Resenha: A Descoberta Das Bruxas por Deborah Harkness
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Sinopse: A pesquisadora Diana Bishop passou a vida tentando negar a sua verdadeira identidade. Filha única de pais bruxos, ela se torna órfã aos sete anos e passa a rejeitar as suas habilidades mágicas, determinada a se parecer com os humanos. Ao descobrir um misterioso manuscrito escondido há séculos, Diana traz à tona um mundo sobrenatural com demônios, vampiros e bruxas. A partir daí, a aventura de Diana por 1.500 anos de história está apenas começando.
Título: A Descoberta Das Bruxas
Autor(a): Deborah Harkness
Páginas: 634
Editora: Rocco
Avaliação: 4/5
Fazia muito tempo que não me interessava por um livro de bruxas, mas resolvi das uma chance a esse. E ele não foi nada - nada mesmo - do que eu esperava, mas pela primeira vez em muito tempo a surpresa foi boa.
Diana é a última descendente de uma dos clãs de bruxas mais famosas da história, o clã das Bishop. Mas desde quando seus pais foram assassinados quando ela ainda era criança - possívelmente por humanos tentando estudar a magia deles em algum tipo de ritual - Diana se fechou para os seus poderes e se concentrou em viver uma vida normal. Ela estudou história e se especializou em história da ciência e quando estava em Oxford preparando uma tese sobre alquimia - tentando provar que nela há mais ciência do que magia - Diana acabou encontrando um manuscrito que ela logo sentiu que carregava uma forte magia e exatamente por isso resolveu devolvê-lo a biblioteca.
Mas o que ela não sabia é que esse manuscrito estava perdido a milhares de anos, que todas as criaturas - bruxas, vampiros e demônios - estavam atrás deles e que ele guarda os maiores segredos dessas raças - até possivelmente quais são suas origens. Então a partir daí Diana vai começar a ser perseguida por essas criaturas e entre eles está o vampiro Matthew Clairmont, um cientista que vai se tornar cada vez mais próximo dela, o que vai tornar tudo ainda pior porque relações entre "espécies" diferentes é algo proibido.
O que mais me surpreendeu em todo o enredo do livro foi o conteúdo do livro. Já é inovador o fato da autora tentar explicar as origens dessas espécies, mas o mais incrível é que ela busca explicações científicas pra isso, matações no DNA que trazem a fantasia ainda mais próxima do nosso mundo real. Mas o que é mais incomum nesse livro é que a autora carrega ele de fatos históricos e temas científicos, que vai desde a genética até A Origem das Espécies de Darwin e isso torna o livro muito rico. É tão interessante ver uma livro que trata de seres sobrenaturais e que não pretensão nenhuma trazer realmente algum tipo de conhecimento, porque ele te força a ser curiosa e procurar mais sobre o assunto para então entender melhor o que eles estão falando, além dos pequenos detalhes históricos que enriquecem ainda mais o nosso conenhecimento. ( Mas é bom lembrar que algumas coisas são ficcionais, então cuidado)
Outra surpresa que eu tive durante a leitura foi a quantidade de romance que existe no livro. Eu espera uma estória mais voltada pro suspense e pra ação, mas o que mais predomina nesse primeiro livro é romance. Sério, é muito romance, então se você não gosta pode parar de ler a resena agora e desistir do livro. Mas o mais intrigante é que isso não me incomodou, porque apesar do romance ser um pouco idealizado e ter uma pitadinha da vibe Crepúsculo, só que com personagens mais velhos, eu gostei, gostei mesmo. A única coisa que me incomodou é que faltou um pouco de ação e um exagero de Diana e Matthew, mas acho que isso melhora no próximo livro.
Gostei muito da construção dos personagens que a Deborah Harkness fez, tendo destaque é claro para o casal principal. A Diana, apesar de ingênua em algumas partes, é determinada e curiosa, sempre determina a aprender mais e proteger aqueles que ela ama, que sã características que eu admiro. Já o Matthew é o típico mocinho que encanta e faz suspirar, vi algumas críticas sobre a superproteção e o ar autoritário dele, mas fica bem claro no livro que isso é característico do fato dele ser um vampiro. A química do casal é muito boa, o que faz eles funcionarem bem juntos e fazem a gente torcer para que eles deem certo.
Um ponto delicado da narrativa é o fato da autora gostar bastante de fazer descrições. Lembrando que são mais de 600 páginas cheias de cenas com o objetivo e somente desenvolver o casal e não o enredo central, por exemplo, mais isso não me incomodou na realidade. Apesar das descrições, dos capítulos que não acrescentavam nada de tão importante a estória e do conteúdo histórico e científico a leitura fluiu muito bem e eu não conseguia largar o livro para saber o que viria depois. Afinal o que eu senti, principalmente depois do final que te deixa implorando por mais (sim, mesmo depois de 600 páginas) é que essa foi só uma preparação para o que vai vir nos próximos volumes dessa triologia.
A Descoberta Das Bruxas é um livro diferente em meio a tantas mesmices na extensa quantidade de livros que tratam de temas sobrenaturais hoje em dia, ele traz uma premissa nova e um enredo cheio de conteúdo que vale que vale a pena ser lido. Indico demais para quem gosta de temas sobrenaturais e um bom romance.
As únicas criaturas do mundo que Sarah respeitava eram os bruxos. Para ela, os humanos não passavam de pobres infelizes, cegos para o mundo ao redor. Os demônios eram eternos adolescentes indignos de confiança. E de acordo com a hierarquia das criaturas estabelecida por ela, os vampiros encontravam-se bem abaixo dos gatos e talvez até um degrau abaixo dos vira-latas.
Uma corrente enferrujada começou a se soltar em algum recanto importante da minha alma. Foi se soltando, elo após elo, de um lugar onde passara despercebida por muito tempo à espera dele.
“Lembre-se, Diana, as maiores maravilhas que experimentamos são misteriosas. Toda arte e ciência verdadeiras têm a sua origem em tais maravilhas. Aquele para quem esse tipo de experiência causa estranhamento, aquele que não se detém para admirar e se extasiar em veneração, é como um morto cujos olhos já estão fechados.”
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