Resenha: Perdão Mortal por Robin LaFevers

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Sinopse: Por que ser uma ovelha, quando você pode ser o lobo? Ismae Rienne, dezessete anos, escapa da brutalidade de um casamento arranjado no santuário do convento de São Mortain, onde as irmãs ainda servem deuses antigos. Lá ela aprende que o deus da Morte abençoou-a com perigosos dons e um violento destino. Se ela optar por ficar no convento, será treinada como uma assassina e servirá a Morte. Para reclamar sua nova vida, deve destruir a vida de outros. A mais importante atribuição de Ismae leva-a direto para o tribunal superior da Bretanha—onde se encontra terrivelmente sob preparada não só para os jogos mortais de intriga e traição, mas pelas impossíveis escolhas que deve fazer. Como entregar a vingança da Morte em cima de um alvo que, contra sua vontade, roubou seu coração?
Título: Perdão Mortal - O Clã das Freiras Assassinas #1
Autor(a): Robin LaFevers
Páginas: 414
Editora: V&R
Avaliação: 4/5

Eu não sei explicar o quanto eu estava ansiosa por esse livro, sério. A primeira vez que ouvi falar sobre a série eu me apaixonei, afinal não é sempre que se tem a chance de ler uma estória que seja um romance histórico que tem como protagonistas freiras assassinas. E a cada resenha que lia, sempre muito positivas, mais as minhas expectativas aumentavam. Tentei ler Perdão Mortal em inglês no ano passado, mas a linguagem não estava funcionando para mim e desisti, por isso não poderia ficar mais feliz quando descobri que o livro seria lançado por aqui. É sempre uma má ideia começar qualquer leitura com muitas expectativas, mas esse é um dos poucos casos em que a autora conseguiu se superar e não decepcionar. 


Eu abandonei a livro em inglês logo nas primeiras páginas e estava com medo de que o problema fosse a narrativa e não o inglês em si, mas ainda bem que realmente foi o segundo caso. A escrita é absolutamente deliciosa de se acompanhar e já me encontrei submersa na estória logo nas cinco primeiras páginas. A Robin LaFevers consegue explicar conceitos complexos, descrever uma época antiga e tratar de questões políticas com uma linguagem simples, fluída e completamente viciante. Eu li o livro todo em cinco horas consecutivas, mesmo tendo aula no outro dia de manhã eu não consegui dormir sem saber o final desse livro.

Curiosidade é pouco pelo o que eu estava sentindo sobre como a autora abordaria todo o conceito sobre as freiras assassinas e preciso confessar que faz mais sentido do que eu imaginei que faria. Não esperava o toque de sobrenatural que o livro possuí e, no fim, acho que esse detalhe faz toda a diferença para que realidade das freiras assassinas seja possível e traz um algo a mais muito bem-vindo para a estória. Achei muito fascinante a vida no convento, os treinamentos, as crenças das freiras e como elas são o verdadeiro oposto do que conhecemos por freiras. Mas eu senti que tudo isso passou muito rápido, mesmo sabendo que o livro já é bem logo como é, ainda queria poder acompanhar mais de perto o dia a dia dentro do convento, já que não vemos quase nada disso nesse primeiro volume. Outra coisa que senti falta foi ver um pouco mais das freiras realmente agindo, apesar de acompanharmos a Ismae durante o livro todo, são poucas as vezes em que coloca em prática seus treinamentos. 

Eu gostei muito da Ismae como protagonista, ela é uma personagem que já sofreu muito e usou disso para se transformar em uma guerreira, uma mulher forte, inteligente, determinada e dedicada por aqueles que a salvaram do pesadelo que era a sua vida. Mas por trás de toda essa dureza a personagem também carrega muita bondade e ingenuidade. Não tem como não amar a forma com que ela luta com tudo o que tem para salvar seu país e pela forma com que ela se apaixona. 
Mas além dela o livro possuí outros ótimos personagens e quero destacar dois em especial. Gavriel Duval é aquele personagem que você sabe desde a primeira vez que ele aparece que vai se apaixonar por ele. Apesar do gênio forte que apresenta no começo, logo descobrimos o quão bonito é o seu coração. Não tem como não se apaixonar pela dedicação e devoção completa que ele possuí pela sua irmã e pelo seu país. E a Ismae e o Duval formam o melhor casal, apenas. Além dele, quero só dizer que não estava esperando gostar da duquesa, mas ela é uma ótima personagem o que só me fez torcer ainda mais para que Ismae e Duval conseguissem salvá-la e salvar seu país. 

Mas o que mais me surpreendeu durante a leitura foi o papel da política no livro, isso porque, na verdade, a estória se passa em 1485 e o enredo todo gira em torno da luta da Bretanha contra a França, que está tentando conquistá-la. Eu sou apaixonada por História e fiquei encantada com todos os fatos históricos, com todas as tramoias e planos, com a inteligência do enredo e com toda a construção da época feita pela autora. Esse é aquele tipo de livro em que o cenário muda a todo momento, em que você não pode confiar em ninguém e que testa o seu raciocínio e a sua inteligência toda hora. E vocês sabem que amo livros que se passam em castelos/cortes/etc, então isso é mais um enorme bônus!

Perdão Mortal é um livro intenso do começo ao fim, seja pela extrema violência das primeiras páginas, pela complexidade de Saint Mortain e do convento, pela disputa política que faz o cenário mudar a todo momento ou pelo romance (lindo, maravilhoso, minha parte preferida). A verdade é que não tem como não gostar da estória criada pela Robin LaFevers já que ela possui de tudo um pouco e consegue mesclar tudo isso de uma maneira maravilhosa. Só não dei nota máxima porque, como eu já disse, senti que a vida no convento e as próprias freiras mereciam uma melhor abordagem. 
Estou louca para ler o segundo livro e tenho certeza que vai ser tão incrível quanto esse. Só fico triste porque cada livro da trilogia é narrado por uma personagem diferente e me apeguei demais à Ismae e ao Duval. E para aqueles que estão receosos de começar outra série, Perdão Mortal tem um fechamento completamente satisfatório e pode ser sim lido como um livro único. Mas duvido que você consiga ler esse primeiro volume e não ficar louco pelos próximos. 
Não é do santo que desconfio, demoiselle, só dos humanos que interpretam Seus desejos.

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