Resenha: O Teorema Katherine por John Green

15:41

Sinopse: Após seu mais recente e traumático pé na bunda - o décimo nono de sua ainda jovem vida, todos perpetrados por namoradas de nome Katherine - Colin Singleton resolve cair na estrada. Dirigindo o Rabecão de Satã, com seu caderninho de anotações no bolso e o melhor amigo no carona, o ex-criança prodígio, viciado em anagramas e PhD em levar o fora, descobre sua verdadeira missão: elaborar e comprovar o Teorema Fundamental da Previsibilidade das Katherines, que tornará possível antever, através da linguagem universal da matemática, o desfecho de qualquer relacionamento antes mesmo que as duas pessoas se conheçam. Uma descoberta que vai entrar para a história, vai vingar séculos de injusta vantagem entre Terminantes e Terminados e, enfim, elevará Colin Singleton diretamente ao distinto posto de gênio da humanidade. Também, é claro, vai ajudá-lo a reconquistar sua garota. Ou, pelo menos, é isso o que ele espera.


Título: O Teorema Katherine 
Autor(a): John Green
Páginas: 304
Editora: Intrínseca
Avaliação: 5/5

Depois de me apaixonar tanto por A Culpa É Das Estrelas, minha melhor leitura do ano passado, confesso que estava muito ansiosa e esperando muito de O Teorema Katherine. E posso dizer que mais uma vez a estória aparentemente tão simples, mas cheia de sentimentos e conteúdo criada por John Green me conquistou e me fez, inegavelmente, uma fã do autor. 


Colin é um prodígio, desde muito pequeno seus pais descobriram a sua inteligência precoce e fora da média e o incentivaram a se tornar um pequeno gênio. Colin adora fazer anagramas, sabe mais de onze línguas, gosta muito de história e não vive sem um livro por perto. Mas agora ele já completou 17 anos, está indo para faculdade e a sua aspiração de se tornar um gênio, alguém que faça uma descoberta memorável e seja lembrado para sempre, está indo pelo ralo já que ainda não teve o seu momento eureca. E para piorar ele está na fossa por ter sido chutado pela sua ex-namorada, Katherine. Ou melhor, a Katherine XIX. Porque aqui está um fato importante sobre Colin, ele só namorou Katherines durante toda a sua vida, dezenove até agora, e sempre foi dispensado por elas pelos motivos mais sem sentido. 
Quando Hassan - seu único amigo, o único que que conseguia conviver com os vários comentários e curiosidades não tão interessantes assim que Colin dizia o tempo todo e muitas vezes sem perceber - viu como o amigo estava mal, resolveu que era hora deles darem um tempo da cidade e saírem viajando sem rumo certo. 
A vida de ambos muda quando eles chegam a Gutshot, uma cidadezinha de interior onde está enterrado Arquiduque Francisco Ferdinando, onde eles conhecem Lindsey e onde Colin finalmente tem seu momento eureca depois de levar uma pancada na cabeça. E se existisse uma fórmula matemática que previsse um relacionamento? Representando através de um gráfico o tempo de duração e quem seria seria o Terminante e o Terminado? É a aí que surge a ideia inical de Colin do Teorema Fundamental da Previsibilidade de Katherines.

Uma das várias qualidades do John Green é pegar uma estória aparentemente simples e inundá-la com elementos que a deixam excepcional, como ele fez com a de Colin. O livro é extremamente encantador por, principalmente, contar uma estória crível e que se conecta profundamente com o leitor. Mas vamos falar sobre esses tais elementos que eu citei aí em cima. 

O autor não criou personagens perfeitos, todos eles, principalmente o Colin, o Hassan e a Lindsey, são repleto de defeitos, mas ao mesmo tempo cheio de qualidades e virtudes. São personagens complexos, com lutas internas, duvídas e que muitas vezes passam suas reflexões sobre as suas atitudes para nós, fazendo com que repensemos as nossas. Tudo isso faz com seja impossível de não se identificar nem um pouco que seja com eles. 

Não simpatizei de cara com o Colin, na realidade ele me irritou bastante com todo o drama de fim do namoro e de estar perdendo a sua chance de ser um gênio. Mas conforme nós vamos avançado na leitura a gente passa a entender melhor os sentimentos e as motivação do personagem dá para compreender porque a Katherine XIX é tão importante e porque ele está tão desesperado por sua grande descoberta. Colin durante toda a sua vida foi O Prodígio, isso pode ter tirado dele muitas coisas, como amigos, mas ele gosta de ser assim, na verdade ele não se enxerga sendo qualquer outra coisa. E agora ele está vendo isso se perdendo dele e, sem a única coisa que ele sempre teve certeza de ser, é bem fácil entender o medo de se ver perdido na vida. 

Já Hassan me conquistou de cara, com um ótimo senso de humor, ele é o perfeito contraponto de Colin e um ótimo amigo. Mas ele não é só o cara engraçado, com o tempo nós percebemos a importância dele na vida de Colin e também sentimos um pouco de raiva com algumas atitudes dele, mas ele é um inegável elemento que dá alma ao livro.

Uma das características do primeiro livro que eu li do John Green e que eu adorei foi como ele intercala a narrativa simples e os diálogos com elementos característicos da idade dos seus personagens com passagens cheias de conteúdo, no caso de O Teorema Katherine as curiosidades, as referências históricas e as inevitáveis referências de matemática. Fico encantada com livros que te passam mais do a estória dos personagens, que de alguma forma traga um pouco mais de conhecimento para o leitor. Adorei e me encantei ainda mais com Colin por causa das curiosidades e fatos históricos que uma hora ou outra ele soltava, mas para quem não gostar de isso não tem problema. A maioria dos detalhes o autor deixou em notas de rodapé no final de cada capítulo, então a leitura é opcional. Além disso, no final do livro tem a explicação matemática de como foi feito o teorema pelo amigo matemático do John Green que foi o responsável pela criação dessa parte do livro. Apesar de odiar exatas, eu li esse adendo e está bem simplificado e consegui entender um pouco melhor o pensamento do personagem. Tudo isso mostra o cuidado do John Green na hora de escrever o livro, o que é o que está faltando para muitos autores por aí. 

O autor levanta questionamentos muito válidos e interessantes, assim como em A Cupa É Das Estrelas ele debate sobre o porque dessa necessidade que temos de fazer um marca no mundo, de não nos contentarmos em sermos lembrados só por algumas pessoas, mas por queremos sermos lembrados para sempre e que a vida só vale a pena se isso acontecer. Além disso John Green levanta um questionamento sobre tentarmos ser quem não somos só para agradarmos uma pessoa ou um grupo, até que ponto podemos fingir até que a gente se perca tando que não vamos nem mais saber quem somos de verdade? E mais nas entrelinhas o autor fala sobre amadurecimento, auto conhecimento e problema da excessiva cobrança que fazemos sobre os outros e sobre nós mesmos.

A narrativa do John Green é deliciosa, é fluída, simples e te envolve completamente no enredo. Além de ser em terceira pessoa, a narrativa intercala o presente com o passado de Colin, o que nos dá maior entendimento e uma visão mais ampla da estória. Outra coisa que eu adorei foi as notas de rodapé que ele fez, além de serem cheia de maiores detalhes, como disse aí em cima, muitas vezes são carregadas de humor e aumentam a interação do leitor com o autor. Falando de humor, o livro é repleto de ironias e partes bem engraçadas.

Só queria deixar claro que não peguem O Teorema Katherine esperando um outro A Culpa É Das Estrelas, apesar de terem algumas semelhanças que eu já citei na parte estrutural, eles tem propostas bem diferentes. O Teorema Katherine é um livro leve e divertido, mas que te conquista de uma forma indescritível, fechei ele sentindo uma necessidade louca de mais John Green, de mais uma estória maravilhosa que mexesse ainda mais comigo. Pode trazer mais Intrínseca, a gente vai ficar em feliz em gastar com ele. 
O Problema mesmo era que Ele não era importante. Colin Singleton, célebre menino prodígio, célebre veterano de Conflitos Katherínicos, célebre nerd e sitzpinkler, não era importante para a Katherine XIX, e não era importante para o mundo. De repente, ele não era mais o namorado de ninguém nem o gênio de ninguém. E isso — utilizando o tipo de expressão complexa que se esperaria ouvir de um prodígio — era um saco.
No primeiro século da Era Comum, autoridades romanas puniram Santa Apolônia quebrando e arrancando seus dentes, um a um, com alicate. De vez em quando Colin pensava na relação disso com a monotonia do fora. Nós temos 32 dentes. Depois de um tempo, provavelmente, tê-los arrancados um a um se torna um fato repetitivo, enfadonho até. Mas nunca deixa de doer.
— Você é tão sitzpinkler! Tem tanto medo da possibilidade de alguém terminar com você que sua fugging vida inteira está construída em torno de não ser deixado para trás. Bem, isso não funciona, kafir. Isso é simplesmente… não é só burrice, é ineficaz. Porque assim você não é nem um bom amigo, nem um bom namorado, nem sei lá mais o quê, porque só fica pensando que pode-ser-que-eles-não-gostem-de-mim-pode-ser-que-eles-não-gostem-de-mim, e adivinha? Quando você age assim, ninguém gosta de você. Aí está o seu maldito Teorema.

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2 comentários

  1. Eu comecei, mas ainda não me empolguei p/ continuar a leitura, não me despertou p/ continuar, mas quero ler, a sinopse me chamou atenção e pela resenha percebi q em breve vão aparecer coisas boas na história.

    Andy_Mon Petit Poison

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  2. John Green é simplesmente genial, é incrível a maneira como ele consegue nos envolver em suas histórias, nos faz querer fazer parte daquele mundo.
    Esse livro é um dos que mais gostei de ler, os diálogos são hilários, os personagens são incríveis não por terem uma vida magnífica ou qualquer coisa do tipo, mas por serem pessoas normais vivendo coisas de pessoas normais.
    Eu amo a forma como ele se aproxima dos leitores seja para nos fazer pensar, rir ou chorar, é como se seu melhor amigo estivesse lá dizendo tudo o que você precisa ouvir.
    Eu amo tudo o que ele escreve, e leria até sua lista de compras.

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