Resenha: Cidades de Papel por John Green

17:50

Sinopse: Quentin Jacobsen tem uma paixão platônica pela magnífica vizinha e colega de escola Margo Roth Spiegelman. Até que em um cinco de maio que poderia ter sido outro dia qualquer, ela invade sua vida pela janela de seu quarto, com a cara pintada e vestida de ninja, convocando-o a fazer parte de um engenhoso plano de vingança. E ele, é claro, aceita.  Assim que a noite de aventuras acaba e um novo dia se inicia, Q vai para a escola e então descobre que o paradeiro da sempre enigmática Margo é agora um mistério. No entanto, ele logo encontra pistas e começa a segui-las. Impelido em direção a um caminho tortuoso, quanto mais Q se aproxima de Margo, mais se distancia da imagem da garota que ele achava que conhecia.
Título: Cidades de Papel
Autor(a): John Green
Páginas: 368
Editora: Intrínseca
Avaliação: 5/5 

Todo mundo sabe que eu sou apaixonada pelo John Green, durante menos de um ano eu li quatro livros e um conto do autor sendo surpreendida a cada leitura e me apaixonando pela maneira maravilhosa que ele escreve. Por isso comecei Cidades de Papel com expectativas altíssimas, esperando uma estória divertida e gostosa de ler. E mais uma vez fui surpreendida e pega desprevenida. Como uma única pessoa consegue escrever tantos livros incríveis assim?


Quentin está terminando o último ano da escola e se preparando para a faculdade, é considerado um nerd e tem poucos, mas bons amigos, Ben e Radar, e uma ótima relação com seus pais. Mas, além da sua vida bem normal, Quentin também tem uma certa obsessão com Margo Roth Spiegalman. Margo é sua vizinha desde sempre e costumava ser também ser sua melhor amiga quando eram crianças, porém, depois de um certo acontecimento tudo mudou e, aos poucos, eles foram se distanciando, o que não impediu Q de desenvolver um amor platônico pela garota. Margo é popular no colégio, adora fazer loucuras, pregar peças e fugir de casa, mas qual não é a surpresa de Quentin quando um dia Margo aparece na sua janela pedindo sua ajuda para executar um plano de vingança contra certas pessoas. Depois de uma noite inteira de aventuras com ela, Quentin espera que tudo mude entre eles, mas não é bem assim que acontece. Margo fugiu de novo, e sem dar sinais de querer voltar dessa vez e escolheu deixar para Quentin pistas para encontrá-la. Para isso Q tem que, antes de tudo, entendê-la e com isso ele vai perceber que não conhecia a garota que sempre amou. 

É difícil falar sobre Cidades de Papel, não só porque é um livro incrível, mas também porque tem tantas facetas diferentes e pontos altos que eu nem sei direito por onde começar. 

Quentin é um garoto extremamente "normal" e começa um livro sem ser um personagem que se destaca, é nerd, é certinho, é comum, mas o legal aqui é que ele amadurece demais enquanto tenta entender a visão de mundo de Margo. Sabe aquilo de encontrar a si mesmo enquanto está procurando outro alguém? Então, é mais ou menos isso que acontece. O livro se passa da transição do colégio para a faculdade, da adolescência para a vida adulta e essa é uma característica bem marcante da estória. O Q passa de garoto ingênuo para alguém que tem uma compreensão mais realista e profunda da vida e das pessoas. Além disso, uma característica muito marcante para mim da personalidade dele é a determinação, que em alguns momentos chegou a irritar um pouco, mas é, acima de tudo, tocante. 

O John Green tem uma habilidade interessante de conseguir construir personagens femininas fortes e marcantes e Margo não foge disso. Ela é uma incógnita que aos poucos vamos desvendando e, mesmo assim, nunca chegamos a conhecer de verdade, entendem? Ela tem uma imagem  forte, mas é uma pessoa muito intensa, melancólica e complexa. Confesso que não caí de amores por ela, achei a Margo muito egoísta, mas não tem como não se fascinar por ela e todo esse ar de mistério que envolve a personagem. Ela se parece demais com a Alasca de Quem É Você, Alasca?, mas não é um cópia. 

Acho que o que é mais fascinante em Cidades de Papel são as reflexões levantadas pelo autor. Ele fala muito sobre realmente conhecer uma pessoa, que muitas vezes nós só conhecemos uma imagem projetada tanto por ela quanto por nós mesmo, ele fala sobre a superficialidade das pessoas e das nossas ações e da obsessão que temos por ideais, muitas vezes, idealizados. E tem as metáforas. Meu Deus, as metáforas! Os fios, a relva e o navio. O John Green conseguiu falar de perda, de dor, de magoa, de relacionamentos e sobre como entender o outro com tantas metáforas incríveis e profundas que eu, sinceramente, acho que vou precisar ler mais vezes para entender tudo o que ele quis passar com elas. E, sério, tem muito mais, ele aborda tanta coisa, faz tantos questionamentos que é difícil expor tudo para vocês - principalmente sem que vocês conheçam as metáforas.

E, melhor, tudo isso é intercalado com passagens engraçadas e descontraídas. O John Green consegue reproduzir as conversas e os pensamentos dos adolescentes com um propriedade incrível. É tudo tão real que você consegue facilmente se ver no lugar dos personagens. Aqui entram os melhores amigos do Q, Ben e Radar, que trazem esse lado mais divertido para a estória. Apesar de secundários, eles são igualmente cativantes e muito engraçados. As conversas dos três são muito "conversa de meninos" sabe?, e toda a viagem de carro - que dura alguns capítulos - é hilária. Sério, é muito engraçado, tanto que dá uma vontade louca de estar lá com eles. Só uma dica, não leiam esse livro em lugares onde você pode se envergonhar, eu paguei mico na aula por causa das risadas. 

Quanto a narrativa não tenho muito o que comentar, a escrita do John Green é deliciosa e o clima de investigação deu uma dinâmica muito legal para a estória. Só demorei um pouco mais para terminar a leitura porque fiquei enrolando para o livro não acabar, confesso, mas acho que esse não é um livro para se ler com pressa. Precisa de tempo para entender e absorver as reflexões e metáforas presentes nele, então tenham isso em mente se forem ler. 

Acho que eu não consegui passar metade do que é o livro para vocês, porque o grande potencial nele são, como já citei, os pensamentos, as reflexões e metáforas e isso só lendo você consegue entender (Não posso nem explicar o título). Só posso dizer que, como todos os livros do John Green, é incrível e mais que vale a pena. Ele faz um questionamento interessante sobre se nós realmente conhecemos as pessoas, se podemos entendê-las de verdade e se temos o poder de julgá-las. Cada vez mais me surpreendo em como o autor consegue entender os adolescentes e passar as dúvidas e os obstáculos dessa época da vida para o papel. É um livro engraçado e apaixonante e que cortou meu coração quando chegou ao final. Eu queria muito mais. Eu quero mais John Green, e agora que eu já li tudo que o autor publicou, só me resta contar os dias para o próximo. Cidades de Papel é indispensável para quem é fã do autor e um bom começo para quem ainda não leu nada dele por que, sério, o que você está fazendo da sua vida se ainda não leu John Green? 
O erro fundamental que sempre cometi - e ao qual, sejamos justos, ela sempre me conduziu - era este: Margo não era um milagre. Não era uma aventura. Nem uma coisa sofisticada e preciosa. Ela era uma garota.
É muito difícil ir embora - até você ir embora de fato. E então ir embora se torna simplesmente a coisa mais fácil do mundo. 
Mas as coisas vão acontecendo... as pessoas se vão, ou deixam de nos amar, ou não nos entendem, ou nós não as entendemos... e nós perdemos, erramos, magoamos uns aos outros. E o navio começa a rachar em determinados lugares. E então, quando o navio racha, o final é inevitável. (...) Mas ainda há um momento entre o momento em que as rachaduras começam a se abrir e o momento em que nós rompemos por completo. E é nesse intervalo que conseguimos enxergar uns aos outros. 

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6 comentários

  1. Eu gosto muito de Jonh Green, mas infelizmente ainda só li A Culpa é Das Estrelas.. Tenho que ver se começo a ler mais livros dele...
    Adorei a resenha.. :D

    Diário da Chris

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  2. Pronto... precisando ler urgentemente!!!

    http://achadosnaestante.blogspot.com.br/

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  3. Eu adoro esse livro do John! É diferente dos outros e escrito de uma forma maravilhosa.

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  4. O único livro de John Green que eu li foi A Culpa é das Estrelas e não me cativou muito. Entretanto li algumas resenhas de Will & Will que me tiraram completamente a vontade de ler algo mais do autor. Mas esse livro com esta resenha me deixou intrigada. Talvez dê uma nova chance :)
    www.fofocas-literarias.blogspot.pt

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  5. Adoro a forma como ele escreve e estava agora memso rpocurando esse livro pra comprar pela internet *--*
    Adorei seu blog, estou seguindo aqui.
    Tem twitter ? segue o blog lá @torresaamanda
    beijos
    barradosno-baile.blogspot.com

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  6. Eu acho q John não é p/ mim, já tentei começar a ler os outros livros dele e sei lá, não me ganham, não consigo ver td isso q falam dele. Talvez seja pq todos o colocam em alta conta e qdo começo a ler sinto q é bem o que já vi, aí acabo me desanimando.
    Vou tentar ler esse pq a sinopse parece ser mais promissa.

    Andy_Mon Petit Poison

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