Resenha: A Garota Que Eu Quero por Markus Zusak
16:31
Sinopse: O Rube nunca amou nenhuma delas. Nunca se importou com elas. Nem é preciso dizer que Rube e eu não somos muito parecidos em matéria de mulher. Cameron Wolfe é o caçula de três irmãos, e o mais quieto da família. Não é nada parecido com Steve, o irmão mais velho e astro do futebol, nem com Rube, o do meio, cheio de charme e coragem e que a cada semana está com uma garota nova. Cameron daria tudo para se aproximar de uma garota daquelas, para amá-la e tratá-la bem, e gosta especialmente da mais recente namorada de Rube, Octavia, com suas ideias brilhantes e olhos verde-mar. Cameron e Rube sempre foram leais um com o outro, mas isso é colocado à prova quando Cam se apaixona por Octavia. Mas por que alguém como ela se interessaria por um perdedor como ele? Octavia, porém, sabe que Cameron é mais interessante do que pensa. Talvez ele tenha algo a dizer, e talvez suas palavras mudem tudo: as vitórias, os amores, as derrotas, a família Wolfe e até ele mesmo.
Título: A Garota Que Eu Quero
Autor: Markus Zusak
Páginas: 176
Editora: Intrínseca
Avaliação: 4/5
Por alguma razão, quando li a sinopse desse livro fiquei louca para ler, talvez por aparentar - e ser - muito mais do que um simples romance adolescente. E qual não foi a minha surpresa ao descobrir que A Garota Que Eu Quero é, na verdade, o último livro da trilogia Os Irmãos Wolfe que teve os dois primeiros livros (O Azarão e Bom de Briga) publicados aqui pela editora Bertrand Brasil. Mesmo sendo o terceiro livro, li A Garota Que Quero sem ler os outros antes e foi tranquilo, não tive dificuldade nenhuma, na verdade me surpreendi com a estória e fiquei com muita vontade de ler os outros.
Cameron Wolfe é um garoto muito solitário, se considera um fracassado, sempre sonhou em amar uma garota e ser amado, mas nunca sequer tocou em uma, passa o tempo andando sem rumo pela cidade e tem em seus irmãos seus únicos e melhores amigos e ama incondicionalmente sua família. Tem uma relação estranha com Steve, seu irmão mais velho que ele admira, mas com o qual nunca teve muita intimidade e tem um hábito de saírem para praticar futebol sem nunca conversarem muito mais do que poucas palavras. Já Rube, seu outro irmão, é o melhor amigo de Cameron, conversam sobre tudo, ajudam o pai no trabalho aos sábados e se aventuram pela cidade na companhia um do outro. Porém isso não quer dizer que Cameron concorde com a forma como seu irmão trata as garotas, trocando de namorada a cada mês. Só que ele nunca imaginou que uma das garotas do seu irmão pudesse se interessar por ele e que sua família visse nele mais do que a imagem de um zero á esquerda.
Esse livro tem uma peculiaridade que eu não sei muito bem explicar qual é, ele conta uma estória que não enfeita as coisas ou usa eufemismos, ela não romantiza os acontecimentos nem idealiza situações e muito menos é brilhante e memorável. É a estória de uma garoto comum, com uma vida parada, sozinha e um pouco deprimente relatada de forma direta e crua.
O Cameron é um personagem muito interessante, ele tem muitas expectativas e desejos para a sua vida, mas carrega também um ar melancólico de alguém prestes a desistir de tudo. É tocante, porém, ver como ele ama a sua família, como ele mesmo notando os defeitos de cada, se orgulha e se espelha neles. Acho que essa relação com eles, e principalmente com os irmãos, é o ponto principal e mais interessante do livro.
Muitos devem conhecer o Markus Zusak por A Menina Que Roubava Livros - que eu ainda não li, mas pretendo em breve - e eu me surpreendi com a escrita dele. Como já comentei, ele falta tudo de forma bem direta e realista, não embeleza as coisas, e falta de tudo com naturalidade: sentimentos, amor, amizade, decepção, esperança, sexo e muitos outros assuntos. O livro parece muito com um diário pela forma como Cameron narra a estória para nós, mas além disso, entre cada capítulos temos fragmentos de textos "feitos" pelo próprio Cameron (ele é um escritor, pelo que entendi). Em oposição ao resto dos livros, esses textos são extremamente poéticos e emotivos, o que traz um contraste interessante para o livro.
Não tive nenhuma dificuldade na leitura por não ter lido os livros anteriores, mas é claro que posso ter perdido algumas referências e uma visão mais completa, mas para quem quiser ler só esse é super tranquilo.
A Garota Que Eu Quero é uma leitura rápida e diferente do que estamos acostumados a ver por aí, porque, não se enganem, não é um romance divertido e fofo - não tem nada disso, na verdade. O livro fala sobre achar o lugar em que pertence e achar o valor em si mesmo e faz isso de uma forma sincera e deliciosa de acompanhar. O nome da série em inglês, The Underdogs, significa uma pessoa subestimada, de quem não se espera nada e para quem não se dá valor, é sobre esse tipo de pessoa que o livro trata.
A gente pode fazer qualquer coisa quando não é real. Quando é real, não há nada para conter a queda. Nada entre você e o chão, e, naquela noite no parque, eu nunca me sentira tão real. Nunca me sentira tão sem controle.
— Você já ouviu um cachorro chorar, Steve? Sabe como é, uivar tão alto que quase chega a ser insuportável? — Ele fez que sim. — Acho que uivam assim porque estão com tanta fome que chega a doer, e é isso que sinto em mim, todos os dias da minha vida. Tenho uma fome enorme de ser alguma coisa, de ser alguém.
Há inúmeros momentos a serem lembrados, e às vezes acho que não somos pessoas, na verdade. Talvez sejamos momentos. Momentos de fraqueza, de força. Momentos de salvação, de tudo.
1 comentários
Eu curti mto esse livro e como vc disse o autor tem uma coisa com a escrita mto bacana, ele não enfeita nada...
ResponderExcluirAndy_Mon Petit Poison