Resenha: A Culpa É Das Estrelas por John Green
15:18Sinopse: Em A Culpa é das Estrelas, Hazel é uma paciente terminal de 16 anos que tem câncer desde os 13. Ainda que, por um milagre da medicina, seu tumor tenha encolhido bastante — o que lhe dá a promessa de viver mais alguns anos —, o último capítulo de sua história foi escrito no momento do diagnóstico. Mas em todo bom enredo há uma reviravolta, e a de Hazel se chama Augustus Waters, um garoto bonito que certo dia aparece no Grupo de Apoio a Crianças com Câncer. Juntos, os dois vão preencher o pequeno infinito das páginas em branco de suas vidas.
Título: A Culpa é Das Estrelas
Autor(a): John Green
Páginas: 288
Editora: Intrínseca
Avaliação: 5/5
Eu comecei a ler esse livro esperando uma história repleta de drama e que me levaria a chorar igual a um bebê. A parte do choro eu acertei, mas John Green criou um enredo muito maior e mais elaborado que um simples drama e em que o drama em si é nada mais que um "efeito colateral."
O livro conta a história a partir do ponto de vista de Hazel, uma garota de dezesseis anos que é portadora de um câncer pulmonar em estágio terminal. E que, em uma das suas reuniões no Grupo de Apoio as Cranças com Câncer que sua mãe a obriga a ir, ela conhece Augustus Waters, um adolescente que sobreviveu ao câncer. E, claro, eles se apaixonam.
E, como eu disse, é aí que você pensa que você vai se deparar com uma história super dramática que vai fazer você morrer de pena dos personagens do livro. Mas é aí que nós cometemos o maior erro. Eu não chamaria esse livro de dramático, mas sim de trágico. E não senti pena de nenhum dos personagens em nenhum momento, mas raiva por eles terem que passar por aquela maldita situação.
A Hazel pode parecer até meio egoísta e irritante, com todas as vezes que ela critica a pena que as pessoas dirigem aos doentes, mas eu vejo isso como um resultado de tudo que ela passou. Ela sabe que vai morrer, só não sabe quando, se vai ter mais um dia ou um ano pela frente, mas ela já aceitou isso. O que tem medo na verdade é de machucar as pessoas ao seu redor, ela mesma se chamou de uma granada, pronta para explodir e ferir todas as pessoas que a amam. E é por isso que ela tenta afastar Augustus no começo, mas no final não tem como, já que eles já tinham criado um relação forte e especial. Uma das coisas que me fez sentir mais perto dos dois foi o fato de ambos serem apaixonados por livros e foi um livro que os ligou e deram a eles a maior aventura de suas vidas.
Augustus é um dos personagens mais incríveis que eu já tive a oportunidade de conhecer, e eu posso escrever parágrafos tentando explicar o porque mais só quem lê o livro e sente a sua essência pode enter como ele é encantador. E o amor que ele e a Hazel constroem é muito especial: belo, puro e singelo, mas ao mesmo tempo não é idealizado, os dois sabem que ela vai morrer e que com isso vai deixar um machucado em Augustos. É impossível não se apaixonar pelos dois. E é sobre isso que a história trata, além do autor querer nos mostrar que portadores de câncer não são só portadores de câncer, são pessoas normais e que merecem viver uma vida normal enquanto ainda podem, a sua verdadeira intenção é mostrar o amor em suas diversas formas e o bem e o mal que ele pode causar nos que amam e também nos que são amados
Um ponto que, para mim, é dos um destaques do livros é relação de Hazel com seus pais. Ela sabe que os seus pais sacrificaram boa parte de suas vidas para cuidar dela e dá pra sentir que o seu maior medo é o estrago que ela vai fazer na vida deles quando vão embora, como a mãe que vive 24 horas por dia para cuidar dela vai se recuperar quando perdê-la? É uma parte do enredo que realmente toca os leitores e que comove.
Mas se engana quem pensa que A Culpa É Das Estrelas só trata de temas difíceis e tristes. Não mesmo. O livro também me rendeu muitos sorrisos e risadas, é carregado de humor negro quando Hazel, Augustos e Isaac - amigo de Augustus e portador de câncer ocular, meu terceiro personagem favorito do livro - fazem piada com suas próprias doenças. E não é que uma piada que envolve o diagrama de Venn pode ser engraçada?
Foi o primeiro livro do John Green que eu li e me apaixonei pela sua escrita, ele tem uma forma poética de escrever que cria uma narrativa com uma carga emocional tão grande que é impossível não se sentir tocada pelas palavras. E uma coisa que me surpreendeu muito foi o conteúdo filosófico do texto. Todo o livro, desde os pensamentos da Hazel e, principalmente, os diálogos com Augustus são repletos de reflexões, uma coisa que eu achei genial e que eu admirei muito, já que é difícil encontrar livros para jovens que explore nem que seja um pouco mais profundamente a vida e o mundo a nossa volta. Mas só uma coisa realmente me incomodou: em várias partes o autor conta sobre os livros, os filmes ou o que está acontecendo na partida de videogame que eles estão jogando e isso me incomodou um pouco, achei desnecessário a maior parte.
A Culpa É Das Estrelas é um livro especial, que te faz passar por todas as emoções possíveis e que no final te deixa chorando durante uma hora sem parar se você for uma manteiga derretida assim como eu. É um livro que eu com certeza vou reler muitas vezes e que não importa o quanto eu o elogie para vocês, nunca vai ser suficiente para explicar o meu amor por ele. É um livro que todo mundo deveria ler, porque ele merece ser lido.
Muito obrigada John Green, por essa linda experiência, e quem não leu ainda, acreditem em mim, vocês precisam conhecer essa história linda.
Passei a maior parte da minha vida tentando não chorar na frente das pessoas que me amavam, por isso sabia o que o Augustus estava fazendo. Você trinca os dentes. Você olha para cima. Você diz a si mesmo que se eles o virem chorando, aquilo vai magoá-los, e você não vai ser nada mais que Uma Tristeza na vida deles. Você não deve se transformar numa mera tristeza, então não vai chorar, e você diz tudo isso para si mesmo enquanto olha para o teto. Aí engole em seco, mesmo que sua garganta não queira, olha para a pessoa que ama você e sorri.
Parecia que tinha sido, tipo, há uma eternidade, como se tivéssemos vivido uma breve, mas infinita, eternidade. Alguns infinitos são maiores que outros.
O que mais? Ela é tão linda! Não me canso de olhar para ela. Não me preocupo se ela é mais inteligente que eu: sei que é. É engraçada sem nunca ser má. Eu a amo. Sou muito sortudo por amá-la, Van Houten. Não dá para escolher se você vai ou não vai se ferir neste mundo, meu velho, mas é possível escolher quem vai feri-lo. Eu aceito as minhas escolhas. Espero que a Hazel aceite as dela.
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