Resenha: Extraordinário por R. J. Palacio

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Sinopse: Primeiro lugar da lista de best-sellers do The New York Times, eleito um dos melhores títulos YA de 2012 nos Estados Unidos, o premiado livro de estreia da americana R. J. Palacio traz à tona a luta contra o preconceito ao contar a história de um menino de 10 anos que nasceu com uma síndrome genética cuja sequela é uma severa deformidade facial.
Título: Extraordinário
Autor(a): R. J. Palacio
Páginas: 320
Editora: Intrínseca
Avaliação: 5/5 

Um livro lindo, tocante sem ser apelativo e que entra na sua mente te fazendo debater sobre preconceitos e valores que você nunca tinha parado para pensar. Esse seria o meu resumo, em poucas palavras, de Extraordinário, uma leitura inesquecível para mim e que não fez eu me arrepender de ler uma linha sequer.


August, ou Auggie, é um menino de dez anos que nasceu com um severa deformidade facial e mesmo depois de várias cirurgias seu rosto ainda está longe de ser considerado normal. Depois de anos estudando em casa, seus pais decidem que é a hora dele entrar na escola e enfrentar o mundo real, porque apesar de sempre ter lidado com o preconceito e a rejeição, ele precisava se acostumar a se relacionar com pessoas fora de seu círculo de conhecidos já que Auggie nunca teve que ganhar a aceitação de ninguém, porque todos que convivem com ele o conhecem desde que nasceu e já estavam acostumados com sua aparência.

É estranho pensar que eu não sei qual seria a minha reação se encontrasse alguém como August, que mesmo não querendo ofender nossas reações ás vezes estão fora de nosso controle. Nós vivemos em um mundo cheio de diferenças, tanto físicas como de valores e crenças, mas sempre é difícil ter que lidar com algo que foge do que consideramos "normal" e é por isso que o principal assunto do livro não é o preconceito e muito menos a pena, mas sim a aceitação. Aceitação não só por parte dos outros, mas também aceitar a si mesmo e que sempre vamos encontrar alguém nessa multidão de pessoas que existem no mundo que vai testar os nossos preconceitos e estereótipos. 

O August é um personagem extremamente cativante, que apesar de ter receios, medos e muitas vezes tentar se esconder do mundo é repleto de esperança e amor. Ele é uma pessoa muito carinhosa com os que ama e sempre espera o melhor das pessoas, só quer ser mais uma pessoa qualquer no mundo e deixar de ser o diferente, repugnante e estranho garoto deformado e que, apesar de tudo, tem plena esperança de que um dia consiga. E que tem uma obsessão por Star Wars, o que poderia ser só um detalhe, mas é uma referência pop importante que torna Auggie, para os leitores, mais crível e comum. 

O interessante da narrativa da autora é que apesar da maior parte do livro ser narrado pelo August, algumas partes são contadas por outros personagens como a irmã e os novos amigos que fez na escola. Isso traz uma visão muito mais ampla sobre a estória e a situação, vemos o personagem pelo seus próprios olhos como também por aqueles que o conhecem desde sempre e o amam como também pelos que acabaram de o conhecer e estão passando a amá-lo e a se acostumar com ele. O que também me agradou foi que a narrativa seguia uma linha simplista e inocente, como provavelmente seria a de uma criança de 10 anos. 

Apesar de ser um livro muito bonito e delicioso de ler, também é doloroso em algumas partes. August passa por tantas situações de preconceito que realmente doí ter que pensar em como seria para um criança saber, por exemplo, que acreditam que tocar nele era contagioso. É aquele tipo de estória que te deixa com um sorriso no rosto, mas também um coração partido. 

Mas o que a autora realmente conseguiu fazer foi trazer para os leitores uma verdadeira lição de vida, de amor e respeito, conseguiu com cada um repensasse seus valores e adquirisse uma nova e mais ampla visão de mundo. Estórias como essa são importantes para a construção de uma pessoa e isso me faz pensar, mais uma vez, porque as escolas não passam a pedir livros como esse para leitura obrigatória e não só os clássicos que, muitas vezes, não geram impacto nenhum em jovens que ainda não estão preparados para esse tipo de leitura. Livros como esse que farão um dia diferença na vida de uma única pessoa, mas também da sociedade como um todo. A R. J. fez de Extraordinário mais uma ferramenta contra o preconceito e o bullying que pode - e deveria - ser lido por qualquer em qualquer idade. 

Como disse antes, é um livro sobre aceitação, amor, amizade e, infelizmente, preconceito. Um estória mexe profundamente com quem lê e que eu recomendo a qualquer um. Como também já disse, nunca vou esquecer do Auggie e vou tentar levar para o resto da vida tudo que aprendi nessas 320 páginas. 
— É a vida, Auggie. Você quer ser tratado como um garoto normal, não quer? Isso é normal! Todo mundo tem que ir à escola, mesmo que de vez em quando tenha dias ruins. O.k.?  — As pessoas mudam de caminho para não encostar em você, Via? — rebateu ele. Por um momento fiquei sem resposta. — Certo. Foi o que pensei. Então não compare meus dias ruins com os seus, tá?
— Ora, vamos, Auggie, por favor, tente entender — continuou, pondo a mão no meu queixo e erguendo meu rosto. — Você usava aquele capacete o tempo inteiro. E a grande verdade é: eu sentia falta do seu rosto, Auggie. Sei que você nem sempre gosta dele, mas, precisa entender... Eu adoro. Eu amo seu rosto, Auggie, completa e apaixonadamente. E meio que partia meu coração o fato de você escondê-lo o tempo todo.
Toda pessoa deveria ser aplaudida de pé pelo menos uma vez na vida, porque todos nós vencemos o mundo.

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1 comentários

  1. Amei sua resenha e é incrível como tenho ouvido/lido falar tão bem nesse livro! Além da capa ser incrível - adoro capas simples, clean -, folheando o livro percebi que o cuidado com a parte gráfica foi bem bacana.
    Achei o enredo bastante interessante, certamente deve ser bem o que você falou, um livro para aprender, e muito, e levar essas lições para o resto da vida.

    Bj
    Livro Lab

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