Resenha: O Livro do Amanhã por Cecelia Ahern

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Sinopse: Tamara Goodwin sempre teve tudo o que quis e nunca precisou pensar no amanhã. Contudo, de repente, seu mundo vira de cabeça para baixo e ela precisa trocar sua confortável vida da metrópole por uma cidadezinha do interior. Assim, Tamara logo se sente solitária e louca para voltar para casa. Então, uma biblioteca itinerante chega ao vilarejo, trazendo junto um misterioso livro de couro trancado com uma fivela dourada e um cadeado. O que Tamara descobre ao longo de suas páginas a deixa surpresa. E tudo começa a mudar das maneiras mais inesperadas possíveis... Será possível mudar o amanhã?
Título: O Livro do Amanhã
Autor(a): Cecelia  Ahern
Páginas: 368
Editora: Novo Conceito
Avaliação: 3,5/5

Acho que esse foi um dos livros que mais me surpreendeu na vida. Vi muitas críticas positivas e por isso dei uma chance a leitura, mas nunca imaginei que encontraria essa estória que mescla romance, humor e um pouquinho de fantasia com mistério e até mesmo suspense. E, mesmo sendo uma coisa totalmente inesperada, gostei bastante da leitura.


Tamara perdeu tudo, seu pai, sua casa, seus amigos, sua cidade, praticamente toda a sua vida e se viu tendo que morar no meio do nada, na casa de seus tios estranhos e tendo como a vizinhança mais próxima um antigo castelo em ruínas. E, além disso, ainda tenta ajudar a mãe que entrou em uma profunda depressão. Tamara começa então a se interessar pelo passado daquele antigo castelo e da sua própria família, até que ela encontra um diário escrito com a sua caligrafia sobre os próximos dias da sua vida e que se torna a chave para ela descobrir tudo o que precisa.

Tamara se descreve como um pessoa ruim e preciso concordar que ela realmente era. Além de mimada, ela sempre dizia coisas para machucar as pessoas de propósito - mesmo que ás vezes com motivo - e só olhava para as suas próprias vontades. Por isso ela construiu uma relação conturbada com os pais e nunca se prendeu muito em pessoas, coisas ou lugares, além de não se preocupar com as consequências de seus atos. Mas é incrível perceber o quanto a personagem evoluiu durante o livro, com o passar dos dias ela começa a se tornar mais observativa, preocupada e determinada. Tenho que dizer que, mesmo sendo como era no início, me simpatizei demais com a Tamara, ela é uma personagem muito sensível e que enfrenta seus desafios e medos de frente. Além de que os comentários cheios de sarcasmo tão um toque muito sutil de humor, mas que enriquece demais a leitura.

A narrativa da autora é incrível. O começo é extramente pacato e lento, mas quando a introdução passa o enredo faz com que você deslanche na leitura, mesmo com a escrita mais densa. Esse é um ponto negativo e positivo ao mesmo tempo, esse é um livro sem muitos diálogos e com muitos pensamentos, o que torna a narrativa pouco fluida e lenta, mas a escrita da Cecelia é encantadora. A impressão que passa é como se casa palavra fosse colocada com um propósito e que no final criavam frases que te transmitiam todos os conflitos e sentimentos da personagem.

E aqui vai o que mais me surpreendeu: o enredo. Eu não esperava nada mais do que um YA com uma pitada de fantasia, mas nunca uma estória cheia te mistérios que atiçassem minha curiosidade como aconteceu. Esse clima de suspense está presente desde o inicio e se desenvolve de uma forma bem interessante para o final que foi surpreendente para mim. Tudo isso misturado com momentos de romance e humor, o que torna o livro delicioso.

Mas o que eu achava que seria o grande destaque, que seria o misterioso livro, na verdade foi mais uma ferramenta, um personagem secundário, para que a verdadeira estória se desenvolvesse. É uma estória sobre auto conhecimento, perdão e sobre como o que fazemos hoje pode afetar nosso futuro, muitas vezes de formas irreversíveis. E eu adorei quando não achei um final fantasioso de conto de fadas, mas sim um fechamento crível e que mostrou que talvez encontremos nosso felizes para sempre, mas não de uma hora para outra. Foi um bom livro, que me diverti muito lendo e recomendo para que vocês se surpreendam também.
Antes, eu nunca pensava no amanhã. Vivia no aqui e agora. Queria isso já, queria aquilo agora. Na última vez em que vi meu pai, gritei com ele, disse que o detestava e depois bati a porta em sua cara. Nunca recueium passo, nem dei um passo fora do meu mundinho, para pensar por que cargas-d’água eu dizia ou fazia tais coisas, e o que era magoar outra pessoa. Disse a papai que jamais queria vê-lo de novo e jamais o vi.
Parecia mais uma dominadora e autoritária ruína que um castelo, pois ali se erguia, na minha frente, com as cicatrizes expostas, todo ferido e coberto do sangue das batalhas. E também ali, parada, me senti uma sombra de quem eu era antes, com minhas cicatrizes expostas. Nos unimos no mesmo instante.
Luto em inglês, grief, vem da palavra do francês antigo, grève, que significa fardo pesado. A ideia de que o luto sobrecarrega a pessoa com dor e todas as outras emoções. Me sinto assim: mais pesada, como se tivesse que me arrastar por aí, tudo é um esforço, é sombrio e é uma merda.

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