Resenha: Dias de Sangue e Estrelas por Laini Taylor

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Sinopse: Karou, uma estudante de artes plásticas e aprendiz de um monstro, por fim encontrou as respostas que sempre buscou. Agora ela sabe quem é — e o que é. Mas, com isso, também descobriu algo que, se fosse possível, ela faria de tudo para mudar: tempos atrás Karou se apaixonou pelo inimigo, que a traiu, e por sua culpa o mundo inteiro foi punido. Na deslumbrante sequência de Feita de fumaça e osso, ela terá que decidir até onde está disposta a ir para vingar seu povo. Dias de sangue e estrelas mostra Karou e Akiva em lados opostos de uma guerra ancestral. Enquanto os quimeras, com a ajuda da garota de cabelo azul, criam um exército de monstros em uma terra distante e desértica, Akiva trava outro tipo de batalha: uma batalha por redenção... por esperança. Mas restará alguma esperança no mundo destruído pelos dois?



Título: Dias de Sangue e Estrelas - Feita de Fumaça e Ossos #2
Autor(a): Laini Taylor
Páginas: 448
Editora: Intrínseca
Avaliação: 4/5 
Contém spoilers do livro anterior. 
Eu estava muito receosa quando comecei a leitura de Feita de Fumaça e Ossos e acabei sendo completamente surpreendida e maravilhada pela estória - e pelo mundo - criado pela Laini Taylor. E posso dizer que Dias de Sangue e Estrelas fez jus a todas as minhas expectativas e consolidou ainda mais a série como uma das mais bem construídas e escritas que já li até agora.


Para mim o grande mérito dessa série a maneira com que a Laini Taylor conta a sua estória. Primeiro, é claro, nós temos a escrita única da autora, que é muito difícil de descrever, mas que se diferencia completamente de qualquer outra que já tenha lido. Ela tem uma maneira única de descrever sentimentos e é de uma beleza surpreendente. Depois nós temos a narração, a forma como ela troca diversas vezes de ponto de vista e, principalmente, quem ela escolhe para narrar determinada cena. E é simplesmente genial. Dessa forma a Laini Taylor consegue nos dar uma visão completa de todos os pontos de vista e fazer com que o leitor compreenda perfeitamente o que ela quer mostrar. É sempre um privilégio acompanhar livros narrados dessa maneira, poder ter acesso a todos os acontecimentos, provar de cada uma das perspectivas e assim contemplar a estória em toda a sua totalidade. E, por último, nós temos a maneira com que a autora encaixa a sua estória tão perfeitamente. Ela consegue crias várias reviravoltas e depois encaixar todos os pequenos detalhes em uma rede intrínseca de acontecimentos que quando depois você observa com atenção faz todo o sentido. Depois que você vê onde a autora queria chegar, olhando para trás você vê todas as pistas que ela tinha deixado e como ela criou tudo com muito cuidado, com muito embasamento. A Laini Taylor leva a estória para lugares que você nunca tinha pensado, mas que são construídos de tal forma que parece um curso extremamente natural. 

Os personagens também são um destaque a parte. A Karou e o Akiva estão tão incríveis nesse livro quanto estavam em Feita de Fumaça e Ossos e eu não poderia estar mais satisfeita com o desenvolvimento de cada um e com todas as experiências que eles enfrentam em Dias de Sangue e Estrelas. 
Mas o que me surpreendeu nesse segundo livro foi o destaque que alguns dos personagens secundários mostraram, a forma como eles acabaram roubando a cena. Eu poderia citar muitos personagens aqui, mas vou dar destaque para três que realmente conseguiram conquistar em afeto inesperado da minha parte. 
Vocês sabem que tenho problemas com melhores amigas em livros jovem adultos, elas na maioria das vezes se parecem muito mais como um enfeite do que com uma peça importante para o andamento da estória. Mas a Suzanah calou a minha boca nesse sentido. Eu simplesmente me surpreendi com a força do amor que ela sente por Karou, como ela arriscou tudo para achar a melhor amiga e e conseguiu aceitar todas as maluquices da sua vida. Ela se mostrou uma personagem muito determinada, forte e corajosa, além do que não tem como não amar as cenas da Suzanah com o Mik. 
Mas acho que a minha maior surpresa aconteceu com Hazel e Liraz. Eu não gostei deles quando apareceram no livro anterior - por motivos óbvios - e sinceramente estava esperando continuar odiando eles aqui. Mas é claro que eu estava errada mais um vez. Foi incrível poder compreender esse laço que ligam os três irmãos, apesar dos seus problemas e divergências, o Akiva, o Hazel e a Liraz se amam e encontram um no outro a sua fortaleza. É legal também ver como cada um é diferente, o Akiva tão intenso, o Hazel tão amigável e descontraído e a Liraz tão objetiva e dura. Eu não esperava gostar deles, mas acabei me importando com eles e no final os dois foram os únicos que conseguiram me arrancar lágrimas. 

Acho que não é nem mesmo necessário falar sobre o quão incrível é o mundo fantástico criado pela Laini Taylor. Foi ótimo poder passar esse livro inserida tanto entre os anjos quanto entre as quimeras e, assim, poder conhecer ainda detalhes sobre essa realidade tão interessante. Apesar de estar acompanhando tudo isso no meio de uma guerra, de um livro cheio de cenas pesadas, foi fascinante ver tudo que a mente da autora pensou e criou. 

Dias de Sangue e Estrelas não conseguiu ser melhor que Feita de Fumaça e Ossos, mas se igualou a ele e isso é tudo que eu esperava do livro. É uma continuação incrível, que traz tudo de melhor que a série tem e deu uma direção surpreendente para o terceiro e último livro. 
Era a compreensão — e o fardo — de que, ao contrário daqueles muitos que haviam morrido por sua culpa, ele tinha vida, e vida não era um estado padrão — não estou morto; logo, devo estar vivo —, mas um meio. Para a ação, para o esforço. Enquanto tivesse vida, coisa que merecia tão pouco, ele a usaria, a empregaria, faria tudo o que pudesse em nome dessa vida, mesmo que não fosse, pois nunca era, suficiente.
Há intimidade na dor. Qualquer um que já confortou alguém que estivesse sofrendo sabe disso: a ternura impotente de quem consola, o abraço, os gemidos e o lento embalar, quando dois se tornam um contra o mesmo inimigo, a dor.
A compaixão, descobrira ela, produzia uma louca alquimia: uma única gota podia diluir um lago de ódio.

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