mas sim um imagem que criamos (que comentei melhor na resenha do livro), o de mostrar o crescimento pessoal do Quentin, mas, principalmente, a sua relação com os amigos e a passagem da adolescência para a vida adulta. Não vou dizer que não me senti mal vendo todo o trabalho de reflexão presente no livro ser deixado de lado, mas entendi essa escolha e, na minha visão, foi passado para as telas tudo que era cabível e coerente com o filme que estavam produzindo. E fizeram isso com maestria! Todas essas mensagens são passadas de maneiras maravilhosas e marcantes, trazendo para a vida a narrativa e a incrível visão de mundo do Johh Green, 




Mas o que me deixou mais feliz vendo o filme foi que eu senti a essência do livro completamente, Eu reli Cidades de Papel há algumas semanas para que pudesse analisar com maior propriedade esse quesito e o que eu senti é que mesmo com as limitações existentes, eles fizeram o máximo possível para trazer o livro para as telas. E eu digo isso me baseando em todos os detalhes que eles fizeram questão de inserir: os papais noeis negros, o apelido "Mija-Sangue" do Ben, a existência do Omictionary, o caderninho preto da Margo, a brincadeira do Q com o Ben e o Radar de disputarem quem tem o melhor exemplo (como quando ficam brincando sobre "Encontrar um par para o baile para o Ben é tão difícil quanto ..."), entre muitas outras coisas. Tudo isso são meros detalhes - uns mais bem desenvolvidos, outros só citados -, mas são exatamente os detalhes que fazem diferença, que dão identidade para uma estória. E o que eu assisti foi uma adaptação fiel e muito bem feita de Cidades de Papel. Quanto a isso não existe a menor dúvida. 
É claro que algumas mudanças existem, algumas coisas são cortadas e muitas outras acrescentadas, mas concordo com o John Green quando ele disse que elas só melhoraram o que já existia e não tiraram nada do contesto. (Não entendi o que estavam reclamando do final, ele não é diferente do livro em questão de conteúdo, só inseriu algumas coisas a mais que para mim faltaram no livro e proporcionaram um fechamento melhor para a estória). 

Agora vamos falar de pontos mais técnicos. Eu amei o elenco, de verdade. Confesso que duvidava muito da Cara Delavingne, mas ela construiu uma ótima Margo e se mostrou muito bem em cena. Só que o grande destaque, para mim, está no resto do elenco. Eu tinha certeza que o Natt Wolf ia ser um ótimo Quentin e estava super certa quanto a isso, ele incorporou o personagem - nos seus gestos, na sua postura, etc. - e conseguiu transmitir muito bem o desenvolvimento e amadurecimento pelo qual o personagem passa. Mas a minha grande surpresa ficou por conta do Ben (Austin Abrams) e do Radar (Justice Smith) e em como os personagens estão incríveis em cena, completamente coerentes com o livro, e se transformando no grande diferencial do filme. Na resenha de Cidades de Papel eu comentei que o John Green consegue conversar super bem com idade para qual escreve e dá para se perceber isso pelos diálogos memoráveis e incrivelmente reais dos três melhores amigos. E no filme isso é exatamente igual. A química deles é tão boa que, como alguém já comentou em uma crítica que li, parece que estávamos vendo gravações dos bastidores de tão natural e certo que esses amigos parecem juntos. E isso é, sem a menor dúvida, um mérito total dos atores.


O filme conseguiu balancear muito bem todos os elementos da estória, encurtando as partes que são mais cansativas do livro e dando uma dinâmica gostosa de se acompanhar para adaptação. Eu me envolvi pela dedicação incansável do Quentin, chorei de tanto rir dos seus melhores amigos (a road trip é simplesmente espetacular de tão maravilhosa) e quase derrubei algumas lágrimas em um certo momento. Cidades de Papel é um filme muito humano, muito "real", que retrata esse momento da vida de uma forma sincera e muito difícil de se encontrar em filmes do gênero. 

É claro que em comparação, eu prefiro o livro. Em 98% das vezes nós sempre vamos preferir os livros, ainda mais quando estamos falando de um livro escrito pelo John Green. Mas não poderia ficar mais feliz com essa adaptação que traduz com muito respeito e carinho a obra original para as telas e conseguiu me fazer sentir novamente tudo o que senti lendo o livro. Mas sabe o que foi mais incrível para mim? Ir ler as críticas do filme e ver que, além de gostarem muito dele, todos entenderam as mensagem que, há anos, o John Green quis passar escrevendo essa estória. Isso para mim é o que faz tudo valer a pena. 

Um PS sobre participações especiais: O John Green que me desculpe mais a sua participação ficou eclipsada por outra que me pegou COMPLETAMENTE de surpresa. Sério, entrei em choque e agora só quero dizer que isso foi muito amor! Apaixonada pela essa amizade e companheirismo <3

Um PS sobre se cantar músicas para esquecer do medo: MELHOR MÚSICA E CENA DE TODAS!


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