Resenha: Reiniciados por Teri Terry

13:46

Sinopse: As lembranças de Kyla foram apagadas, sua personalidade foi varrida e suas memórias estão perdidas para sempre. Ela foi reiniciada. Kyla pode ter sido uma criminosa e está ganhando uma segunda chance, só que agora ela terá que obedecer as regras. Mas ecos do passado sussurram em sua mente. Alguém está mentindo para ela, e nada é o que parece ser. Em quem Kyla poderá confiar em sua busca pela verdade?
Título: Reiniciados
Autor(a): Teri Terry
Páginas: 432
Editora: Farol Literário
Avaliação: 4/5

A capa e a sinopse de Reiniciados me chamaram a atenção logo de cara, mas eu não sabia muito bem o que esperar da leitura. Só sei que foi diferente de tudo que eu poderia imaginar, a Teri Terry criou uma sociedade distópica fascinante e trabalhou o tema de uma forma diferente ao trazer um clima de suspense em que nada é o que parece ser. O livro foi uma boa surpresa.


Kyla tem dezesseis anos e é uma Reiniciada, o que quer dizer que suas memórias foram apagadas - por ter sido uma criminosa - e agora, após de seis meses no hospital para aprender coisas básicas, está pronta para ir para casa com a sua nova família. Ser um Reiniciado não é nada fácil, além do preconceito e da dificuldade de saber as coisas mais básicas, eles ainda são monitorados por um Nivo, um aparelho que mede seu "nível de felicidade" e pode causar desmaios, convulsões ou mortes caso a pessoa fique muito deprimida, agressiva ou com raiva. Mas Kyla é diferente. Ela não tem aquela olhar bobo dos outros Reiniciados e muito menos é tão influenciável quanto eles. Ela pensa por si própria, questiona as coisas e analisa a tudo e a todos, mas o pior de tudo são as lembranças que ela não deveria ter. Aos poucos Kyla vai percebendo que nem tudo é o que dizem ser e começa a investigar alguns estranhos desaparecimentos ao mesmo tempo em que tenta agir de forma "normal" para não ser pega pelos assustadores Lordeiros.

Um dos grandes destaques do livro é, sem dúvida, a sociedade criada pela Teri Terry. Dentre todas as distopias que foram lançadas nesses últimos tempos, a de Reiniciados é que mais se assemelha com a realidade e parece possível, e isso não é só pelo fato de que o debate sobre como lidar com criminosos é um assunto recorrente. As causas que deram origem a esse novo tipo de governo , uma crise que desencadeou a revolta e manifestações de adolescentes, é muito semelhante com o que nós vemos acontecer no mundo hoje. Queria poder falar mais sobre isso, mas estragaria algumas surpresas do livro, só posso dizer que é fascinante ir percebendo essa relação ficção-realidade durante a leitura. Tiro o meu chapéu para autora por ter essa visão e quero muito saber mais sobre como tudo aconteceu. 

Outro ponto positivo é a própria Kyla. É difícil encontrar protagonistas que sejam elas próprias as heroínas de suas estórias. A Kyla é inteligente, perceptiva e curiosa só que, melhor do que tudo isso, ela não é burra. Ela pensa antes de agir, ela quer descobrir a verdade, mas não quer morrer para isso e muito menos arriscar a vida de outras pessoas no processo, essa característica fez a Kyla parecer muito mais real, porque, na vida real, ninguém sai arriscando a vida a torto e direito só porque se diz corajosa. É claro que a personagem não é perfeita, toma algumas decisões idiotas como qualquer pessoa, mas posso dizer que pesando os prós e contras a Kyla ganhou o meu respeito.

A construção dos personagens, assim como a utilização deles, foi bem pensada e certeira. Nós somos apresentados aos personagens, mas, aos poucos, a autora vai desconstruindo as primeiras impressões que temos deles e fazendo cada um ser uma mistério e contradição. Nós, assim como Kyla, ficamos desconfiados o tempo todo, sem saber quem é confiável e quem não é e, por fim, nos surpreendendo a todo momento com o que descobrimos.Esse clima de suspense permeia o livro todo, fazendo o leitor ficar aflito sobre qual vai ser a próxima descoberta da Kyla, seja sobre ela mesma, sobre a sociedade de que faz parte ou sobre as pessoas que conhece. Esse é um dos motivos que faz ser quase impossível largar o livro já que a autora não nos conta nada logo de cara e sim soltando os fatos aos poucos.

Reiniciados só não foi perfeito para mim por dois motivos: apesar de todas as qualidades da estória e da narrativa simples e fluída da Teri Terry, acho que faltou um pouco de agilidade. Sei que esse é um livro introdutório e que é sobre a Kyla descobrindo a ela mesma, mas senti falta de um pouco mais de ação no livro, é como se estória caísse em uma "rotina" em determinado ponto. Não me entendam mal, eu amo romances e não critico o fato dele existir no livro, mas sim o fato de que ele meio que ficou em cima do muro. Era colorido demais para uma simples amizade e faltava intensidade para ser um bom romance, entendem? Acho que se a autora deixasse os personagens só como amigos nesse primeiro livro e desenvolvesse o relacionamento deles mais para frente iria ficar melhor e funcionaria da mesma forma para o enredo. 

Não gosto de fazer comparações, mas aqui eu não tenho saída. Quem leu algumas distopias já deve ter percebido a mania que autores tem de acabar os livros de forma abrupta, como se faltasse um capítulo. Em Reiniciados, felizmente, não é assim, a autora escolheu uma boa hora para parar, fechou bem a estória e, ao mesmo tempo, deixou um gancho interessante para o próximo livro - que tem uma capa ainda mais linda por sinal, vale a pena procurar.

A série tem um potencial imenso por ter uma pano de fundo interessantíssimo, uma boa personagem principal, um clima de suspense viciante e um bom gancho para os próximos livros, eu realmente espero que a autora trabalhe bem estória daqui para frente. Não é um livro perfeito, mas tem um diferencial que, ao meu ver, pode agradar tanto os fãs de distopias como também aqueles que não curtem tanto. 


* Livro cedido pela editora para a resenha. 

Minhas memórias se foram, mas parte de mim se lembra. Meu corpo, meus músculos. Como a mão esquerda com o lápis. Ela sabia o que fazer no instante em que o coloquei ali. Então não é a mesma coisa que começar do zero, não mesmo. É como se, ao dar o impulso certo, você consiga fazer as coisas que tinha esquecido. Quem sabe do que mais sou capaz?
Ele me abraça, me mantém bem perto e eu desejo tantas coisas. Que pudéssemos ficar desse jeito. Que pudéssemos ficar a sós em algum lugar, em um mundo sem Lordeiros, sem Reiniciados, sem Nivos. Ou ao menos que ele pudesse dizer sim e fazer o que quisesse. Mas eu simplesmente não consigo. 
Agonia. Meu mundo está repleto de dor, nada mais. Uma dor que pulsa, que respinga de vermelho, um torno que esmaga tudo o que sou, o que fui e o que posso vir a ser.

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7 comentários

  1. Eu fiquei com muita vontade de ler esse livro! Achei bem interessante a ideia de ser reiniciada e fico muito feliz de saber que o livro tem um final.

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  2. Acredito que a ação deve aparecer nos próximos livros e como eu tenho mta birra com distopia, msm qdo a ideia é bacana (pq essa foi), várias coisas ficaram a desejar...

    Andy_Mon Petit Poison

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  3. Já queria muito ler este livro, depois da tua opinião ainda tenho mais vontade.. :D

    diariodachris.wordpress.com

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  4. Oi Carol!
    Eu estou muito curiosa para ler Reiniciados. A capa é super linda e eu como uma boa amante de distopias não poderia estar mais curiosa para lê-la.
    Algo que realmente odeio nos livros é quando o autor acaba o primeiro livro da série ou trilogia, de forma abrupta, como você descreveu, e dei pulinhos ao saber que não é isso que acontece com Reiniciados! Sua resenha só me deixou mais curiosa para ler *-*

    Beeijos,
    iSteh

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  5. Eu adoro distopias, e eu quero mutio ler essa série! Acho que vou esperar para ler quando estiver mais perto do lançamento do próximo livro, ou então vou me esquecer de tudo... Adorei sua resenha, e ela me deixou super animado.

    Beijo
    Fernando Reads

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  6. Fiquei curiosa :) Distopias são um dos meus géneros favoritos e este livro enquadra-se muito bem nele.
    www.fofocas-literarias.blogspot.pt

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  7. eu ainda estou lendo o livro ja estou perto de terminar, eu gostei muito

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