Resenha: Por Isso A Gente Acabou por Daniel Handler
17:55Sinopse: Por isso a gente acabou trata, com a comicidade típica do autor, de uma situação difícil pela qual todos um dia irão passar: o fim de uma relação amorosa e toda a angústia, tristeza e incerteza que essa vivência pode gerar. Min Green e Ed Slarteron estudam na mesma escola e, depois de apenas algumas semanas de convívio intenso e apaixonado, acabam o namoro. Depois de sofrer muito, Min resolve, como marco da ruptura definitiva, entregar ao garoto uma caixa repleta de objetos significativos para o casal junto com uma carta falando sobre cada um desses objetos e do episódio que ele representou, sempre acrescentando, ao final, uma nova razão para o rompimento. Essa carta é o texto de Por isso a gente acabou, que é, assim, carregado de um tom informal e tragicômico - características da personagem - e traduz com um misto de simplicidade e profundidade a história de uma separação. Imerso neste universo adolescente, o leitor conhecerá a divertida personalidade de Min, uma garota apaixonada por filmes cujo sonho é ser diretora de cinema, e as idas e vindas deste romance, desde o dia em que os dois conversaram pela primeira vez até o instante em que tudo acabou. A artista Maira Kalman, autora de diversas capas da revista The New Yorker, ilustrou cada um dos objetos da narrativa, trazendo cor e descontração a esta história dolorida.
Título: Por Isso A Gente Acabou
Autor(a): Daniel Handler
Páginas: 362
Editora: Companhia das Letras
Avaliação: 4/5
Antes de tudo, preciso dizer que me apaixonei por essa história. Talvez por ser uma história tão real de um primeiro amor que acaba com um coração partido ou talvez pelo sentimento agridoce por torcer por um casal que nós já sabemos que não teve um final feliz. Por Isso A Gente Acabou trata de um assunto clichê, mas de um forma tão original que não como não gostar.
Min não faz parte do grupo de amigos mais popular da escola e tem uma paixão por filmes antigos, tanto que quer ser diretora de cinema um dia, mas no dia do aniversário de seu melhor amigo Al, ela conhece Ed, o cocapitão do time de basquete que já teve mais namoradas que se pode contar.
A partir daí eles começam um relacionamento que vai contra todas as possibilidades de dar certo, e no final não dá mesmo. Então algum tempo depois de terminarem a Min resolve devolver para ele uma caixa de souvenirs de cada momento deles juntos junto com uma carta que relembra todos esses momentos e enumera assim cada motivo por que eles acabaram. E essa carta é o livro.
A Min é um adolescente real, romântica, se entrega totalmente e se deixa levar pelos sentimentos, é dramática - como quase todo mundo que em 16 anos - e erra, erra muito e reconhece todos eles quando revive aqueles seus poucos meses com Ed enquanto escreve a carta. O único ponto que me incomodou nela - e no livro inteiro - é a mania dela relacionar tudo com um dos filmes antigos que ela tanto gosta. Entendo que isso é uma parte importante da sua personalidade, mas fiquei um pouco perdida quando ela divagava sobre essas referências que eu não conhecia. Já o Ed é um personagem intrigante, por que mesmo sabendo que em alguma hora você vai odiar ele em algumas partes ele é tão fofo que você torce para que o final seja diferente. Mas em outras você fica se perguntando como a Min não acabou com que ele antes. Enfim, acho que vocês entenderam como é complicado.
A Min escreve a sua carta como um forma de dar final naquela história, de dizer tudo o que ela queria para Ed. E é incrível ver como ela conta essa história para ele mostrando tudo que ela sentia naqueles momentos, percebendo enfim todos os sinais e erros que estavam ali o tempo todo mostrando como eles não dariam certo e ver que suas lembranças estão carregadas de saudade com amor e raiva ao mesmo tempo. Cada capítulo começa com a imagem de um dos objetos da caixa - preciso falar que as ilustrações trouxeram um coisa realmente nova para a história e foram importantíssimas para que a gente tivesse a experiência completa de toda a história do casal e da carta em si - e durante o capítulo ela conta para o Ed de que momento é aquele souvenir e como ele contribuiu para o fim deles.
A narrativa do Daniel Handler é maravilhosa, ele não diz uma palavra além do necessário, mas consegue mesmo assim passar todo o sentimento necessário, o que torna o livro um leitura simples e deliciosa. É tudo carregado com um humor que não é apelativo e consegue ao mesmo tempo arrancar risadas e repleto de diálogos tão reais e tão característicos de adolescentes que, junto com as ilustrações, fazem ser impossível largar o livro antes de chegar na última linha.
O mais incrível desse livro é que não tem como não se relacionar com ele de alguma forma. Tanto com os pensamentos da protagonistas, com os diálogos e principalmente com o amargor de um coração partido. É um livro que dá um tapa na cara daqueles que defendem os finais felizes, e talvez seja por isso que ele encante tanto. Por que ele mostra que ás vezes nem tudo acaba bem, mas ele não tem um fim triste, ele mostra que no final sempre tem um jeito de superar e seguir e frente. Não consigo explicar o quanto gostei dele, só posso dizer que ele me proporcionou como leitura uma experiência totalmente nova ao descobrir o inicio e meio já sabendo o fim e como pessoa acompanhar um história com um final amargo, mas cheia de lembranças boas que é tão real que poderia estar acontecendo com qualquer um, até comigo mesma. Indico demais.
Estou contando por que a gente acabou, Ed. Estou escrevendo, nesta carta, toda a verdade sobre o que aconteceu. E a verdade é que, porra, eu te amei demais.
— Não se rebaixe — a Jordan disse. — Você tem todas as qualidades que o Ed Slaterton procura nas mil namoradas dele, se pensar bem. Você tem duas pernas. — E você é uma forma de vida de base carbono — a Lauren falou.
Eu usei esta coisa indiferente que você nem lembra de ter tirado da sua mochila. Não foi um presente, isto que estou devolvendo. Mal foi um ato, já quase esquecido, esta coisa que eu usei como se me fosse cara. E foi. Não é a toa que a gente acabou.
3 comentários
Amei a resenha, realmente parace ser um livro lindo.
ResponderExcluirhttp://leituramagnifica.blogspot.com.br/
Ain, Carol! Obrigada por me deixar mais doida com esse livro. Já o tenho aqui há um tempo e para seguir minha listinha de leitura ainda não parei para lê-lo, mas com essa resenha tão legal, estou pensando seriamente em não deixar tão para depois.
ResponderExcluirAdorei o blog e quero saber todas as novidades! Já estou seguindo. Espero que curta o meu!
www.pronomeinterrogativo.com
Acabei de ler esse livro e estou quase chorando... Me apaixonei pelo Ed junto com a protagonista e, agora que acabou, estou triste (e também com um pouco de raiva).
ResponderExcluirAchei a escrita do autor um pouco cansativa e os parágrafos muito longos, mas nenhum defeito alarmante.
Adorei bastante o livro, porque ele brincou com o meu emocional e isso é bem difícil de acontecer ;)
Só fiquei decepcionada com o final, porque quero maaaaais. De qualquer forma, entendo os motivos do Daniel.
Bjs, Juh.