Resenha: O Substituto por Brenna Yovanoff

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Sinopse: Mackie Doyle não é normal. Ele vive na pequena cidade de Gentry, mas vem de um mundo de túneis e águas escuras e lamacentas. Ele é um substituto — deixado no berço de um bebê humano há dezesseis anos. Agora, em virtude de uma alergia fatal a ferro, sangue e solo consagrado, Mackie está morrendo aos poucos no mundo dos homens. Essa iminente morte faz com que ele saia de seu casulo e vá em busca de respostas.
Título: O Substituto
Autor(a): Brenna Yovanoff
Páginas: 336
Editora: Bertrand Brasil
Avaliação: 2,5/5

Esse foi um livro que fui ler pela curiosidade já que tanto a capa quanto a sinopse me chamaram muito a atenção. Não tinha muitas expectativas e por isso não posso dizer que me decepcionei. Apesar da criatividade da autora ter criado um mundo totalmente novo e cheio de um ar de suspense e mistério isso não foi suficiente para cobrir os vários erros na narrativa.


É difícil falar sobre o enredo de O Substituto sem entregar nada de importante. O livro é narrado por Mackie e ele sabe que não é normal. Apesar de todos de Gentry fingirem que nada de anormal acontece, de tempos em tempos uma criança é roubada e no lugar é colocado um bebê estranho, doente, que veio dos mundo subterrâneo que existe abaixo da cidade e que, normalmente, logo morre.
Mas com ele as coisas foram diferentes, ele cresceu e mesmo com todas as suas limitações - não poder chegar perto de ferro e entrar em terras sagradas - ele ainda vive, mas provavelmente não por muito tempo. E é a partir daí que ele resolve querer descobrir o que aqueles seres são, o que ele é.

O fato do livro ser narrado por um personagem masculino me deixou muito feliz, porque isso é muito raro em livros YA e finalmente aos poucos é um recurso que está sendo mais explorado, além de que ser ele o ser sobrenatural deu uma visão ótima para o enredo. Eu gostei de Mackie, apesar dele ser um pouco confuso - o que é completamente normal quando não se sabe nem o que é direto e onde se encaixa - é isso que dá uma profundidade a ele e uma carga emocional muito grande para a história. É até meio agonizande entender toda a situação que ele vive, ter que se esconder e parecer normal, viver sempre com medo e doente. Mas, infelizmente, os outros personagens não são tão bons assim. 

A Emma e a relação dela com Mackie é com certeza um dos pontos mais positivos do livro, na minha opinião. Acho que nunca vi uma relação entre irmãos tão bem feita assim em nenhum livro, fica claro que o amor de irmãos é o grande destaque que a autora quer dar. O amor incondicional de Emma por Mackie, o fato dele dever o fato de ainda estar vivo ainda a ela e por fazerem tudo um pele o outro realmente me tocou.  

Mas tirando eles e a Morrigan - que realmente me intrigou - todos os personagens me pareceram rasos, inconstantes e contraditórios. Até mesmo o Roswell - que é o melhor amigo do mundo, sério - e a Tate, que é um dos outros poucos personagens com uma personalidade mais definida, me deixaram meio perdida. Simplesmente não existe pessoas que aceitem coisas tão de repente e sem questionamento assim, namoros também não acontecem tão rápido e pessoas não mudam de opinião assim, de uma hora para outra. 

Tenho que destacar a criatividade da autora na criação desse mundo sobrenatural dela. Com certeza ela ganha pela originalidade e o mais legal de tudo é que ela não dá nome para as criaturas, elas são simplesmente seres sobrenaturais. Alguns se encaixariam no rótulo de fadas, outros de demônios, outros de bruxa e alguns até de mortos-vivos. Mas ela só os coloca como seres diferentes dos humanos. Outro destaque foi como ela tratou a cidade. É quase como se Gentry fosse um personagem, que guarda os seus próprios segredos. Mas ela deixou muitas pontas soltas, sem explicação. Em muitas partes eu fiquei perdida e sem entender o que estava acontecendo e mesmo relendo continuei na mesma. 

A narrativa usa do terror e, principalmente, do suspense. E isso torna o livro interessante e te faz querer saber mais e mais sobre aquele mundo tão estranho. Mas quem não gostar de terror pode ficar tranquilho, eu que super medrosa não tive nenhum problema. Outra coisa que me chamou a atenção foram as várias referências musicais.

O livro tinha tudo para ser maravilhoso com essas criaturas super diferentes e originais, mas, infelizmente, a autora pecou na criação dos personagens e na hora de conduzir os acontecimentos, deixando o leitor perdido e achando a ação dos personagens muito irreais, mesmo para um mundo tão entranho. É um leitura diferente e ótima para quem gosta de suspense, um ar sombrio e criaturas estranhas, mas não leiam com muitas expectativas porque vão se decepcionar.

Obs: Preciso falar que essa capa é maravilhosa e tem muito haver com a história. Até as coisas penduradas na árvore aparecem em certo momento. Fiquei muito feliz que a editora manteve a original.
As crianças continuariam a ser substituídas. Gentry continuaria fingindo não ver, como sempre fazia. O único problema é que eu não conseguiria continuar a viver comigo mesmo. 
Porque sim, eu era óbvio. No que dizia respeitos aos fatos, eu era esquisito, uma aberração, e o jogo só funcionava enquanto todos concordassem em se fingir de cegos. Se pegássemos todos os alunos da escola e  colocássemos enfileirados, eu destoaria do grupo de maneira gigante. Eu era a doença.
Isso era amor. Durante toda a minha vida eu estivera tão convencido de que estava além dele, excluído, mas  isso era amor - sempre fora - e agora eu sabia.

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