Filme x Livro: O Doador de Memórias

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Logo depois de ler O Doador de Memórias eu fui assistir novamente ao trailer do filme a única coisa que conseguia pensar foi: Que droga é essa?!? Porque por mais que eu tenha tido meus problemas com o livro, ainda doí ver um livro ser tão descaracterizado, tão modificado, em uma adaptação. Foi por isso que entrei sem expectativa nenhuma e fui completamente surpreendida. O Doador de Memórias dá uma verdadeira aula de como se adaptar uma estória das páginas para as telas. 



Existem sim mudanças, uma boa quantidade delas na verdade, o que se vê logo de cara já que o protagonista tem - eu acho! - dezoito, ao invés de doze como na obra original. Porém um dos pontos mais incríveis desse filme é que cada mudança, cada uma sem exceção, teve um porquê para ter sido feita e não alterou em nada o curso dos acontecimentos originais. Se os personagens foram envelhecidos foi porquê fica muito mais coerente para a estória, algo que já tinha ponderado durante a leitura do livro, se as designações da Fiona e do Archer foram diferentes foi para que os personagens fossem melhor utilizados durante o filme, se o romance aconteceu foi para que no final nós tivéssemos um ponto de vista dos acontecimento que não temos no livro e que fez muita falta. 
Se posso dizer uma coisa é que tudo que existe no livro está no filme, todas as características e regras dessa realidade criada pela Louis Lowry e também toda a sequência de acontecimentos que existem no livro.


O que o filme fez foi, na verdade, adicionar coisa, cobrir a maior falha do livro que, para mim, foi a falta de aproveitamento. Como disse na resenha, a autora cria algo incrível e faz uma preparação de terreno interessantíssima para depois acabar de forma abrupta, sem graça, de nenhuma maneira digna do que foi criado antes. E o filme deixa o final muito mais completo - melhor, na verdade - pelo menos do meu ponto de vista. 
E eu achei genial que o roteirista e diretor conseguiram fazer isso, respeitar muito o livro, trazer tudo de maravilhoso que ele tem e, sem nunca perder a fidelidade com a estória, fazer as mudanças e melhorar o que poderia ser melhorado. 

Não tem como falar sobre O Doador de Memórias sem comentar sobre elenco que tem nomes de peso como Meryl Streep e Jeff Bridges. E, sinceramente, acho que nenhum desses nomes consagrados realmente surpreenderam, eles foram ótimos como sempre, mas não fizeram nada que se destacasse além do que se é esperado de atores como eles. Confesso que esperava um pouco mais, sei que o papel deles - excluindo o do Doador - não eram muito grandes nem no livro, mas mesmo assim é natural se esperar um pouco mais,
A minha surpresa acabou sendo o Brenton Thwaites, que vi brevemente em Malévola, mas que nunca tinha me chamado a atenção. Comecei duvidosa da escolha dele para ser o Jonas, mas logo isso passou e realmente gostei dele no papel. Não poderia ter pedir mais.


O grande mérito do livro escrito pela Louis Lowry é a sociedade criada por ela, todos os debates e as reflexões que essa visão de mundo causa em que resolver conhecer a estória. Mas preciso dizer que o filme foi muito mais impactante e muito mais tocante para mim do que o livro. Não sei explicar se foi pelas mudanças feitas ou simplesmente pelo fato de estar vendo tudo, mas a força de tudo se mostrou muito maior para mim, assim como a sua beleza. A cena em que o Doador passa força para Jonas e, principalmente, o final com a cena das memórias foram realmente emocionantes para mim, eu me senti muito movida pelo filme e ainda mais pelas mensagens deixadas por ele. Já que o que tanto o livro quanto o filme pregam é a beleza de ser humano, é quão incrível é poder sentir, tanto faz se seja felicidade, amor, perda ou dor. 
E aqui é importante dizer que por mais que seja uma distopia ele não é um filme de ação, o que existe dela é muito pouco. O Doador de Memórias é para mim um filme lindo, com uma estória muito bonita e com uma mensagem ainda mais. 

E agora alguns comentários mais pontuais. Gostei muito de como o filme começou preto e branco e foi ficando colorido aos poucos, fez toda a diferença. E me incomodei muito com algumas incoerências, aquelas coincidências inacreditáveis de filmes e situações sem sentido como a mudança absurda de paisagens do final (sério, prestem atenção como não faz sentido).


Eu não poderia ter gostado mais do filme. Seja da maneira maravilhosa com que foi adaptado, seja da força da sua estória, seja da reflexão que ele traz ou seja pela beleza do que fica quando se termina. O Doador de Memórias foi com certeza uma das minhas maiores surpresas desse ano e um dos poucos - muito poucos - casos onde eu prefiro o filme ao livro. E mesmo que você não tenha interesse no livro, não deixe de assistir ao filme, vale muito a pena.

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