Resenha: Fragmentada por Teri Terry

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Sinopse: Kyla não deveria se lembrar de nada quando foi reiniciada. Mas segredos do seu passado atormentam sua mente. Presa em uma luta contra a opressão dos lordeiros, e ansiando por liberdade, Kyla vê seu passado e presente colidir de uma forma que ameaça sua vida. Enquanto sua busca desesperada por Ben continua, em quem ela poderá confiar em um mundo repleto de segredos e mentiras? O terceiro livro da série, ainda sem título em português, será lançado em 2014.
Título: Fragmentada - Reiniciados #2
Autor(a): Teri Terry
Páginas: 424
Editora: Farol Literário
Avaliação: 3,5/5

Contém spoilers do livro anterior
Reiniciados foi uma grande surpresa para mim, principalmente por causa do plano de fundo distópico incrível criado pela Teri Terry. Por esse motivo esperava muito de Fragmentada e, apesar do livro ser também muito bom, não mostrou a evolução que eu esperava.


Ter que se defender de Wayne foi um gatilho que trouxe tudo de volta. Kyla não podia ter o agredido tanto sem entrar em colapso, seu Nivo simplesmente não deveria mostrar sinais tão bons após o que aconteceu e, pior, ela não devia ter recebido todos esses pedaços de memórias de sua vida antes da Reiniciação. Mas, de uma hora para outra ela se lembra, se lembra que fragmentou um pedaço de si que se libertou assim que o gatilho para isso foi ativado. Mas isso não quer dizer que Kyla se lembrou de tudo, quando mais descobre sobre si mesma, mais perguntas sobre quem ela foi e o que aconteceu surgem. E ela acaba se vendo entre pessoas perigosas do seu passado, encurralada entre dois lados da verdade, duas versões de si mesma, sem saber em que confiar ou no que acreditar. E, além de tudo isso, ainda precisa lidar com o perigo que passa dentro de sua própria casa e encontrar Ben, estando ele vivo ou morto.


Um dos grandes diferenciais de Reiniciados é o fato de que a autora aposta muito mais no conflito interno dos personagens, no lugar da ação propriamente dita ela usa o suspense para criar um ar de tensão que permeia todo o livro. Toda a falta de conhecimento da Kyla, a dúvida em quem e no que confiar, o perigo iminente de que qualquer passo em falso pode custar sua vida, tudo isso gera esse sentimento de angustia que prende o leitor cada vez mais. E, mesmo eu gostando dessa característica da estória, esperava que em Fragmentada a autora evoluísse o enredo para algo mais dinâmico que faltou no primeiro livro, e, infelizmente, também não apareceu aqui.

Assim que comecei a leitura - e até os primeiros dois terços do livro - eu tive a sensação que estava ainda lendo o primeiro volume, porque, acima de tudo, não senti evolução na estória. Olhando para trás isso aparece até um pouco estranho porque foi nos revelado muita coisa nesse livro só que mesmo assim eu senti que o enredo ficou empacado, talvez porque no momento em que alguma questão era resolvida, mas dezenas de perguntas surgiam fazendo a personagem e o leitor voltar a estaca zero. 
Os últimos capítulos exemplificaram o que eu queria que tivesse acontecido durante todo o livro, eles foram dinâmicos, incorporaram suspense, ação e drama. Só nessas poucas páginas foram reveladas muitas coisas, fazendo que a estória cresce e evoluísse, além de conseguir também, pela primeira vez nesse livro, me emocionar - não me levando as lágrimas uma, mas três vezes seguidas. E o que eu queria e esperava era que esse fosse o clima do livro todo porque a Teri Terry tinha uma estória mais que propícia para isso. 



Como disse na resenha de Reiniciados, o que mais me surpreendeu e fascinou foi o mundo distópico criado pela autora, a sua relação extremamente crível com o mundo atual e todas as explicações coerentes e intrigantes que ela criou para explicar esse seu mundo. E isso continua em Fragmentada

Eu achei simplesmente genial a explicação da Teri Terry sobre o que aconteceu com a Kyla, desde o que a levou para ser Reiniciada até o que é a fragmentação de uma personalidade e como isso aconteceu com a personagem. Eu não me canso de dar os créditos a imaginação da autora e a maestria dela em criar uma realidade tão bem pensada, bem fundamentada, intrigante e crível. 



É difícil falar sobre a Kyla nesse livro porque, por mais impossível que pareça, a personagem está mais perdida e confusa do que nunca. Agora que ela está oscilando entre as três personalidades diferentes que a compõe, as três pessoas diferentes que ela é, a Kyla não sabe mais quais são suas crenças, suas motivações ou em quem confiar. Isso faz ela inconstante, tomando decisões controvérsias, e manipulável, já que no meio de todas suas dúvidas ela acaba não enxergando o que está bem debaixo de seu nariz. 

Mas não interpretem isso errado, eu compreendo a personagem e entendo o porquê dela ter agido dessa forma, na realidade acho na situação em que estava não tinha como ser diferente, mas isso não me impede de me irritar com ela e querer gritar para ela ver logo o que estava tão óbvio para mim. 
Queria poder dizer mais sobre os novos personagens, porém sinto que o pouco que eu disser já vai ser revelador de mais, então vou me limitar a dizer que o Nico despertou em mim um ódio gigantesco e que o Katran foi uma das minhas maiores surpresas.



A narrativa da Teri Terry continua simples e fluída, fazendo a leitura ser fácil e gostosa. Nesse segundo livro eu fiquei ainda mais fascinada com a forma pela qual ela consegue encaixar nos momentos certos as cenas, nada é por acaso nesse livro e cada inserção de cena é proposital. A cena mais insignificante vai acabar sendo o começo de uma grande coisa, os maiores exemplos são os sonhos da personagem que sempre parecem aleatórios, mas cada um tem uma importância crucial para o desenvolvimento do enredo. 

A edição do livro está caprichada, as folhas amareladas e a fonte grande facilitam demais a leitura e encontrei apenas alguns poucos erros de pontuação, principalmente nos diálogos, mas nada que incomode. A capa desse segundo livro é ainda mais linda do que do primeiro e não há agradecimentos suficientes a Farol Literário por ter mantido as capas originais, elas ficam linda de morrer na estante.



Não posso negar que fiquei um pouco decepcionada com Fragmentada, a estória tem um potencial imenso e sinto que ele não está sendo totalmente aproveitado, mas isso não quer dizer que não seja um bom livro. Mesmo com suas falhas, esse segundo volume ainda traz as melhores características de Reiniciados e depois do seu final incrível e desolador eu não faço ideia de qual vai ser o rumo que a estória vai seguir no seu terceiro e último livro. Só nos resta esperar e torcer para que evolução que eu tanto esperava para esse segundo volume aconteça no próximo. 




* Livro cedido pela editora para a resenha. 

Ben. Sussurro seu nome, mas ele não pode responder. A dor me arrebata. Me esmaga. Me parte em um milhão de pedaços. (...) É como uma cirurgia sem anestesia: o golpe de uma lâmina , lá no fundo.
Ver o que assusta você e entender seu significado não diminui o terror. Ele ainda tem o poder de partir seu coração, diversas vezes. 
Em algum lugar dentro de mim há um pequeno brilho, um sentimento. É quente e estranho, e eu o seguro, o abraço apertado. É a esperança.

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