Resenha: A Garota Que Você Deixou Para Trás por Jojo Moyes

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Sinopse: Durante a Primeira Guerra Mundial, o jovem pintor francês Édouard Lefèvre é obrigado a se separar de sua esposa, Sophie, para lutar no front. Vivendo com os irmãos e os sobrinhos em sua pequena cidade natal, agora ocupada pelos soldados alemães, Sophie apega-se às lembranças do marido admirando um retrato seu pintado por Édouard. Quando o quadro chama a atenção do novo comandante alemão, Sophie arrisca tudo — a família, a reputação e a vida — na esperança de rever Édouard, agora prisioneiro de guerra. Quase um século depois, na Londres dos anos 2000, a jovem viúva Liv Halston mora sozinha numa moderna casa com paredes de vidro. Ocupando lugar de destaque, um retrato de uma bela jovem, presente do seu marido pouco antes de sua morte prematura, a mantém ligada ao passado. Quando Liv finalmente parece disposta a voltar à vida, um encontro inesperado vai revelar o verdadeiro valor daquela pintura e sua tumultuada trajetória. Ao mergulhar na história da garota do quadro, Liv vê, mais uma vez, sua própria vida virar de cabeça para baixo. Tecido com habilidade, A garota que você deixou para trás alterna momentos tristes e alegres, sem descuidar dos meandros das grandes histórias de amor e da delicadeza dos finais felizes.
Título: A Garota Que Você Deixou Para Trás
Autor(a): Jojo Moyes
Páginas: 384
Editora: Intrínseca
Avaliação: 4/5

Como Eu Era Antes de Você, da Jojo Moyes foi uma grande surpresa, um dos livros mais lindos que já li e uma das melhores leituras do ano passado. Exatamente por isso não pensei duas vezes em dar uma chance para o novo lançamento da autora aqui no Brasil. A Garota Que Você Deixou Para Trás é muito diferente do primeiro livro da autora, mas consegue, da mesma forma, envolver o leitor e emocionar.


Em 1916, durante se a Primeira Guerra Mundial, Sophie se vê presa sob o domínio alemão que se instalou sobre a cidadezinha francesa de St. Péronne. Seu marido foi para a guerra e o que sobrou para Sophie foi voltar para a sua cidade natal para fazer companhia a seu irmão, sua irmã e seus sobrinhos. Com regras rígidas, mantimentos tão míseros que não conseguiam nem matar a fome e abusos cometidos pelos alemães, Sophie ainda foi obrigada a fazer do seu restaurante um local oficial dos inimigos e cozinhar para eles todos os dias enquanto ela mesma passava fome. Mas ainda pior do que aguentar sua realidade difícil, era imaginar seu marido na guerra, se ele estava bem ou ao menos vivo. A única coisa que a mantinha esperançosa era o quadro que ele, há muito tempo, tinha feito dela, uma mulher jovem, altiva e cheia de cores. Um quadro que atraia olhares indesejáveis do Comandante alemão.
Na Londres de 2010, Liv Halston ainda tenta se recuperar da morte do seu marido que aconteceu, de repente, há alguns anos. Com a lembrança dele vívida em cada canto da casa de vidro projetada e construída por ele, uma das suas melhores lembranças é um quadro que ela ganhou dele na lua de mel. No quadro, uma mulher ruiva e cheia de confiança posa para uma imagem repleta de cores, sem assinatura a única coisa que o identifica é a frase escrita no verso: "A garota que você deixou para trás". É só quando Liv é surpreendida com fatos relacionados ao quadro que ela resolve pesquisar e descobrir a história por trás daquela enigmática mulher que admira há quase dez anos. 

A Jojo Moyes tem a característica de escrever estórias reais, que mostram suas partes duras e suas partes recompensantes sem nunca florear os acontecimentos. Por mais que ela dê a seus personagens finais felizes - ou algo perto disso -, ela sempre faz com que eles passem por muito antes de chegar até ele. 

Eu já li alguns livros sobre guerra, sendo o mais duro deles o Jardim de Inverno da Kristin Hannah, mas nenhuma dessas leituras consegue preparar alguém para um relato de uma época tão difícil. Pouco se fala sobre a Primeira Guerra e como ela também foi cruel para quem esteve, de alguma forma, relacionado a ela e eu adorei que a Jojo Moyes tenha escolhido esse tema e, principalmente, essa personagem. Logo no primeiro capítulo eu me conectei com Sophie e passei a admirar sua força, seu amor e sua dedicação. É incrível a empatia da personagem e maneira pela qual ela consegue nos envolver totalmente com sua estória. Eu sofri com ela, chorei por ela e entendi todas as suas ações, por mais que elas não tenham sido as melhores escolhas em determinados momentos. 

Então eu estava terminando as cem primeiras páginas do livro, completamente envolvida pela estória quando, de repente, a narrativa muda de ponto de vista e de personagem. E acho que, talvez, esse seja o único defeito de livro. Foi difícil para mim abandonar um personagem que eu gostava tanto e ter que me conectar com outro. Essa mudança foi complicada e quebrou e muito o meu ritmo de leitura, acredito que se a autora tivesse feito capítulos alternados desde o começo o resultado seria melhor. 

Não posso dizer que gosto da Liv tanto quanto da Sophie, porque isso seria uma mentira gigantesca. A personagem me irritou demais e em tantos momentos que foi difícil entender como que, apesar de tudo, eu ainda consegui gostar dela. Porque, no final, eu me vi torcendo por ela e admirando também a sua determinação. Então, por mais que a Liv tenha usado cada pedacinho da minha paciência, eu ainda fico feliz com a inclusão da personagem na estória, além de entender sua importância. 

Fiquei encantada pela forma com que, além de todo o drama, a autora conseguiu também fazer do romance algo presente e importante. Eu fiquei emocionada pela força dos sentimentos que a Sophie carregava e senti, de verdade, frio na barriga durante toda a experiência vivida pela Liv. A Jojo Moyes conseguiu juntar esses dois gêneros que eu gosto tanto e ainda fazer isso tendo dois exemplos de mulheres como protagonistas. 
Gostei também de como o mistério foi incluído no livro e como a autora conseguiu mantê-lo até o final. Eu fui realmente surpreendida e tocada pelo rumo da estória da Sophie e daqueles que fizeram parte dela. 

Da mesma forma que aconteceu em Como Eu Era Antes de Você, em A Garota Que Você Deixou Para Trás a autora conseguiu atingir meu coração em cheio, me fazer chorar por muito tempo e me fazer, também, admirar a força de seus personagens principais. Um livro lindo, muito bem escrito, emocionante e que dá uma verdadeira lição de vida. Posso afirmar agora, mais uma vez, que sou uma fã da escrita da autora e que vou ler todos os próximos livros dela, estou  louca para degustar um pouco mais da sua sensibilidade. 
Essa era a história de nossas vidas: insurreições menores, vitórias miúdas, uma breve chance de ridicularizar nossos opressores, barquinhos de esperança em um mar de incertezas, privação e medo.
Liv se lembra de ter gritado em silêncio em banheiros, de ter saído correndo sem explicação de salas cheias, consciente de sua aparente grosseria, mas incapaz de se deter. Passaram-se anos até ela conseguir ver a felicidade dos outros sem lamentar a perda da sua.
Mas eu me recuso a tirar o quadro da parede, não importa o que Hélène diga. Ele me lembra você, e a época em que fomos felizes juntos. Me lembra que a humanidade é capaz de amor e beleza assim como de destruição.

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