Resenha: Just Listen por Sarah Dessen

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Sinopse: Depois de ter sido pega com o namorado da melhor amiga numa festa, Annabel Green começa o ano letivo sozinha e sendo ignorada pelo resto da escola. Mas o que realmente aconteceu naquela noite ainda é segredo, que ela não se arrisca a contar para ninguém. Os problemas de Annabel são explicitados pela recusa da família em admitir os próprios problemas, a fissura da mãe para que as filhas virem modelos famosas e Whitney, a irmã do meio, que sofre de anorexia. Uma amizade com Owen, o DJ da rádio comunitária, que tenta constantemente ampliar os gostos musicais de Annabel, fará a tímida jovem aprender a falar a verdade, doa em quem doer.




Título: Just Listen
Autor(a): Sarah Dessen
Páginas: 307
Editora: Farol Literário
Avaliação: 5/5

"Não pense nem julgue. Apenas ouça". Just Listen foi o primeiro livro da Sarah a ser publicado no Brasil há alguns anos, mas depois de ler O Que Aconteceu Com o Adeus e me apaixonar pela sua escrita, eu decidi ler todos os outros livros delas e depois de terminar Just Listen eu tive certeza que fiz a coisa certa.


O livro conta a história de Annabel Green que, logo no começo, descobrimos ter passado por um  final de ano conturbado ao ter sido pega - supostamente - com o namorado da sua melhor amiga, Sophie, e que está tendo que enfrentar a volta das aulas sozinhas e isolada, o que é totalmente o contrário do que as pessoas veem ela superficialmente: a modelo que tem tudo de perfeito na vida. E até a sua família a vê assim, uma família cheia de problemas e pontos vulneráveis.

A Annabel não me agradou completamente, preciso confessar, mas ela têm os seus motivos para agir daquela maneira e eu compreendo, apesar de não concordar. Ela é uma garota que odeia brigas e conflitos, não suporta ver alguém se exaltando ou com raiva e têm muito medo de se impor e tirar as pessoas de suas zonas de conforto. E é por esse motivo que ela não conta para a mãe que quer deixar de ser modelo, ela tem medo que ela volte ao estado de depressão que estava antes de encontrar uma distração gerenciando a carreira de modelo das filhas.

Falando na mãe de Annabel, o convívio familiar e seus conflitos é um grande tema que Sara gosta de abordar em seus livros e em Just Listen fez isso com maestria. A personagem principal faz várias reflexões sobre a sua família durante o livro, mas não posso deixar de citar o caso da Whitney, a irmã do meio de Annabel. Ela, pela pressão da carreira de modelo, desenvolveu distúrbios alimentares e é um dos personagens mais bem construídos e explorados na história, assim como a sua doença e a sua superação. Mas é interessante também ver a como personalidades tão diferentes se encaixam na mesma família, a super protetora da mãe, mas que também é ao mesmo tempo frágil graças ao seu recente caso de depressão, a falante e forte de Kirsten, a irmã mais velha, a intensa e vulnerável de Whitney, a mais calada do pai e a da Annabel, que prefere não se intrometer e ficar lá, só olhando e sendo uma boa e filha e irmã para não piorar as coisas. E é por isso que ela não conta nada para ninguém, muito menos o que aconteceu de verdade entre ela e o namorado de Sophie.

Quando ela estava isolada no escola ela acabou se aproximando de Owen que é um mocinho completamente diferente com o esteriótipo que estamos acostumados em livros YA. Ele é conhecido - temido e excluído - pela sua aparência alta e forte, beleza que não é obvia e por algumas brigas. Mas quando ele ajuda Annabel depois de uma discussão com Sophie e começam a se aproximar ela percebe que ele não é nada daquilo. Sim, ele tem um problema para controlar a raiva, mas é uma pessoa gentil, totalmente apaixonado e viciado em música - paixão essa que vai fazer da música quase que um personagem do livro, o que eu adorei - e um amigo maravilho que a ajudou a se sentir melhor com ela mesma e parar de esconder segredos das pessoas que ama. Eu adorei o Owen, eu achei ele tão diferente e com uma personalidade forte e profunda que é difícil ver em "mocinhos".  Ele é essencial para o desenvolvimento da história e não é só pelo romance, que aconteceu muito naturalmente e com tempo, mas porque foi ele o responsável pela mudança interna de Annabel.

Todos os personagens do livro são assim, complexos e com personalidades definidas, que é uma característica muito positiva da Sarah Dessen.

O enredo aborda temas difíceis como transtornos alimentares e outro que não posso citar sem estragar o grande mistério do livro, mas o grande tema que ele debate é sobre o relacionamento entre as pessoas. Não só o romântico, mas principalmente o com membros da família e com amigos e também como é importante saber se comunicar para que esses relacionamentos deêm certo. E não fala somente sobre saber escutar, mas também sobre falar quando é necessário e como ás vezes o silêncio pode valer mais que mil palavras ou ser pior que todas elas juntas. Ele trata sobre como conviver com os nossos sentimentos e como controlá-los. 

Enfim, é uma história sobre fatos e problemas sobre a vida real e enquanto você lê aquela história parece tão verdadeira e crível que pode ser aquela do seu vizinho ou da pessoa que passa por nós pela rua.

Um ponto que me agradou muito também foi como a autora intercalou o passado e o presente durante a narrativa, foi de uma forma tão gostosa de ler e com lembranças na hora certa para que entendêssemos o que estava se passando no presente.

Just Listen é um livro ótimo, com personagens humanos e com uma história com conteúdo e desenrolar incríveis e que por falar de amor, em todas as suas formas e ser da Sarah Dessen, não tinha como não ser muito bom. Não só recomendo como digo que todos devem ler. Uma história maravilhosa, tocante e, acima de tudo, muito real.
O pior é que havia muitas coisas que eu realmente queria contar para ela, mas nenhuma delas seria facilmente digerida. Ela já tinha passado por tanta coisa com as minhas irmãs — eu não queria lhe dar mais um fardo. Então, me esforçava para ser o ponto de equilíbrio, pouco a pouco, de palavra em palavra, de história em história — mesmo que não fosse verdade.
E me pareceu justo mesmo. Seja uma música, uma pessoa, ou uma história, não há como saber de algo quando se conhece apenas um trecho, quando se deu uma rápida olhada ou se ouviu parte de um refrão.
Era o seguinte: antes, a diferença entre luz e escuridão era muito simples. Uma era boa e outra má. Porém, de repente, isso deixou de ser tão óbvio. A escuridão ainda era um mistério, algo escondido, algo do qual se tinha medo. Porém, eu passei a sentir medo da luz também.

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