Resenha: Fragmentados por Neal Shusterman
15:39Sinopse: Em uma sociedade em que os jovens rejeitados são destinados a terem seus corpos reduzidos a pedaços, três fugitivos lutam contra o sistema que os fragmentaria .Unidos pelo acaso e pelo desespero, esses improváveis companheiros fazem uma alucinante viagem pelo país, conscientes de que suas vidas estão em jogo. Se conseguirem sobreviver até completarem 18 anos, estarão salvos. No entanto, quando cada parte de seus corpos desde as mãos até o coração é caçada por um mundo ensandecido, 18 anos parece muito, muito longe.Título: Fragmentados
Autor(a): Neal Shusterman
Páginas: 320
Editora: Novo Conceito
Avaliação: 4/5
Logo que li a sinopse já me surpreendi com a premissa de Fragmentados. As distopias sempre surpreende com as suas visões distorcidas do que pode acontecer no futuro, mas acredito que a ideia central desse livro seja uma das mais extremas e cruéis de todas. E foi por isso que resolvi apostar no livro e acabei sendo completamente surpreendida pela leitura. Fragmentados entra para a lista das melhores distopias que já li.
Em Fragmentados conhecemos um futuro onde a Lei da Vida é implantada e, além de outras de coisas, ela permite que caso os pais desejem eles podem enviar seus filhos para a fragmentação quando estão entre os 13 e 18 anos. Na a fragmentação todas as partes dos corpos são dividas e doadas para aqueles que precisam - ou querem - de uma nova parte para o seu corpo.
Connor, Risa e Lev são três fragmentários que se encontram no caminho dos campos de colheita, cada um vem de um realidade diferente - o primeiro foi entregue pelos pais, a garota é uma tutelada do estado e o terceiro é um dízimo -, porém juntos encontram forças para fugirem em busca da sobrevivência.
Em Fragmentados conhecemos um futuro onde a Lei da Vida é implantada e, além de outras de coisas, ela permite que caso os pais desejem eles podem enviar seus filhos para a fragmentação quando estão entre os 13 e 18 anos. Na a fragmentação todas as partes dos corpos são dividas e doadas para aqueles que precisam - ou querem - de uma nova parte para o seu corpo.
Connor, Risa e Lev são três fragmentários que se encontram no caminho dos campos de colheita, cada um vem de um realidade diferente - o primeiro foi entregue pelos pais, a garota é uma tutelada do estado e o terceiro é um dízimo -, porém juntos encontram forças para fugirem em busca da sobrevivência.
Fragmentados, não sei bem porque, me lembrou de Mentes Sombrias - o que é um mega elogio, por sinal! -, acho que parte disso vem do clima de tensão e suspense que se faz presente do início ao fim e também o enredo dinâmico onde tem sempre algo acontecendo e o jogo está sempre virando, mostrando que você nunca pode confiar em ninguém e que tudo pode mudar. Mas, não se enganem, mesmo que o livro tenha me lembrado de Mentes Sombrias, Neal Shusterman construí uma estória que possui sua própria alma. É difícil explicar esse sentimento, mas eu amo livros que são tão bem ambientados e construídos que criam o seu próprio mundo na mente do seu leitor e toda vez que você lê a estória ou pensa nela é como se você fosse transportado para outro lugar. Para mim quando um livro consegue fazer isso é porque ele muito bem escrito e construído, o que é sem dúvidas o caso de Fragmentados.
Outro grande diferencial do livro é a sua narrativa. O autor apostou na mesma narrativa usada por Michael Grant na série Gone que eu gosto tanto de usar a terceira pessoa não só nos personagens principais, mas também em personagens secundários e até mesmo em alguns que aparecem apenas uma vez para assim dar para o leitor uma visão completa de absolutamente tudo o que está acontecendo. Além de achar que a escolha desse tipo de narrativa combinou muito bem com o livro, também gostei muito da forma de escrever do Neal Shusterman. Ele conseguiu escrever um livro distópico que tem o plano de fundo bem desenvolvido, os elementos de suspense bem colocados, as partes de ação bem feitas e um desenvolvimento de personagens interessante e satisfatório. E fazer tudo isso de maneira com que a leitura não se torne cansativa e maçante é um grande desafio.
Os personagens me surpreenderam muito também. É claro que você não espera que em um livro desse gênero os personagens sejam tão bem desenvolvidos quanto em um romance, por exemplo, mas, como disse no último parágrafo, o autor fez um ótimo trabalho nesse sentido. O que eu senti quando fechei o livro foi que, no final, me senti muito próxima dos personagens principais, mesmo que durante a leitura cada personagem seja desenvolvido aos poucos. Não vou dizer que gosto de tudo neles, confesso que tenho meus problemas com o Connor, a Risa e o Lev, mas os problemas são menores do que as características positivas de cada um. Eles são personagens interessantes, diferentes, que passam por uma grande evolução durante a estória e se revelaram bons protagonistas. A verdade é que terminei o livro querendo muito saber qual seria o futuro de cada um deles.
É claro que não poderia terminar essa resenha sem falar da ideia central da estória. Eu sempre me surpreendo com as realidades alternativas criadas em livros distópicos, me surpreendo com a criatividade de pensarem em tal coisa, mas também com a horrível percepção de que nada disso surgiu do nada e que talvez algo parecido possa sim um dia acontecer. E a ideia da Fragmentação se encaixa nisso também., apesar de no começo parecer absurda e completamente maluca.
Eu achei muito interessante a forma como o Neal Shusterman construiu essa ideia e a desenvolveu, é muito impactante perceber a crueldade de tudo isso, como as pessoas simplesmente descartam os seus filhos, e como as pessoas criam desculpas esfarrapadas em suas cabeças para se sentirem melhor sobre o que fazem. A verdade é que não tem como ler esse livro e não questionar muitas coisas. Mas, para mim, a cena que descreve a fragmentação acontecendo é de longe a mais memorável do livro e a mais difícil de se digerir, eu realmente não consigo descrever a sensação de se ler aquilo.
Mas, infelizmente, Fragmentados ainda possui seus defeitos. Eu terminei a leitura pensando que faltava alguma coisa. Talvez tenha sido a falta de desenvolvimento da parte política que fica deixada de lado durante todo o livro ou talvez seja até mesmo a falta de uma maior conexão entre os três personagens principais. O que ficou foi o sentimento de que Fragmentados é um livro muito bom, mas que ainda não atingiu todo o seu potencial.
Apesar de estar em uma fase de contemporâneos não existe nada melhor do que ler de vez em quando uma boa distopia, com um bom plano de fundo e um enredo dinâmico. Fragmentados foi uma grande surpresa, superou todas as minhas expectativas e me deixou mais do que ansiosa pelo que vem pela frente nos próximos livros. (Apesar de que, se você não tiver atrás de séries no momento, o livro possui um fechamento. Então, se você quiser, pode parar no primeiro sem problemas.)
Você aprende uma coisa depois de ter vivido tanto quanto eu vivi: as pessoas não são completamente boas nem completamente ruins. A gente passa a vida toda entrando e saindo das sombras e da luz. Neste momento, eu estou feliz por estar na luz.
PS: Desculpem, mas eu simplesmente odeio essa capa. É feia demais! O livro possui várias versões de capas lá fora (a nacional é uma delas), mas eu daria tudo por ter essa aqui de baixo como a capa nacional. É super diferente, interessante e tem tudo a ver com a estória! Uma pena que isso não aconteceu :(
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