Filme x Livro: Meu Namorado é um Zumbi (Sangue Quente)
13:20
Depois que li Sangue Quente (resenha aqui) e vi o trailer do filme, já me preparei para uma adaptação pouco fiel, ao tornarem o filme mais voltado para o lado cômico que no livro só acontece mesmo quando as situações se tornam tão bizarras que ficam engraçadas. Mas, por incrível que pareça, essa foi uma das poucas adaptações realmente boas e fiéis em meio a tantas decepções nos últimos tempos.
É importante ressaltar que o livro não é sobre uma estória de amor, o que mais pesa é a crítica a sociedade atual feita pelo autor. A obra original é cheia de comparações com o que vivemos e o que pode acontecer se continuarmos a nos tonar cada vez mais massificados, sem ação e a destruir tudo que está a nossa volta e até a nós mesmos. Pensamentos filosóficos sobre como pensamos e agimos cada vez menos enquanto poderíamos fazer muitas coisas para "mudar" o mundo brilhantemente escondidos nas entrelinhas de um enredo com zumbis, cenas de ação e até um pouco de romance.
Mas é claro que, visando o mercado, o filme não seguiria essa linha e eu já estava certa disso, por isso posso dizer que não foi nenhuma decepção. Chega até ser irônico que um livro que te faz pensar tenha dado origem a um filme para vender. Mas a questão aqui é que fizeram um bom filme, muito mais voltado para o romance e a ação, obviamente, mas que diverte. Uma coisa que realmente me surpreendeu foi que eu achava que eles iriam pesar demais na cenas engraçadas, mas eles não forçaram quase nada, as risadas vieram naturalmente.
Gostei muito de como eles se mantiveram fiéis as algumas cenas importantes do livro, como o R narrou boa parte do filme e da ambientação bem parecida com a narrada por Isaac Marion. Realmente, foram muito poucas as mudanças que eu notei, as maiores no final. O livro não tem realmente um fim, ele só conta como os zumbis passaram a voltar a serem humanos e fim, não dá uma resolução para o caos de como o mundo ficou. Já no filme o final é mais elaborado e sem pontas soltas, o que para uma adaptação cinematográfica eu achei o certo, além de tirarem alguns acontecimentos mais pesados do final. Queria dar destaque para a ótima trilha sonora, que assim como citado no livro, foge um pouco de referências pop.
Achei o Nicholas Hoult perfeito para o papel de R, além da caracterização que deixou ele bem diferente e parecido mesmo com um zumbi, como também pela interpretação e compreensão do personagem. Ele conseguiu mostrar de forma bem sutil os conflitos do personagem e a mudança gradual tanto nas ações como na fala, além de conseguir ser engraçado sem forçar e manter a irônia característica do livro. Mas a Teresa Palmer não me agradou totalmente, não que ela não tenha feito uma Julie como a do livro, cheia de vida, esperança e atitude, o oposto de R, mas em algumas partes a semelhança física dela com a Kristen Stewart me desagradou. Posso estar viajando, mas juro que enxerguei a outra atriz em algumas cenas e junto com uma cena que é parecidíssima com a da clareira me fez torcer o nariz, essa referência a Crepúsculo foi totalmente desnecessária.
O grande problema da adaptação, para mim, foi a terrível tradução do título aqui no Brasil. Infelizmente, nós não podemos evitar julgar o que não conhecemos pela aparência, capa e, nesse caso, o título. Eu já ouvi várias vezes nessa última semana pessoas duvidando se valia assistir pelo título - na falta de uma palavra melhor - tosco. Desde sempre o Brasil foi péssimo para adaptações de títulos e até mesmo legendas, podem parecer detalhes bem pequenos, mas no final esses erros fazem sim diferença. E, de verdade, queria saber qual é a droga do problema em manter o título original? Para que tanto trabalho pra criar um nome desses se seria bem mais simples, e imensamente melhor, ter somente traduzido? Enfim, acho que vocês perceberam minha revolta.
Mas esse não é um filme, nem um livro, para todos. Aqueles que gosta de zumbis sanguinários, repulsivos e todas as outras má qualidades que vocês já conhecem, provavelmente não vão simpatizar com essa estória. Não que ela seja errada, ela só é diferente e, como tal, causa estranheza e preconceito. Eu acho genial quando alguém pega assuntos já batidos e os transforma em uma coisa inédita, o que é exatamente o que Issac Marion fez em Sangue Quente. Mas, como cada um tem as suas opiniões e preferências, essa é uma característica que eu achei importante colocar.
Meu Namorado é Um Zumbi me surpreendeu pela sua qualidade e pelo respeito com a obra original, infelizmente não se aprofundou nos assuntos mais críticos presentes no livro, mas se tornou um bom entretenimento. Só espero que possa ver mais adaptações fiéis esse ano e que me deixem terminar o filme tão feliz como fiquei ao terminar esse (O Mar de Monstros e Cidades dos Ossos, por favor, sejam assim).
2 comentários
Eu odiei o livro Sangue Quente, mas ainda não tive tempo para assistir o filme.
ResponderExcluirwww.fofocas-literarias.blogspot.pt
Adorei a resenha. Tava justamente pesquisando sobre a trilha sonora, ainda não li o livro mas fiquei interessada. Esse é um dos filmes que de vez em quando eu reassistido pq é meio clichê mas marcante também
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