Resenha: Fangirl por Rainbow Rowell

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Sinopse: Cath é uma fã de Simon Snow. Ok, o mundo inteiro é um fã Simon Snow, mas para Cath, ser fã é sua vida - e ela é muito boa nisso. Ela e sua irmã gêmea, Wren, se esconderam na série Simon Snow quando eram apenas crianças , e foi isso que deu força a elas para superar o abandono de sua mãe. Lendo. Relendo. Frequentando os fóruns de Simon Snow, escrevendo fan fictions de Simon Snow. Agora que elas estão indo para a faculdade, Wren disse a Cath que não quer ser sua companheira de quarto. Cath é deixada por conta própria, completamente fora de sua zona de conforto. Ela tem uma companheira de quarto ranzinza com um encantador, sempre presente, namorado, uma professora de escrita ficcional que pensa que fan fictions são o fim do mundo civilizado, um colega bonito que só quer falar sobre palavras ... E ela não pode parar de se preocupar com seu pai, que é amoroso e frágil e nunca ficou realmente sozinho. Para Cath, a pergunta é: ela pode fazer isso?

Título: Fangirl
Autor(a): Rainbow Rowell
Páginas: 421
Editora: Novo Século
Avaliação: 5/5 + ♥

Vocês sabem que, de vez em quando, eu amo ler estórias fofas e divertidas e foi por isso que escolhi Fangirl. E eu fui totalemente surpreendida porque a autora conseguiu juntar romance, relacionamento familiar, amizade e auto descoberta para formar uma estória extremamente real que te deixa com um sorriso bobo na cara. Estou apaixonada por esse livro.


Cath não escolheu ir para a faculdade, sua irmã gêmea Wren sim, e, como boas gêmeas que não se desgrudam, Cath resolveu seguir a irmã. Mas parece que Wren não queria mais continuar tão grudada assim. Defendendo que elas precisam crescer e conhecer pessoas novas, ela se recusou a ser companheira de quarto de Cath, deixando a irmã totalmente perdida em um ambiente para qual não estava preparada. 
Acostumada a passar a vida escrevendo, junto com a sua irmã, fanfics de sucesso sobre o mundo da série de livros Simon Snow, onde, em todas elas, Simon se apaixonava por um de seus inimigos, Baz, Cath não estava pronta para enfrentar um lugar totalmente desconhecido onde ela não se encaixava e conviver com Reagan, sua companheira de quarto mal-humorada e amedrontadora e seu namorado sorridente e amigável, Levi, que não saia de seu dormitório. Além disso, Cath também não conseguia parar de se preocupar com seu pai que nunca tinha ficado sozinho e que, desde que sua mãe havia ido embora e os abandonado, vivia frágil e sempre suscetível a perder o controle. 
Mas agora não tinha volta, a garota estava presa nessa nova vida e sendo obrigada a encarar essa nova realidade totalmente sozinha. 

Se vocês me acompanham a algum tempo sabem que o que me estimulou a ler livros foi a leitura compulsiva de fanfics. Diferente da Cath, eu lia fanfics de bandas, mas isso não impediu que eu me relacionasse tão intimamente com o coração de fã da Cath. Até porque, ninguém pode dizer que eu não sei o que é ser fã de uma série de livros (Eu tenho um blog literário, oi?). 
Eu já li centenas de fanfics, longas e curtas, acompanhei várias desde o primeiro capítulo e até mesmo tentei escrever algumas - sempre terminando em fracasso porque eu sempre tinha muitas ideias e muita preguiça de coloca-las no papel. E fiquei muito feliz de ver isso ser retratado em um livro, muito mesmo. 
É muito tocante ver o amor da Cath por esse mundo e, principalmente, por esses dois personagens, Simon e Baz. Foi fácil, pelo menos para mim, entender o amor que ela sentia por escrever suas estórias e a maneira como que para ela esses personagens eram tão reais. 
A Rainbow Rowell teve um cuidado especial de desenvolver essa parte da estória, seja criando essa série imaginária do Simon Snow (claramente inspirada em Harry Potter) ou seja incorporando no final de cada capítulo uma passagem dos livros originais ou uma passagem de uma das fanfics escritas pela Cath. 

Por ter sido abandona pela mãe quando era pequena, por ter sempre se apoiado na irmã gêmea e, principalmente, por ter vivido boa parte de sua vida imersa na vida de seus personagens favoritos, Cath tem muita dificuldade de encarar a vida real. Enquanto Wren quer conhecer pessoas novas, Cath fica aterrorizada por elas, o que faz da faculdade um verdadeiro martírio. Por ser tão medrosa, ela tem medo de deixar qualquer um se aproximar, tem receio de arriscar em coisas diferentes e não acredita em si mesma e nas suas qualidades (Exceto quando o assunto é sua habilidade de escrever estória sobre Simon e Baz). E por mais que isso seja um pouco triste, rende situações inusitadas e divertidas, como viver de barra de cereais por ter medo de entrar sozinha no refeitório. 
Mas não se enganem, apesar desses problemas, a Cath é uma personagem ótima e adorável. É claro que ela não é nem um pouco perfeita, mas esses defeitos só tornam ela ainda mais real. É fácil acreditar que ela poderia ser qualquer um porque tudo que ela pensa e sente é muito genuíno. Apesar de ter um timidez gigantesca e uma baixa autoestima, ela irradia alegria e consegue ser muito divertida, mas também oscila, nos momentos certos, para sentimentos de tristeza, raiva e, principalmente, preocupação com aqueles que ama. Além, é claro, do seu amor incondicional pelo Simon e pelo Baz, que é tocante e extremamente fofo.

Não posso dizer que gosto da Wren porque tudo que ela faz nesse livro só me fez odiá-la, mas, ao mesmo tempo, entendo porque a irmã a ama tanto e que, apesar de tudo, ela tem suas qualidades. Fica muito visível a ligação forte e intensa entre as duas, elas são muito mais que irmãs e melhores amigas e por mais idiota que a Wren tenha sido, eu entendo isso.
Outro destaque para mim foi a Reagan para quem eu estranhei e torci o nariz no começo, mas que, com o tempo, passei a compreender e amar. Exatamente como aconteceu com a Cath. Adoro personagens inusitados e deferentes e Reagan se encaixa muito bem nessa descrição, ela é mal-humorada, parece sempre prestes a te xingar e fazer uma careta para você, mas com o tempo você percebe que esse é só seu jeito de ser. Não tem como não dar boas risadas com ela. 
Mas, é claro, que precisávamos de um destaque especial para o Levi. Assim como todos os personagens do livro, ele está longe de ser perfeito, mas não tem como não se apaixonar completamente pelo personagem. Como dizem no livro, ele é a melhor pessoa do mundo e eu não posso discordar. Ele é sempre gentil com qualquer um, vive distribuindo sorrisos durante o dia todo, é uma amigo incrível e é fofo, muito fofo. Só posso dizer que queria muito ter um Levi para mim, ele é simplesmente a pessoa mais adorável do planeta!

Uma coisa muito legal é que a Rainbow Rowell apostou em diversos núcleos diferentes de conflito, dando uma dinâmica muito gostosa para o livro. 
De um lado nós temos a Cath tentando crescer, criar coragem para encarar o mundo e conhecer a si mesma. Isso é presente na lenta e gradual abertura para conhecer novos amigos e a sua dificuldade em acreditar que pode sim escrever estórias próprias, que não se baseiam em um mundo e em personagens já criados por outra pessoa. É bem visível o amadurecimento da personagem durante o livro e foi lindo ver isso acontecendo. 
Em outro núcleo existe o drama familiar da Cath. Sua relação cada vez mais conturbada e distante com a irmã que antes era sua melhor amiga, mas que agora só quer saber de festas e bebidas, coisas pela qual Cath não tem o mínimo interesse. A preocupação com o seu pai, tão frágil e tão instável, que tem sempre as melhores das intenções, mas que tem dificuldades de manter o controle sobre si mesmo quando está sozinho. E, por último, a luta de Cath de aceitar que a mãe a abandonou, o que aconteceu a muito tempo, mas que ainda deixa uma ferida aberta. Essa parte da estória é conduzida de forma tocante, que emociona principalmente por causa da força dos laços entre os personagens. 
E, por último, temos a parte do romance. Eu simplesmente amei a forma como a autora conduziu o romance. Ele foi lento, tomando forma no seu tempo certo e foi extremamente condizente com a personalidade insegura da Cath. E amei isso porque eu sentia calafrios no estômago toda cena em que os personagens estavam juntos e só os melhores romances conseguem fazer isso comigo. Nunca sofri tanto com tanta tensão romântica, minha gente! Me apaixonei pelo amor dos dois, não tenho mais nada para dizer.

Tenho certeza que se pudesse me ver enquanto estava lendo Fangirl eu iria perceber que fiquei, o tempo todo, com um sorriso bobo no rosto porque esse é aquele tipo de livro que te faz perceber que a mais comum das realidades pode ser incrível. A Rainbow Rowell escreveu uma estória que poderia acontecer comigo, com vocês, com seu vizinho, com qualquer um! Ela é extremamente real, e carregada de um doçura deliciosa de acompanhar. Ele é simples, divertido, fofo, tocante, inspirador, apaixonante. Já disse isso, mas me sinto no dever de repetir de novo e de novo: eu me apaixonei por essa estória.
É por isso que Cath escreve fanfics. Por causa dessas horas quando o mundo deles suplanta o mundo real. Quando ela podia apenas guiar os sentimentos de um pelo outro como uma onda, como algo caindo ladeira abaixo. 
"Eu não sou, na realidade, uma pessoa de livros."                                                                                   "Essa deve ser a coisa mais idiota que você já disse para mim."
Eu vou continuar a tomar decisões ferradas e fazer coisas estranhas que eu nem sequer percebo que são estranhas. As pessoas vão ter pena de mim e eu nunca vou ter um relacionamento normal - e isso vai ser sempre porque eu nunca tive uma mãe. Sempre. Esse é o pior tipo de machucado. Um tipo de estrago do qual você nunca se recupera. E eu espero que ela se sinta terrível. Espero que ela nunca perdoe a si mesma.

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