Resenha: Os Garotos Corvos por Maggie Stiefvater

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Sinopse: Todo ano, na véspera do Dia de São Marcos, Blue Sargent vai com sua mãe clarividente até uma igreja abandonada para ver os espíritos daqueles que vão morrer em breve. Blue nunca consegue vê-los - até este ano, quando um garoto emerge da escuridão e fala diretamente com ela. Seu nome Gansey, e ela logo descobre que ele é um estudante rico da Academia Aglionby, a escola particular da cidade. Mas Blue se impôs uma regra: ficar longe dos garotos da Aglionby. Conhecidos como garotos corvos, eles só podem significar encrenca. Gansey tem tudo - dinheiro, boa aparência, amigos leais -, mas deseja muito mais. Ele está em uma missão com outros três garotos corvos: Adam, o aluno pobre que se ressente de toda a riqueza ao seu redor; Ronan, a alma perturbada que varia da raiva ao desespero; e Noah, o observador taciturno, que percebe muitas coisas, mas fala pouco.



Título: Os Garotos Corvos - Raven Cycle #1
Autor(a): Maggie Stiefvater
Páginas: 376
Editora: Verus
Avaliação: 4,5/5

Eu comecei essa leitura completamente receosa, com muito medo de não gostar e sem saber nada, nada mesmo sobre a estória, motivada apenas pelos comentários maravilhosos que ouvi nos vlogs gringos. E depois de uma estranheza inicial, eu fui completamente capturada e envolvida pela estória. Os Garotos Corvos é um livro totalmente diferente e incrível!


A mãe de Blue é uma médium, assim com todas as suas tias, primas e amigas de sua mãe que vivem no mesmo casarão na cidade de Henrietta, e a Blue é única delas que não tem esse poder. Pelo contrário, ela é ainda mais estranha, tem a capacidade de aumentar o poder de quem estiver perto dela e é exatamente por isso que ela acompanha sua mãe todo ano, na véspera do Dia de São Marcos para que ela possa ajudar sua mãe a ver as almas daqueles que irão morrer nos próximos 12 meses. Mas dessa vez tudo foi diferente. Primeiro porque sua misteriosa e aterrorizante tia Neeve, que tinha acabado de chegar na cidade, foi no lugar de sua mãe e segundo porque, pela primeira vez, Blue conseguiu ver uma alma. Ele era um garoto, vestia o uniforme da Academia Aglionby - onde só existem garotos ricos e esnobes de quem Blue sempre procurou manter distância, os conhecidos como garotos corvos -, tinha cheiro de menta e disse que se chamava Gansey
Gansey não estava em Henrietta atoa, ele está lá a procura de evidências sobrenaturais. Gansey nasceu em berço de ouro e sempre teve tudo fácil na vida e exatamente por isso precisa fazer algo de importante na vida, algo que pague para o mundo o privilégio que foi dado a ele quando nasceu. Gansey acredita na lenda de que um antigo rei imortal está enterrado em algum lugar em caminho de energia conhecido como linhas ley e eles fez da sua missão de vida encontrá-lo e despertá-lo. E para isso conta com a ajuda dos seus três completamente diferentes e inseparáveis amigos: Adam, Ronan e Noah.

Tem algo de realmente bizarro sobre toda a estória de Os Garotos Corvos. Eu não digo isso de forma negativa, mas simplesmente para expressar um pensamente que se manteve na minha cabeça durante toda a leitura. Todo essa realidade alternativa criada pela Maggie Stiefvater é insana, bizarra e, por isso mesmo, genial. 
Diferente da maioria dos sobrenaturais adolescentes, aqui todos os personagens já estão imersos nesse mundo e é por isso que a autora nos joga de cabeça em toda essa estranheza. Não vou mentir, nos primeiros capítulos você se sente perdido em todos aqueles termos como linhas ley, Glendower e radiestesia, mas aos poucos você começa a entender e ficar completamente fascinado por tudo aquilo. A autora criou uma rede intricada de fatos que se juntam para explicar tudo o que acontece no livro e a cada página você vai descobrindo um dos pontos dessa rede e compreendendo melhor a estória por trás dos Garotos Corvos. 
E, por favor, não me peçam para explicar melhor sobre o que se trata todos os mistérios do livro porque é praticamente impossível de explicar. De verdade. 

O livro é, sem a menor dúvida, um grande suspense. A narrativa é repleta de mistérios que geram um clima de tensão extremamente sedutor que se faz presente durante toda a leitura. Juntando a realidade bizarra da estória, com os mistérios e suspenses que se desenrolam o tempo todo e personagens que carregam passados pesados, surge esse clima de suspense que me pegou desprevenida e que, a partir da página 50, fez ser impossível largar o livro. Eu só queria saber o que ia acontecer depois, qual seria a próxima descoberta. 

A narrativa da Maggie Stiefvater é especial, além de escrever de uma forma mais poética, ela narra a estória em terceira pessoa, mas conseguindo, ao mesmo tempo, dar um olhar distante aos personagens e outro interno a eles, extremamente perto dos seus sentimentos. Sendo assim nós acabamos tendo a visão de vários personagens, mas é inegável que a Blue e o Gansey são os principais, mesmo que os outros garotos corvos também tenham extrema importância. 

A Blue não tem nada de muito especial, mas se transforma em uma personagem cativante para o leitor. Ela é sensata, decidida, corajosa e consegue, aos poucos, superar todos os seus medos e receios. Ela cresce bastante ao decorrer do livro e sinto que ela vai ser tornar uma grande personagem ao final de toda a série. 
Não vou falar muito sobre a família da Blue, mas todas mulheres que vivem na sua casa são personagens igualmente cativantes e divertidas. Imaginem uma casa cheia de mulheres médiuns, vocês vão entender o que eu estou falando. 

O meu personagem favorito, sem dúvida alguma, é o Gansey. Eu fiquei fascinada com a sua obsessão por encontrar Glendower e fazer algo mais da sua vida. Ele não é um personagem perfeito, longe disso, ele luta para não estragar tudo o tempo todo já que tem um tato terrível para se relacionar com as pessoas. Eu fiquei realmente comovida com a forma com que ele luta para não se tornar o que todas as circunstâncias o motivariam a ser e fiquei emocionada pela forma como ele ama seus amigos e faz de tudo - de tudo mesmo - por eles. E a cada vez que você descobre mais sobre ele, sobre sua estória, mas você passa a admirá-lo, sua determinação, dedicação e força. 

Eu não esperava todo o destaque que o Adam tem no livro e gostei muito que isso aconteceu porque ele com certeza é um personagem interessante. O único dos garotos corvos que não é rico e luta muito, muito mesmo para que consiga subir na vida e sair da realidade que vive. Eu admiro sua determinação, seu coração por aguentar tudo sem perder sua essência, mas alguma coisa me diz que isso não vai durar muito tempo depois do que aconteceu no fim do livro. Não posso falar muito sem dar spoilers, porém sinto que vou me decepcionar com ele, o que é uma pena. 

O Ronan é um personagem intrigante. Depois de uma situação traumatizante virou uma pessoa irritada, aparentemente fria e que não se importa com nada. Mas fica claro que tem muito mais por trás disso tudo e eu adorei o personagem. Eu vejo ele como alguém extremamente leal aos seus amigos e que vai crescer muito ainda na série, espero ver muito mais dele já que o personagem não tem muito destaque nesse primeiro livro. 

O Noah é um garoto quieto, misterioso e que muitas vezes é uma presença oculta dentro do grupo e eu não esperava gostar tanto do personagem, ele é uma pessoa muito doce. Não posso falar muito, mas só digo uma coisa para quem já leu: EU SABIA!

Não esperem romance porque essa não é, claramente, a prioridade da Maggie Stiefvater. É claro que temos uma insinuação leve de romance, uma promessa do que vai acontecer, e pistas do surgimento de um possível triângulo amoroso. Porém fica claro quem é o destino de Blue, então não acho que isso vai se estender demais. O grande ponto do livro é o mistério, o debate interno de seus personagens e a forte ligação de amizade entre eles. E eu não poderia ficar mais feliz com um sobrenatural que, finalmente, aposta muito mais no mundo fantástico que foi criado e em tudo que ele tem para oferecer. 

Eu não esperava isso, não esperava ficar tão imersa nessa estória e gostar tanto desse livro. Eu amei os personagens, amei esse mundo criado pela Maggie Stiefvater e estou morrendo para saber qual vai ser o final de todos esses mistério, principalmente depois do final surpreendente desse primeiro livro. Os Garotos Corvos virou um queridinho e eu estou louca para ler a continuação.  
Mais do que qualquer coisa, o diário desejava. Desejava mais do que podia conter, mais do que palavras podiam descrever, mais do que diagramas podiam ilustrar. O anseio transbordava das páginas, em cada linha frenética, em cada desenho apaixonado, em cada definição em negrito. Havia algo de doloroso e melancólico a respeito dele.
Gansey poderia ter todos os amigos que quisesse. Em vez disso, havia escolhido três deles, três sujeitos que deveriam ser, por três razões diferentes, destituídos de amigos.
Ela reconheceu a estranha felicidade que vinha de amar algo sem saber por quê, aquela estranha felicidade que às vezes era tão grande que parecia tristeza. Era a maneira como ela se sentia quando olhava para as estrelas.

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