Resenha: As Vantagens De Ser Invisível por Stephen Chbosky

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Sinopse: O livro reúne as cartas de Charlie, um adolescente de quem pouco se sabe - a não ser pelo que ele conta ao amigo nessas correspondências -, que vive entre a apatia e o entusiasmo, tateando territórios inexplorados, encurralado entre o desejo de viver a própria vida e ao mesmo tempo fugir dela. As dificuldades do ambiente escolar, muitas vezes ameaçador, as descobertas dos primeiros encontros amorosos, os dramas familiares, as festas alucinantes e a eterna vontade de se sentir "infinito" ao lado dos amigos são temas que enchem de alegria e angústia a cabeça do protagonista em fase de amadurecimento. Stephen Chbosky capta com emoção esse vaivém dos sentidos e dos sentimentos e constrói uma narrativa vigorosa costurada pelas cartas de Charlie endereçadas a um amigo que não se sabe se real ou imaginário.




Título: As Vantagens De Ser Invisível
Autor(a): Stephen Chbosky
Páginas: 223
Editora: Rocco
Avaliação: 4,5/5

Chbosky escreveu um livro atemporal que apesar de se passar nos anos 90 não poderia ser mais atual. E o melhor é que ele trata a descoberta da adolescência da forma mais verdadeira e sincera que eu já vi.


O livro é todo feito de cartas que Charlie - que não se chama assim na realidade, ele diz que mudou os nomes de todos os personagens até o dele mesmo - manda para um amigo que nós não sabemos quem é e nem se ele realmente existe. Charlie só queria alguém que o escutasse e entendesse sem julgamentos e por isso resolve escrever essas cartas. Ele começa expondo o medo dele de ir para o primeiro dia de aula sem amigos e a partir daí se desenvolve todo o enredo onde ele finalmente encontra um grupo onde se encaixa e começa a descobrir as coisas da vida ao mesmo tempo que tem que conviver com seus problemas familiares.

Charlie tem 15 anos, mas a sua personalidade é bastante infantil, ele é ingênuo e movido a impulsos e isso fez um personagem ter uma característica que realmente me incomodou muio durante a leitura: ele chora muito, mas muito mesmo, em vários momentos e ás vezes por coisas muito bobas e eu achei isso um pouco forçado. Mas, tirando a parte do choro, no final nós acabamos entendendo o porquê dessa personalidade infantil do Charlie. Patrick e Sam são os amigos que ele finalmente encontra depois de tanto tempo e são personagens apaixonantes e diferentemente de Charlie, eles são maduros e não tem medo e nem receio de viver. São personagens bem intensos. Outro personagem que merece destaque é o professor de Inglês de Charlie que foi muito importante para o crescimento dele.

Essa construção ingênua e sensível de Charlie faz que com o livro nos traga uma visão sem rodeios das descobertas dele sobre a vida e trata de temas como drogas, sexo, homossexualismo, abusos e violência de uma forma tão simples e suave e ao mesmo tempo forte que se torna chocante para nós, leitores. A forma como Charlie conta sobre tudo ao seu amigo nas suas cartas, não querendo esconder nada dele, é de uma naturalidade e simplicidade que nunca vi para tratarem esses temas. O autor não quer te comover, ele insere todas essas coisas na história da mesma forma que acontece na nossa vida, naturalmente e sem aviso prévio. 

Outro ponto que enriquece muito a leitura são todos os livros citados, todas as referencias musicas e aquelas pequenas características dos anos 90 que nos fazem lembrar que aquilo na verdade se passa no passado. Fitas de música, videocassete, aqueles bailes escolares característicos dessa época, discos,... é uma delícia de ler. E uma coisa muito interessantemente do enredo é que ele não trata apenas da escola e dos amigos e sobre se encaixar, mas a convivência de Charlie com a família é também muito explorado e é esse relacionamento que é responsável por dois dos mais importantes momentos do enredo. 

A fato do autor ter desenvolvido a narração em cartas pode ser um ponto negativo para a maioria, mas acreditem em mim, não é. O Charlie é quase um narrador em terceira pessoa e nós só lembramos que aquilo é na verdade uma carta só quando lemos o "Com amor, Charlie." do final. E, ao meu ver, a narrativa em cartas deu uma visão e uma essência única ao livro, que talvez não seria tão verdadeiro sem isso. 

Como disse no início, As Vantagens De Ser Invisível é um livro atemporal porque trata de temas adolescente na sua forma mais íntima e real, mostra conflitos internos, problemas em achar pessoas que te entendam e aceitem, como lidar com o fato de estar crescendo e todas as coisas novas que esse amadurecimento traz além de temas fortes e polêmicos que uma vez ou outra nós vamos esbarrar durante a vida. Uma prova disso é que o livro foi publicado em 1999 e se eu não soubesse disso quando li, podia jurar que era uma história tão atual quanto for possível. É um livro para ler e pensar no que ele está sendo dito, é preciso estar com a mente aberta para digerir tudo que o autor quis nos dizer naquelas linhas. É um livro gostoso de ler, que fluí e é tocante da sua própria forma. É aquele tipo de história que você nunca vai esquecer. E se você quer entender o que é ser "infinito" só digo uma coisa, leia. 
Chegamos ao centro. As luzes nos prédios e todo o resto eram maravilhosos. Sam se sentou e começou a rir. Patrick também riu. Eu comecei a rir.E naquele momento eu seria capaz de jurar que éramos infinitos.
Não sei se você já se sentiu assim, querendo dormir por mil anos. Ou se sentiu que não existe. Ou que não tem consciência de que existe. Ou algo parecido. Acho que querer isso é muito mórbido, mas eu quero quando me sinto assim.
Não há nada como a respiração profunda depois de dar uma gargalhada. Nada no mundo se compara à barriga dolorida pelas razões certas. E essa era ótima.

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