Resenha: O Céu Está Em Todo Lugar por Jandy Nelson

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Sinopse: Lennie Walker, de dezessete anos de idade, gasta seu tempo de forma segura e feliz às sombras de sua irmã mais velha, Bailey. Mas quando Bailey morre abruptamente, Lennie é catapultada para o centro do palco de sua própria vida – e, apesar de sua inexistente história com os meninos, inesperadamente se encontra lutando para equilibrar dois. Toby era o namorado de Bailey, cujos sentimentos de tristeza Lennie também sente. Joe é o garoto novo da cidade, com um sorriso quase mágico. Um garoto a tira da tristeza, o outro se consola com ela. Mas os dois não podem colidir sem que o mundo de Lennie exploda…

Título: O Céu Está Em Todo Lugar
Autor(a): Jandy Nelson
Páginas: 420
Editora: Novo Conceito
Avaliação: 3,5/5 

Poderia resumir esse livro em três palavras: triste, sincero e lindo. Ele trata da pior situação que existe que é perder pra sempre alguém que se ama muito e todas as consequências que isso traz, como lidar e superar a perda e, por isso, não tem como não se sentir tocada quanto um assunto tão delicado é tratado de uma forma tão poética como fez Jandy Nelson


Lennie e sua irmã, Bailey, sempre viveram com sua avó e seu tio já que a mãe delas sumiu no mundo quando ainda eram muito pequenas e, por causa disso, as duas criaram um relação muito forte e quanto Lennie perde a irmã de forma tão de repente, ela se vê perdida em um mundo sem sua melhor amiga e irmã, de quem ele sempre dependeu para viver, onde, aparentemente, ninguém entende sua perda exceto o ex namorado de sua irmã, Toby.
Quando estão juntos é como se ambos sentissem a presença de Bailey e a dor diminuísse, o que faz nascer entre os dois uma estranha relação de atração e culpa. Relação que fica ainda mais estranha quando ela conhece e - aos poucos - se apaixona por Joe, o garoto novo na cidade que é cheio de alegria incomum e, como nunca conheceu sua irmã, não desperta em Lennie lembranças tristes de sua irmã e faz com que ela esqueça, por alguns momentos, a falta que ela sente. E no meio de todos esses pensamentos e sentimentos confusos ela tem que aprender a viver sem a sua irmã sem culpa, se deixando até mesmo se entregar ao amor.  

Primeiro preciso dizer que não suporto personagens, tanto femininos e masculinos, que ficam entre duas pessoas - odeio mesmo -, mas com Lennie é diferente. Ela está tão confusa e perdida que a gente entende o porque dela se envolver com Toby, mesmo se sentindo culpada e estando apaixonada por Joe. É difícil explicar, como ela mesmo diz em várias passagens nos livros, porque mesmo que eu nunca tenha perdido alguém tão próximo de mim, posso imaginar o tamanho da dor que isso traz e que cada um acha a sua forma de se consolar, mesmo que ela pareça louca e sem sentido, até mesmo imoral. Por isso, antes de tudo, não tenha uma visão errada de Lennie e Toby, ela não se envolveu com ele por ciúmes da irmã e nem agiu como uma vadia, foi somente a forma que ambos encontraram de achar conforto em uma situação desesperadora. 

Lennie é uma garota que nunca realmente viveu por si mesma, sempre vivenciava experiências pelas coisas que sua irmã fazia, sempre muito apaixonada por livros e por música. Não tem como não identificar com a personagem com todas as sitações dela aos seus livros preferidos, principalmente O Morro dos Ventos Uivantes. Além disso ela adora escrever, principalmente, quando precisa desabafar e por isso o livro é cheio de poemas e pequenas conversas dela com Bailey nos mais diversos lugares: guardanapos, papéis de bala, árvores, copos descartáveis, partituras, contracapa de livros e até paredes. Esses pequenos detalhes torna ainda mais íntima e poética a leitura, faz a gente entender ainda mais o que se passa no coração da personagem e a sua relação com a irmã. Outra coisa que eu gostei muito na Lennie é que ela é extremamente real, ela erra, sofre e tem dúvidas e mais dúvidas como qualquer adolescente que passaria pelo o que ela estava passando, é tudo tão crível que me fez questionar se a própria autora já passou por alguma situação parecida na vida. Outros personagens que merece destaque é o Joe, ele é tão fofo e cheio de vida que não tem como não se apaixonar por ele, e a família de Lennie que além de cativar demais ainda tem um importante papel em toda a estória. 

É evidente que é um livro triste, mas não é apelativo. O ponto que a autora quis tratar não foi a perda e a morte em si, foi como lidar com isso depois que acontece e as cicatrizes que deixa. Como superar viver sem alguém que significava tudo pra você, o medo e como ser feliz sabendo que esse direito foi negado a outra pessoa. É um assunto delicado e que mexe profundamente com quem lê, e esse talvez seja o ponto mais positivo do livro. É realmente um desperdício quando a gente termina de ler alguma coisa e isso não acrescenta nada na nossa vida e estórias como essa talvez um dia sejam valiosas se tivermos a infelicidade de passar por uma situação parecida, de alguma forma isso te dá alguma experiência. 

A diagramação do livro é linda, tanto pela fonte, quanto pelas imagens dos textos que a Lennie escreve e joga fora - que eu já falei para vocês - e pela capa lindíssima. A narrativa da autora me surpreendeu, principalmente pela facilidade e simplicidade que ela passa para nós toda a confusão, sentimentos e dor da personagem, além de fazer isso de uma forma poética.

O Céu Está em Todo Lugar não é livro excepcional, mas é lindo da sua própria forma e é uma daquelas estórias que vai te marcar para sempre. Com um final lindo, mostra que a gente pode conviver com a dor e até ser feliz e amar depois de uma grande perda. Um livro lindo e singelo, recomendo sem dúvida alguma.
Que tipo de mundo é este? O que fazer diante disso? O que fazer quando a pior coisa que pode ocorrer realmente acontece? Quando se recebe o telefonema? Quando se sente tanta falta da voz da irmã que o desejo é rasgar a casa ao meio, com as próprias unhas?
Entretanto, sei o que quis dizer com isso. Quis dizer que pressinto como a morte está por perto. Como nos espreita. E quem quer saber disso? Quem quer ter o conhecimento de que estamos a apenas um suspiro despreocupado da morte? Quem quer saber que a pessoa que você mais ama e de quem precisa pode simplesmente desaparecer para sempre?
Anos atrás, estava deitada no jardim da vovó e Big perguntou o que eu estava fazendo. Disse-lhe que olhava para o céu. Ele respondeu - Essa é uma concepção errada, Lennie, o céu está em todo lugar, começa aqui, aos nossos pés. Beijando Joe, acredito nisso, pela primeira vez na vida.

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4 comentários

  1. Oi Carol! Conheci seu blog em um comentário que você fez em um dos posts do blog da Pâm.
    Adorei sua resenha, você escreve muito bem.
    Várias pessoas me disseram pra ler esse livro e o tempo não me deixa, são tantos livros... rs
    Seu blog é lindo!
    Beijos,

    Gustavo Valim
    Jantando Livros
    http://jantandolivros.blogspot.com.br/

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  2. Já li algumas resenhas de pessoas que falam como você. Falam que não é um livro fabuloso mas compensa ler. Já está na minha lista do skoob!

    Bjs!
    http://newromantic.net

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  3. Gustavo, brigada pelos elogios. E sei como é, muito livro pra pouco tempo, haha

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  4. Amei a sua resenha amei o blog dicas fantásticas fiquei com vontade de ler vários livros se puder dar uma passadinha nesse http://apanhadordelivros.blogspot.com.br/

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