Resenha: Will & Will por John Green e David Levithan

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Sinopse: Em uma noite fria, numa improvável esquina de Chicago, Will Grayson encontra... Will Grayson. Os dois adolescentes dividem o mesmo nome. E, aparentemente, apenas isso os une. Mas mesmo circulando em ambientes completamente diferentes, os dois estão prestes a embarcar em um aventura de épicas proporções. O mais fabuloso musical a jamais ser apresentado nos palcos politicamente corretos do ensino médio.
Título: Will & Will - Um Nome, Um Destino
Autor(a): John Green e David Levithan
Páginas: 352
Editora: Galera Record
Avaliação: 5/5 


Desde que soube do lançamento do livro fiquei ansiosa para poder ler, boa parte disso, não nego, foi porque é um livro do John Green, autor de quem vocês sabem que sou fã, mas ao mesmo tempo não tinha a menor ideia do que esperar da estória. E, depois de terminar a leitura, sei que mesmo que tivesse criado expectativas o livro ia ir contra tudo que eu pudesse imaginar, nunca li nada assim e isso não tem nada a ver com o fato de um terço do livro tratar sobre um romance gay. O que acontece em Will & Will é que a estória não tem nada de especial, ela é simplesmente o dia a dia de alguns jovens e nada mais. Essa realidade tão crua, agora eu entendo, é o motivo porque muitas pessoas não gostaram do livro e também o motivo pelo qual outras, como eu, se encantaram por ela. Acho que não tem frase melhor para resumir o livro do que a que está na capa: "Divertido, cru e original".


Will Grayson tem duas regras de vida, não se importar demais com nada e evitar ao máximo falar alguma coisa, o que tem funcionado muito bem até agora. Ele é, desde muito pequeno, o melhor amigo de Tiny Cooper o garoto mais alto e mais gay que Will já conheceu. Mas mesmo tendo uma família que ele ama e respeita e um melhor amigo que, apesar de ser meio excêntrico e ativo demais, ele também ama, Will sempre teve dificuldades para lidar com seus sentimentos. São contra esses sentimentos que ele está tentando lutar no fracassado encontro que Tiny armou para ele e Jane quando, por acaso, ele acaba encontrando will grayson (sim, com letra minúscula mesmo).

will grayson tem depressão diagnosticada e tem uma realação mais ou menos boa com a mãe que é a sua única família, já que seu pai os abandonou quando ele era menor. Ele não tem amigos de verdade, só colegas, e nenhuma perspectiva de vida, a única coisa boa na vida de will é Issac, o namorado virtual com que ele conversa todos os dias ha um ano, mas nunca teve a oportunidade de vê-lo pessoalmente. E é exatamente no dia em que eles vão finalmente se encontrar que will conhece Will Grayson... e Tiny Cooper. 

Pode ser estranho, mas apesar da estória ser narrada pelo Will e pelo will, tudo gira em torno de Tiny Cooper e é ele que faz tudo acontecer, fazendo dele o grande personagem principal do livro. Tiny tem uma personalidade tão grande quanto seus quase dois metros de altura, ele é gay desde sempre e não tem problema nenhum com isso, adora se apaixonar e por isso tem uma fila incontável de ex namorados. Ele é o astro do time de futebol da escola - pelo seu tamanho - e tem o sonho de fazer um musical na escola sobre a sua vida, o Tiny Dancer. Mas, além disso tudo, ele é uma pessoa extremamente doce que sempre tenta ajudar aqueles que gosta, mesmo que de uma forma meio desajeitada, está sempre de alto astral e positivo, contagiando todo mundo a sua volta, e quer de alguma forma mudar o mundo. Ele é o personagem mais vivo que já tive a oportunidade de conhecer, então acreditem, é difícil explicar e caracterizar toda essa personalidade tão forte em apenas algumas frases. 

O recurso que usei para diferenciar os dois Will aí em cima é o mesmo utilizado pelos autores no livro na hora de dividirem a narração. Os capítulos são intercalados pelo pontos de vista de cada Will, John Green conta a estória de Will Grayson , com letra maiúscula e escrita padrão, já David Levithan dá voz ao will grayson em uma narrativa que não usa nenhuma letra maiúscula - sim, isso me causou um pouco de dificuldade no começo. A narrativa dos dois é bem diferente, enquanto a do John Green é mais poética a do David Levithan é mais crua e essa mistura resultou em um livro delicioso de ler. Ele é repleto de diálogos inteligentes e pensamentos cheios de reflexões, além das partes divertidas, o que, para vocês terem uma ideia, fez livro ter tantas passagens incríveis que eu quase marquei todas as frases como citações. 

O livro trata da auto descoberta dos personagens e, principalmente, de aceitação. Aceitar quem nós somos, nossos defeitos e vontades, aceitar a diferença dos outros, aceitar que nem sempre as coisas são como queríamos que fossem, aceitar que nós não precisamos ser sozinhos e que não estamos sozinhos e, principalmente, aceitar nossos sentimentos. Mas outro ponto muito trabalhado na estória é a amizade e foi isso que me fez me identificar muito com o Will, do John Green.

Muitas vezes eu senti em relação a minha melhor amiga o que o Will sentia sobre o Tiny. Ele ama o Tiny, morreria por ele se precisasse, mas ambos são muito diferentes, enquanto o Will fica quieto, na dele, o Tiny é mais extrovertido e tem uma capacidade incrível de fazer amigos e se relacionar com as pessoas e, muitas vezes, o Will se sente trocado por esses novos amigos já que acha que eles são muito mais interessantes do que ele. O Will se sente o plano B do Tiny, mesmo que muitas vezes pense isso injustamente. E eu reconheço esse sentimento, então se tornou impossível não me relacionar com o personagem e me sentir emocionada quanto a amizade dos dois personagens.

Gostei bastante também da forma como foi tratada a homossexualidade no livro. Vemos ao mesmo tempo o desenrolar de um romance "normal" e um romance gay, mostrando, da forma mais simples possível, que não tem diferença alguma entre nenhum dos dois. Fico muito feliz que as editoras brasileiras estejam começando a trazer livros adolescentes que tratem desse assunto para quebrar mais esse tabu que é tão comum e natural em qualquer idade. Tem uma passagem da peça Tiny em que ele fala um pequeno texto sobre a homossexualidade que eu achei muito simples, bonito e sincero, não teria forma melhor de falar sobre o assunto do que como ele mesmo disse. Falando nisso, daria TUDO para ver a peça do Tiny de verdade, pela descrição das cenas parece incrível.

Esse não é um livro que todos vão gostar porque, como disse lá no começo, não tem nada demais. É uma documentação sincera e crua sobre o dia a dia de pessoas comuns. Mas que pode, talvez, te ensinar um par de boas lições e te inspirar com as passagens cheias de reflexões sobre as coisas mais simples da vida. Foi um livro que me fez mais fã do John Green e me fez querer ler mais livros do David Levithan. Foi um livro que me deu uma experiência totalmente diferente de qualquer outra leitura, seja pela simplicidade da estória, pela improvável combinação de duas narrativas tão diferentes ou pelos personagens ironicamente tão reais. E também foi um livro que rendeu uma resenha imensa, desculpem por isso. 
Como pode a porra das nossas vidas evoluídas girar em torno de algo que as lesmas podem fazer? Quero dizer, tudo gira em torno de quem você quer foder e se você fode com essa pessoa? Essas perguntas são importantes, eu acho. Mas não tão importantes assim. Sabe o que é importante? Por quem você morreria? Por quem acorda às 5h45 sem nem saber pra que ele precisa de você? De que bêbado você limparia o nariz?!
Mas com amigos, não tem nada assim. Estar em um relacionamento, isso é algo que você escolhe. Ser amigo, isso é simplesmente algo que você é.
é por isso que chamamos as pessoas de ex, acho — porque os caminhos que se cruzam no meio acabam se separando no fim. é muito fácil ver esse x como uma anulação. mas não é, porque não tem como anular uma coisa assim. o x é um diagrama de dois caminhos.

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1 comentários

  1. Ahhh não consegui curtir esse livro, td me irritou e achei q foi mto oba-oba para pouca história. Mas concordo q a história é realmente sobre o Tiny, ele se destaca mais do q os Wills.
    Acho q estava esperando mto e não chegou nem perto =/

    Andy_Mon Petit Poison

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